1/18/2015

Meu celular, minha vida


 Elson Araújo

Não faz muito tempo, só rico ou remediado tinha telefone em casa.  Tanto era  o valor  que ao adquirir uma linha o cidadão ou cidadã,  tornava-se acionista da então  Telebrás. Foi no Governo de FHC que telefone deixou de ser símbolo de luxo, e hoje se pode dizer que todos os brasileiros  têm  acesso a uma linha telefônica, principalmente a móvel,  que a cada dia ganha importância. Uma verdadeira revolução.

Ao que era tão somente  um implemento  de comunicação à distância  foram  agregadas  novas tecnologias de comunicação. Hoje, como é notório, não só se ouve, mas pode se ver, em tempo real o interlocutor, ou se não quiser, pode-se simplesmente digitar o que quer que o outro ou grupo  leia e  ilustrar a conversa com fotos e vídeos.

Esses aparelhinhos com seus agregados aplicativos provocam hoje uma verdadeira revolução comportamental no comércio, na indústria e na educação, contudo, como toda inovação, apresenta o lado positivo e o negativo.

Ao positivo se agrega a velocidade da informação e seus desdobramentos.   Ao negativo, e esse já pode ser fortemente sentido,  se juntam  um “ novo modelo” de comunicação interpessoal  e o  valor  “sentimental”  que as pessoas passaram  a ter por  esses aparelhos.  Tem gente que passou  “a depositar  toda a vida no celular. Senhas, fotos permitidas e  proibidas,  mensagens, vídeos domésticos, contatos comerciais e anotações das mais diversas. Para alguns,  mais do que falar e ouvir,  o brinquedo se tornou  uma peça de primeira necessidade.

Na semana que passou dois episódios tendo o celular como “personagem”   me chamaram a atenção e  denotam  fortemente o lugar que  esse  bichinho   passou ocupar  hoje na vida das pessoas:  

Primeiro episódio- Aos prantos, para não falar em desespero,  uma mulher vai  a um  programa  de radio da cidade,  implorar que o mala que furtou seu aparelho  o devolva  “ porque ali estava toda sua vida”.   Inconformada a chorosa  pedia pelo amor de Deus que devolvessem  o equipamento não pelo valor do bem, mas   pelas informações que  ali acumulara  desde  a aquisição do equipamento.

Segundo episódio- Em  pleno centro da cidade  um  garoto distraído com uma conversa no aplicativo whatsApp levou um susto ao ser surpreendido por um automóvel  no  atravessar de uma rua.  Tanto ele quanto o celular caíram. 

O motorista parou, desceu do carro e encontrou o garoto aos berros chamando a atenção de diversos curiosos, diga-se de passagem,  já com as câmeras dos celulares  ligadas para gravar  o acidente. Ao se aproximar do menino descobriu-se que toda gritaria não era pelo leve machucado,  mas pelo celular que tinha quebrado.

“Quero saber quem vai pagar meu celular” gritava  o menino  que nem  de longe  estava incomodado  com a raladura que deixou o cotovelo “ em carne viva”.

Há muitos outros exemplos, como a da mulher que na semana passada foi agredida pelo marido. Entretida com a  conversa com um amigo esqueceu de apanhar  o filho na escola.

A coisa mudou e muito! Antigamente quando ocorria um acidente a preocupação maior era com o socorro da vítima, hoje é com a captura da melhor imagem para postar na grande rede e ganhar curtidas.  

O celular alterou até mesmo  o tempo  de permanência no banheiro. Ficou mais demorada. Nada de Veja, Carta Capital, Playboy, Caros Amigos, Isto é ou,   O Progresso,  o companheiro agora  nos  momentos de entronização é o danado do celular.  Quem tiver apertado que trate de esperar para fazer a mesma coisa.

É fato que o celular e seus aplicativos mil tornaram-se fundamentais no mundo moderno uma vez que se incorporou ao cotidiano das pessoas, contudo, é preciso que “domemos” nossos modos no sentido de lidar com essa maravilha tecnológica e a não permitir que esse ganhe a importância e o espaço tamanho que venha interferir e a provocar danos, sobretudo, nas relações familiares e sociais.

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