Roberto Rocha, senador da República
Cada diagnóstico que se publica sobre
o Maranhão realça o tamanho do desafio que nós maranhenses teremos que
enfrentar para colocar o Estado numa trajetória virtuosa de desenvolvimento
sustentável.
Recentemente o Tribunal de Contas da
União –TCU realizou um tremendo esforço de compilação de dados das auditorias
feitas pelas suas Secretarias de Controle Externo, em cada um dos nove estados
nordestinos, com o objetivo de apontar os principais problemas e desafios da
Região.
Esse repertório de desafios
identificados no estudo foi associado aos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), que constam da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas
(ONU). O resultado foi um opulento estudo que fornece um diagnóstico,
disponibilizado para os governos aperfeiçoarem suas políticas públicas.
Buscou-se, como fez a ONU, projetar
um olhar até o ano de 2030, portanto daqui a 12 anos, o que não é um horizonte
tão longo. Pelo menos não deveria ser, para quem tem responsabilidades e
compromisso com o povo.
No caso do Maranhão, o TCU mapeou os
índices sociais, destacando que somos o Estado com a menor renda per capita do
país, muito abaixo da média nordestina e inferior à metade da média nacional.
Justo o Maranhão, o Estado que Celso Furtado dizia ser “o Paraná do Nordeste”,
tamanhas suas vantagens naturais frente a nossos vizinhos. Temos água em
abundância, temos terras férteis, temos energia, ventos, sol o ano todo. O que
nos falta?
O TCU dá uma pista quando conclui, em
seu relatório que “O Estado do Maranhão não dispõe de plano estratégico de
desenvolvimento com visão de longo prazo”.
Dito assim, com todas as letras, pelo
Tribunal de Contas da União, coincidentemente presidido por um maranhense. Como
definir prioridades, como consolidar políticas, como dar garantias a
investidores se não se sabe que rumo tomar? Infelizmente nossa cultura política
teima em olhar pelo retrovisor e não é capaz de formular consensos mínimos com
o olhar no para-brisa.
O TCU deu um passo importante ao
reconhecer nossas deficiências, ao ir muito além de sua responsabilidade de
avaliar a conformidade e a legalidade dos gastos, buscando também enxergar a
sua qualidade. E talvez seja o caso de incluir como um valor dessa qualidade a
capacidade de projetar os efeitos desse gasto para o futuro. Olhar para a
frente, para não ficar refém do passado.