10/06/2010

Costa, historicamente de costas para o interior

Elson Araújo

Historicamente a Costa sempre esteve “de costas” para o interior. O sentimento de abandono da parte interna do Maranhão "é sentido" há mais de cinco séculos. Ao longo dos anos o sul e sudoeste do Estado têm sido uma voz ativa desse sentimento tanto, que tal inquietação, há duzentos anos, fez com que se pensasse na criação da “República dos Pastos Bons” que conforme a história dessa região, chegou a ter até manifesto. Foi, a partir desse movimento, que houve a semeadura de uma divisão do Maranhão com o surgimento de um novo Estado, sonhado e anos depois batizado de Maranhão do Sul.

A palavra chave para esse sentimento latente de rebeldia desse lado do Estado em relação ao poder central, em São Luís, é abandono/ desprezo.

Imperatriz e a região sempre tiveram menos do que mereciam. Se não fosse o trabalho pioneiro dos bravos de várias partes do Brasil e do mundo que acreditaram na força dessa terra, a região não seria o que é hoje: um grande centro de prestação de serviço, pólos guseiro, educacional e agropecuário e que hoje atrai investidores dos mais diversos ramos de negócios que enchem de esperança o povo da nossa terra.

A dívida do Governo do Estado para com o interior e notadamente Imperatriz e região é astronômica. Parte da elite política da capital parece ter realmente desprezo pelo nosso povo, nossa gente.

Em recente opinião emitida em seu blog, o jornalista Marcos D’eça , do jornal o Estado do Maranhão (Sistema Mirante), deixou “vazar” esse sentimento: ao escrever, se referindo ao resultado da eleição, ele disse: “nessa eleição foram derrubados mitos, um deles da importância que “passaram a dar a Imperatriz no contexto eleitoral do Maranhão (...) a influência daquela cidade não altera em nada o resultado das eleições no estado (...) Isto também deve ser observado pelos líderes do governo, que se deixam submeter às pressões tocantinas, que quer o bônus de ser Maranhão, mas não assume o ônus de ser maranhense.”

Nada mais do que revelador o que escreveu o jornalista costeiro tanto que, quem tem tido acesso ao referido texto tem se posicionado. O professor, consultor e blogueiro Samuel Souza assim reagiu:

“O posicionamento de Marco D´Eça é preocupante, pois ele é do seio da família Sarney, é ouvido e consultado pelo grupo, logo tem poder de influência e sua opinião pesa. Sua opinião também sintetiza a visão de alguns profissionais da imprensa e agentes políticos de São Luís para com nossa região, esta forma de ignorar o potencial daqui e sua genuína importância.

Até mesmo o executivo Alan Neto, que comanda o Sistema Mirante, em Imperatriz, reagiu negativamente ao que escreveu Marcos D’eça.

“Gostaria de registrar que a região tocantina e, em especial Imperatiz é sim muito importante do ponto de vista socioeconômico e também politicamente. E, sei que a governadora sabe disso, essa situação eleitoral que ela vive em Imperatriz desde a eleição passada se deve a vários fatores, principalmente às pessoas que a representavam na região que não souberam passar a ela os anseios e desejos desse povo empreendedor, generoso e acolhedor”, reagiu o executivo.

Daqui pra frente, não precisaria escrever mais nada. Quem tiver a oportunidade de ler esse texto chegará à mesma conclusão acerca do resultado da última eleição em Imperatriz e região: o sentimento, repito, de abandono e desprezo por parte da elite política que comanda, com olhos para o mar, o destino do Maranhão.

Fica aqui, para que o texto não fique longo e enfadonho, uma última reflexão: a cidade é um organismo vivo, portanto, tem sentimento. Chora, ri, comemora, protesta e grita! Diz sim e sabe dizer não e, como todo organismo, deseja, sobretudo, ser bem tratada, bem cuidada. Imperatriz É justa e sabe conspirar a favor de quem a protege.

Postagem em destaque

Salário de concurso público aberto chega a R$ 27,5 mil no ES

--> Salário é para as 50 vagas para juiz do Tribunal Regional Federal. Outros dois concursos estão abertos com salários de até R$ ...