O Globo
A mais recente
pesquisa internacional sobre Educação reforça a necessidade de o Brasil
recalibrar seus esforços na área. Agora, trata-se do relatório mundial da
Unesco (Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura), em que duas centenas
de países são monitorados com referência a metas pré-acordadas em 2000 para
serem atingidas até 2015.
O relatório
divulgado esta semana pela Unesco indica a quase impossibilidade de o Brasil
chegar aos objetivos até o ano que vem: 80% das crianças na pré-escola; 97%
delas matriculadas nos anos iniciais do ensino fundamental; 97% na fase final
deste ciclo; reduzir para a metade a taxa de analfabetismo na faixa de 15 anos
ou mais (6,45%, a meta); garantir igualdade de gênero, meninos e meninas, na
educação.
Com base em dados
de 2011 e 2012, a Unesco faz um diagnóstico pessimista para o Brasil. Por sua
vez, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do MEC,
discorda, por entender que pelo menos três das cinco metas serão atingidas
(acesso à pré-escola, período inicial do ensino fundamental e equipação nos
gêneros).
Pode até ser, mas a
situação continua desconfortável, para se dizer o mínimo. Com o destaque
negativo especial da persistência do analfabetismo na população de jovens e
adultos.
No fim do ano
passado, foi a vez do teste internacional Pisa, para estudantes de 15 anos de
idade, aplicado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), em que se reúnem os países mais avançados, inclusive o Brasil.
Obtiveram-se bons
resultados: o país foi o segundo que mais incluiu na rede de ensino adolescentes
com 15 anos. Houve, ainda, substancial queda na taxa de repetência e na
distorção idade/série, no ensino médio: de 51,1% para 31,1%. O Brasil, foi,
ainda, onde os alunos mais avançaram em Matemática.
Ainda assim, no
Pisa, o país se mantém, numa relação de 66 países, entre os dez últimos lugares
(desta vez, 58º). Consolida-se a ideia de que, se o Brasil tem avançado, as
conquistas se dão de forma lenta. Parece, portanto, correto o diagnóstico de
que poder público e sociedade, já tendo sido consensualizada a necessidade de a
Educação ter prioridade no país, precisam fazer mais. Não necessariamente em
quantidade, mas qualidade.
Incluída no Plano
Nacional de Educação a meta de se destinar 10% do PIB para o setor — dobrar,
portanto, a proporção atual, em dez anos — , ganha extrema relevância discutir
como gastar este dinheiro. Onde, de que forma, quais os mecanismos de controle
dos gastos e aferição dos resultados, assim por diante. É crucial evitar o
conhecido equívoco brasileiro de considerar que todo problema tem uma única
solução definitiva: mais dinheiro. Na própria Educação há exemplos que
desmentem a crença.