9/15/2023

TATAJUBA PELA MÚSICA: Nesta sexta-feira, Erasmo Dibell “conversa com Washington Brasil” no palco do Centro Cultural Tatajuba

 

Para o cantor e compositor Erasmo Dibbel, o Centro Cultural Tatajuba, entre as múltiplas atividades de fomento a cultura, agora abre espaço para o Projeto Tatajuba pela música, que se propõe a promover a música autoral produzida pelos artistas regionais. Até janeiro de 2024 serão cinco edições, mas segundo ele, o projeto deve ser ampliado. A primeira edição é hoje, com entrada franca, a partir das 19h, no palco do CCT, e o primeiro convidado é o também cantor e compositor Washington Brasil.

 São dois poetas, dois grandes letristas/compositores, cantores que se juntam num projeto musical inédito em Imperatriz, promovido pelo Centro Cultural Tatajuba com o patrocínio do Instituto Cultural Vale (ITV) e apoio da Suzano, para uma espécie de “diálogo musical”.  

 Não se trata de um show dançante.  Conforme destaca Erasmo Dibbel, curador do evento, já que o público (limitado a cem pessoas) terá a oportunidade de presenciar um diálogo musical intimista, onde será possível viajar pelos acordes de canções autorais dos artistas, algumas inéditas, e que marcaram e pontuam caminhada artística de ambos.

 Nesta entrevista Erasmo fala um pouco do mais que que será apresentado nesta sexta-feira às 19h no Centro Cultural Tatajuba

 Pergunta- O fato do Centro Cultural Tatajuba incluir esse projeto no cardápio do mês de setembro te deixa animado, no quesito da promoção da música maranhense?

 A vinda do CCT para Imperatriz acabou nos trazendo alento.  Para mim, hoje ele  é uma espécie de salvaguarda para nossa movimentação artística, um espaço onde  nós,  fazedores  de arte,   podemos contar para desenvolver nosso trabalho autoral. Hoje, não vamos tocar, a não ser a música que produzimos. Espero, que, junto com a equipe do Tatajuba, realizar um show dentro da expectativa de todos que lá forem para nos prestigiar.  


 Pergunta- Você poderia ter convidado, para esta primeira edição, qualquer outro artista, entre os muitos da seara musical maranhense.  Há um motivo especial para ter convidado Washington Brasil?

 Faltava na cidade um espaço para trabalhar a música autoral.  Acompanho a luta do Washinton Brasil e vejo nele uma certa dificuldade, nessa coisa de poder mostrar seu trabalho autoral num espaço adequado, com som de qualidade, com uma plateia atenta. Acredito que todos irão gostar, já que ele é um compositor talentoso.  O Washinton merece essa atenção.  Assim, como merecem a Lena Garcia, o Zeca Tocantins, o Paulo Maciel, e o Henrique Guimarães, que serão os próximos convidados do Projeto Tatajuba pela música.  

 Pergunta- Erasmo e Washington são amigos há muito tempo , dessa amizade já saiu alguma composição? 

 Ainda não fizermos  um trabalho autoral juntos,  mas em  duas oportunidades  estive presente na gravação de músicas de autoria dele. Viração, no tempo do “Canta Imperatriz”  e recentemente  na música Filhos do Maranhão, músicas inclusas no repertório desta noite.

Sou um compositor solitário, mas não me escondo quando os parceiros aparecem com algum tipo de provocação musical  

 Pergunta-  O repertório já foi escolhido? 

 Cuidamos disso como muito carinho. Definimos por doze músicas, autorais, de cada um.  Entre elas, algumas inéditas.  O formato do show é intimista, com um certo cunho didático. Uma oportunidade ímpar e gratuita para o imperatrizense aprender um pouco mais sobre nossa música. 

 Pergunta- Como você espera que o público saia desse encontro música?

 Confesso-me ansioso, mas espero q um público bem a vontade, que aprecie o que vamos apresentar, e que saia do show com a certeza de que Imperatriz, e o Maranhão, produzem uma música de qualidade

 Pergunta- Que análise você faz dessa abertura para a valorização da arte promovida pelo Centro Cultural Tatajuba?

 Muito feliz com a abertura desse espaço que surgiu para valorizar nossa arte, uma vez que o Tatajuba já se tornou, em tão pouco tempo, um ponto de difusão da nossa cultura. Um espaço, onde o artista, de todas as áreas, pode se expressar

Pergunta- Além desse projeto há outros em andamento?

 Eu ainda estou me descobrindo, dentro dessa função de curadoria, mas sim, temos uns projetos que estou elencando, e que pretendo levar para a aprovação da coordenação do CCT.  Se nossas ideias casarem, e forem aprovadas, não tenha dúvida: vem muita coisa legal, no campo musical, pela frente.

9/03/2023

Preconceito e Injustiça

Não só o ser humano sofre preconceito. Alguns animais irracionais, por vários motivos, também são vítimas. Na crônica de hoje vou me ater ao pobre urubu. A princípio, quando se observa com atenção, logo se descobre que o animal não é feio.  O macho tem o porte grande e altivo, com envergadura de asas negras e brilhantes, que pode alcançar dois metros. As pernas são fortes e musculosas, possuem bicos longos e afiados. Já a fêmea, se difere pouco do macho. Difícil até divisar quem é quem, mas os biólogos dizem que ela tem um bico pouco mais fino, e a plumagem é mais opaca.

Fico aqui a imaginar: de onde tiraram essa história que o urubu é um pássaro feio?   Seria por causa das penas pretas? E se eles fossem coloridos como, por exemplo, o pavão, mesmo comendo carne podre, as pessoas continuariam a ter asco dele. É de se pensar, não é mesmo?  

É possível concluir que o urubu, ave encontrada em quase todas as regiões do planeta, além de vítima de preconceito, é um injustiçado; principalmente quando muita gente o associa a episódios ruins, ou agourentos. Veja, que lástima!   Ninguém anda fazendo poesia sobre urubu. Por favor, é preciso mudar essa visão!   

O Urubu até que, aqui e acolá, aparece numa estorinha infantil, mas a maioria das vezes associado a malandragem, como um esperto ou como um grande vilão. Lembram do Zeca Urubu, da turma do Pica-Pau? No animado ele aparece como preguiçoso, guloso e trapaceiro, que sempre tenta se dar bem às custas dos outros. De 1948, o desenho termina por aumentar a aura negativa que paira sobre esse bonito animal.

Ainda não conheço nenhuma estorinha na qual o urubu apareça como herói, mas tem uma história, aqui neste lado do País, na qual a ave aparece como heroína. Foi em Açailândia, nos anos 1990, e quem me ajudou a lembrar foi a hoje jornalista e psicóloga Silvana Silvestre, na época vereadora.

Foram os urubus que ajudaram a desvendar o escabroso Caso Célia. Um terrível crime de morte ocorrido naquela cidade. Quando não havia mais esperança de se encontrar o corpo da vítima, a então parlamentar sugeriu ao lendário delegado Zé do Capim. “Siga a pista dos Urubus”. E foi assim, que o corpo da mulher foi encontrado e o crime desvendado. A então delegada Radige Barbosa, também conhece essa história. Se não fosse eles, talvez o corpo não tivesse sido encontrado e o crime passaria longe de ser elucidado.

Há dias que ensaiava escrever essa espécie de desagravo ao Urubu, até porque é a ave símbolo do meu time do coração, o Flamengo, desde de 1969. Sabiam que a torcida do flamengo adotou o urubu foi como um símbolo de resistência contra o racismo?  A história é bonita, e merece uma crônica só para ela.

Sigamos, já para os finalmente do texto de hoje.


A partir da observação do comportamento do urubu, ali na nossa Beira Rio, e há muitos por lá, ele ganhou mais ainda meu respeito e admiração.  Perceberam que eles não bolem com ninguém? Estão sempre na deles. São aves sociais, que vivem em grandes grupos.  Quando aparecem, é para comer e passar um bom tempo em solo. Se falta alimentos, eles alçam voo e lá do alto, bem do alto, vão à caça. Imagino que enxergam bem, e assim como as águias, bem  longe. Mas as pessoas preferem dizer “fulano tem visão de águia” para se referir àquela pessoa que enxerga coisas, e oportunidades, melhor do que as normais, a “fulano tem visão de urubu”. Mais uma injustiça. Onde está a equidade?

O Urubu, se a gente raciocinar direitinho e passar vê-lo sobre um novo viés, tem uma importância extraordinária, assim como todos os outros seres da terra.  Com poucos predadores disponíveis, a não ser eventualmente a pedrada de um menino peralta, ou a maldade de um Snipe, de espingarda de chumbinho, a população de urubus só cresce, principalmente nas grandes cidades.

Vejam o primeiro sinal da sua importância!  Se eles estão se achegando às grandes cidades, é porque há escassez de alimentos no seu habitat, sinal de desmatamento ou de algum desequilíbrio ecológico.  E se nelas aparecem, o atrativo é a sujeira e a existência de carniça.  Olha aí, se é produzida sujeira orgânica e o poder público não limpa, eles aparecem no pedaço, fazem o serviço de limpeza e ainda ficam de buxo cheio. Um salve aos eficientes urubus!

Está claro que os urubus desempenham um papel importante no meio ambiente, e isso precisa ser respeitado. Em muitas culturas, infelizmente, ele ainda é associado à morte, destruição e mal agouro, talvez por se alimentarem de carcaça de animais mortos, no entanto, quando se observa o todo ambiente, essa visão associativa pode mudar para um simbolismo de vida, renovação, limpeza e resistência, assim como em 1969 percebeu a torcida do Flamengo ao adotá-lo como símbolo da luta contra o preconceito racial.

 

 

 

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