11/10/2010

Delegado é baleado e tem dedo decepado em ataque indigena: o outro lado da história.

A propósito do caso do delegado de Policia Civil que foi baleado e teve um dedo decepado por  índios da etnia Guajajara,  recebi email da ativista dos direitos indigenas Sônia Guajara,  com um texto assinado por Ana Lucia Corbani e subescrito pela Pastoral Indigenista de  Grajaú, com o outro lado da história. O texto também pode ser encontrado no site do Conselho Indigenista Missionário.  http://www.cimi.org.br/

O delegado  Edmar Gomes Cavalcanti, se recupera dos ferimentos em um dos hospitais de Imperatriz.

Na versão primeira o  delegado Edmar Gomes Cavalcanti, da regional de Barra do Corda, foi baleado por índios quando tentava passar pela Reserva Canabrava, localizada na BR-226 (entre as cidades de Grajaú e Barra do Corda), no início da noite deste domingo. De acordo com informações da Rádio Mirante AM, o delegado estava em uma motocicleta se deslocando para Grajaú quando foi abordado pelos indígenas.

Armados com facões, os índios obrigaram o delegado a abandonar o veículo e começaram a agredi-lo. Na confusão, os indígenas acabaram decepando um dos dedos do delgado Edmar Gomes Cavalcanti.

Foi então que o delegado conseguiu pegar sua arma e reagir. De acordo com as primeiras informações, cerca de cinco índios foram baleados pelo policial.

O outro lado

Ana Lucia Corbani

Um detalhe chama a atenção: na versão do delegado, foram os indígenas que iniciaram o confronto, ferindo-lhe a mão onde um dedo foi decepado... Uma versão estranha, pois o corte teria sido "a causa justa" que fez com que o policial sacasse sua arma e atirasse contra os indígenas. E na delegacia de Grajaú os policiais informaram que fora o próprio delegado que contou que os indígenas usaram arma de fogo depois que ele já havia atirado nos indígenas.

Não se sabe como nem quem socorreu os indígenas, que além de feridos estão presos. Segundo Erismar Timbira, membro da Equipe de Coordenação Técnica da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Barra do Corda, dois indígenas foram presos e levados à delegacia da cidade.

Na manhã de hoje, um deles foi liberado. O outro continua preso, porém com um grave ferimento na perna provocado pelas balas deferidas pelo policial. É urgente que ele receba atendimento médico necessário para não vir a perder a perna. Três indígenas, em estado mais grave, foram presos e levados, em seguida, para o Socorrão de Presidente Dutra, dois em estado grave.

Erismar Timbira informou também que os indígenas não procuraram a Funai para comunicar sua intenção e nem buscaram acercarem-se de algumas medidas de segurança. Contudo, ao saberem da intenção dos indígenas, de forma não oficial, tentaram convencê-los a buscar outra solução indo até São Luis para negociarem diretamente com os órgãos estaduais.

No momento, a rodovia naquela área continua sem movimentação de veículos. No entanto, não se sabe se está interditada pelos indígenas, ou se são os viajantes que estão cautelosos e inseguros de trafegarem pelo local após o conflito.

Este estado de coisas acontece exatamente após as eleições, quando a governadora Roseana Sarney anuncia o corte dos gastos e alega não ter dinheiro para honrar seu compromisso com os indígenas. Mais uma vez a governadora mostra para que veio. Enquanto isso recai sobre os indígenas, em mais este triste episódio, as conseqüências: críticas infundadas da mídia regional, não contextualizando os fatos e acirrando o ódio da sociedade não índia, pois omite o real motivo do protesto dos indígenas.

Terra Indígena

A Terra Indígena Cana Brava, mais especificamente o trecho dos 22 km que passa por dentro da terra, tem sido nos últimos anos palco de conflitos entre indígenas e não indígenas. O certo é que a gravidade e conseqüência dos mesmos chamam a atenção. Na maioria dos conflitos ali ocorridos são os indígenas as maiores vitimas, feridos e assassinados.

Mais de oito mil indígenas Guajajara moram na terra indígena Canabrava. A MA 226 foi construída na década de 40 e corta a terra ao meio, sentido Peritoró a Porto Franco ou Barra do Corda a Grajaú.





















Postagem em destaque

Salário de concurso público aberto chega a R$ 27,5 mil no ES

--> Salário é para as 50 vagas para juiz do Tribunal Regional Federal. Outros dois concursos estão abertos com salários de até R$ ...