Às 9h42 de ontem, G.T.M., de 17 anos, atravessou o portão da Escola
Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, São Paulo. Tinha em mãos um revólver
calibre 38. Ex-aluno, o rapaz começou imediatamente a atirar contra
um grupo de estudantes e funcionários na recepção. Era hora do lanche. Trinta
segundos após, cruzou o portão seu amigo, Luiz Henrique de Castro, 25, também
ex-aluno. Trazia besta, arco e flecha e uma machadinha. Golpeou corpos no chão
e se jogou contra quem tentava fugir. Eles já haviam matado o tio de um deles,
Jorge Antonio de Moraes, na locadora de carros da família. Foi de lá que
pegaram o automóvel que os levou. Dentro da escola, mataram a coordenadora pedagógica
e uma funcionária. No pátio, mais cinco alunos.
Os assassinos seguiram para o centro de línguas, onde alunos e
professora haviam se trancado. E então, no corredor, um deles voltou-se contra
o outro e o matou, cometendo suicídio na sequência. Em 15 minutos. (Estadão)
No Twitter, aluna da Escola Professor Raul Brasil, onde aconteceu o massacre,
relatou as cenas que
testemunhou na manhã de ontem.
Este é o 7º ataque do tipo ocorrido no Brasil. Durante toda
a quarta, internautas lembraram de outros tiroteios ocorridos em colégios, como
o de Columbine, nos EUA
(1999), o de Realengo, no Rio (2011), e o de Goiânia (2017). Com
ampla cobertura internacional,
o New York Times ressaltou que tiroteios em escolas não são
comuns no Brasil. Relembre outros casos semelhantes.
O crime de Suzano deixou extremamente agitados os dois
principais chans brasileiros. São fóruns frequentados por rapazes que guardam o
anonimato e falam num tom de extrema agressividade. Crimes como este, por lá,
são incentivados. “Quando esses caras depressivos, solitários, decidem se
matar”, conta um tuiteirofamiliar
com o ambiente, “seus coleguinhas nos chans usam um chavão: ‘se mate, mas leve
o gado junto.’” No ano passado, um dos frequentadores fez exatamente isto. Antes
de cometer suicídio, matou uma mulher que lhe negara as investidas.
É o maior massacre em escolas do
estado. O governador João Dorialamentou que
um fato como este “ocorra em nosso estado e nosso país”. Disse também que foi a
cena mais triste que viiu em toda sua vida.
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O tópico ‘Armas’ ficou na lista de assuntos mais comentados do Twitter Mundial, abrindo novamente a discussão sobre a flexibilização de armas de fogo. De um lado, apoiadores do presidente brasileiro argumentam que não se pode culpá-lo por tragédias envolvendo armas. De outro, críticos alegam que Jair Bolsonaro normatiza atos de violência ao fazer ‘gesto de arma com a mão’. O vice-presidente Hamilton Mourão ressaltou que “agora é necessário compreender por que têm ocorrido ataques a tiros em escolas brasileiras”. Para o general, a flexibilização da posse de armas, autorizada pelo presidente Jair Bolsonaro, não tem relação com a tragédia ( Folha)