Não faz muito tempo, só rico
ou remediado tinha telefone em casa.
Tanto era o valor que ao adquirir uma linha o cidadão ou cidadã,
tornava-se acionista da então Telebrás. Foi no Governo de FHC que telefone
deixou de ser símbolo de luxo, e hoje se pode dizer que todos os
brasileiros têm acesso a uma linha telefônica, principalmente
a móvel, que a cada dia ganha
importância. Uma verdadeira revolução.
Ao que era tão somente um implemento de comunicação à distância foram agregadas novas tecnologias de comunicação. Hoje, como
é notório, não só se ouve, mas pode se ver, em tempo real o interlocutor, ou se
não quiser, pode-se simplesmente digitar o que quer que o outro ou grupo leia e
ilustrar a conversa com fotos e vídeos.
Esses aparelhinhos com seus agregados aplicativos provocam hoje uma verdadeira revolução comportamental no comércio, na indústria e na educação, contudo, como toda inovação, apresenta o lado positivo e o negativo.
Ao positivo se agrega a
velocidade da informação e seus desdobramentos. Ao negativo, e esse já pode ser fortemente
sentido, se juntam um “ novo modelo” de comunicação
interpessoal e o valor
“sentimental” que as pessoas
passaram a ter por esses aparelhos. Tem gente que passou “a depositar
toda a vida no celular. Senhas, fotos permitidas e proibidas, mensagens, vídeos domésticos, contatos
comerciais e anotações das mais diversas. Para alguns, mais do que falar e ouvir, o brinquedo se tornou uma peça de primeira necessidade.
Na semana que passou dois
episódios tendo o celular como “personagem”
me chamaram a atenção e denotam fortemente o lugar que esse
bichinho passou ocupar hoje na vida das pessoas:
Primeiro
episódio- Aos prantos, para não falar em desespero, uma mulher vai a um programa de radio da cidade, implorar que o mala que furtou seu
aparelho o devolva “ porque ali estava toda sua vida”. Inconformada a chorosa pedia pelo amor de Deus que devolvessem o equipamento não pelo valor do bem, mas pelas
informações que ali acumulara desde
a aquisição do equipamento.
Segundo
episódio- Em pleno centro
da cidade um garoto distraído com uma conversa no
aplicativo whatsApp levou um susto ao ser surpreendido por um automóvel no atravessar de uma rua. Tanto ele quanto o celular caíram.
O motorista parou, desceu do
carro e encontrou o garoto aos berros chamando a atenção de diversos curiosos,
diga-se de passagem, já com as câmeras
dos celulares ligadas para gravar o acidente. Ao se aproximar do menino
descobriu-se que toda gritaria não era pelo leve machucado, mas pelo celular que tinha quebrado.
“Quero saber quem vai pagar
meu celular” gritava o menino que nem
de longe estava incomodado com a raladura que deixou o cotovelo “ em
carne viva”.
Há muitos outros exemplos,
como a da mulher que na semana passada foi agredida pelo marido. Entretida com
a conversa com um amigo esqueceu de
apanhar o filho na escola.
A coisa mudou e muito!
Antigamente quando ocorria um acidente a preocupação maior era com o socorro da
vítima, hoje é com a captura da melhor imagem para postar na grande rede e
ganhar curtidas.
O celular alterou até
mesmo o tempo de permanência no banheiro. Ficou mais
demorada. Nada de Veja, Carta Capital, Playboy, Caros Amigos, Isto é ou, O Progresso, o companheiro agora nos momentos de entronização é o danado do
celular. Quem tiver apertado que trate
de esperar para fazer a mesma coisa.
É fato que o celular e seus
aplicativos mil tornaram-se fundamentais no mundo moderno uma vez que se
incorporou ao cotidiano das pessoas, contudo, é preciso que “domemos” nossos
modos no sentido de lidar com essa maravilha tecnológica e a não permitir que
esse ganhe a importância e o espaço tamanho que venha interferir e a provocar
danos, sobretudo, nas relações familiares e sociais.