Desde que passei a ocupar regularmente um
espaço semanal nas páginas de O PROGRESSO que tento chamar atenção para a
necessidade de uma participação maior do cidadão imperatrizense na vida da
cidade. Não só o “viver cidadão” naquilo que preceitua a Constituição Federal,
que é “tirar o título de eleitor e votar”; defendo que é preciso mais do que
isso, uma vez que a sociedade brasileira exige uma interpretação extensiva do
conceito constitucional de cidadão; conceito esse que, no meu sentir, deve vir
junto ao conceito de envolvimento. Nessa interpretação, cidadania, certamente,
rima com envolvimento.
No exercício de
cidadania, participar é preciso. A participação e o envolvimento na vida da
cidade, seja nas lides partidárias ou nos clubes de serviços, ONGs,
entidades humanitárias e conselhos, entre outros, fortalecem a sociedade e suas
lutas e conferem maior substância ao poder popular, e com isso, a chance de uma
sociedade mais harmônica e com mais justiça social se torna infinitamente
maior.
Mesmo a cidade
carecendo ainda muito desse envolvimento popular, no dia a dia de Imperatriz
nos deparamos com diversos exemplos de boas “práticas cidadãs” decorrentes
dessa participação e envolvimento. Práticas simples que, se fossem seguidas ou
copiadas por outros, hoje estaríamos a viver numa cidade melhor e bem mais
organizada com cada um fazendo sua parte.
No dia 11 de
julho, de 2015 a Prefeitura, como parte das comemorações alusivas aos 163 anos de
fundação de Imperatriz, reconheceu publicamente, por meio da “Distinção Honrosa
Orgulho da Gente”, alguns desses exemplos. A Comunidade Anjo Gabriel (Nova Imperatriz)
é um deles. Cansada de lutar contra o crescimento de um lixão que
incomodava todos e enfeiava a rua, resolveu transformá-lo num jardim, hoje
florido e à vista de todos. Com vergonha, os sujões contumazes sumiram. Não
voltaram mais.
Outros exemplos
distinguidos pela Prefeitura foram a Companhia da Alegria e o Fórum das
Comunidades da Estrada do Arroz. O primeiro, saído da iniciativa de dois jovens
bem sucedidos, se dedica a levar alegria (espiritual) e assistência material
aos internos dos hospitais públicos da cidade; já a segunda, formada na sua
maioria por gente simples e do campo, se constitui numa trincheira de luta pelo
bem estar das comunidades da zona rural da cidade. Contudo, tem-se a
consciência que ainda é pouco para uma cidade, oficialmente, de quase 300 mil
habitantes.
Em Imperatriz os bons
exemplos, infelizmente, raramente são seguidos, enquanto os maus ainda
campeiam. Dia 10 de julho, a Prefeitura entregou para a população a Praça
Mary de Pinho. Moderna e bela, desde a inauguração se tornou o mais novo
point da cidade. Jovens, crianças, adultos ocuparam orgulhosamente aquele
espaço público, contudo, no dia seguinte, os seguidores dos maus exemplos já
tinham danificado alguns aparelhos (imediatamente reparados pelo poder público)
e usado como piscina o lindo chafariz do lugar.
Desde sua concepção
que a Praça Mary de Pinho se tornou motivo de debates nas redes sociais. Grande
parte dos internautas, embora destacando a beleza da obra, apostava que não
demoraria muito seria destruída pelos vândalos. Visível que esse sentimento se
distribui devido a situações precedentes e o pensamento torto de que o que
é público não é de ninguém e tem de ser destruído; um conceito que
os homens e mulheres de bem da cidade, associados ao poder público, precisam
enfrentar.
É fato que, como
diria o poeta inglês Jonh Donne, nenhum homem é uma ilha. Vivemos em
comunhão com os outros, não conseguimos viver sem interagir com nossos
semelhantes, com a comunidade, com as comunidades; com o ambiente, como um todo,
com a sociedade. Sociedade essa que exige um cidadão cada dia mais proativo,
que participe e contribua positivamente para melhorar os ambientes em que vive
e convive, e que exercite no seu labor diário práticas cidadãs que sirvam de
bons exemplos para as atuais e futuras gerações.
Propaguemos,
portanto, os bons exemplos, as boas práticas cidadãs.