Em Buriticupu, a “anomalia geológica” já engoliu mais de 50 imóveis e ameaça cortar a BR-222.
Distante 395 quilômetros da capital, e a 219 quilômetros de Imperatriz,
principal cidade da região tocantina maranhense, margeada pela BR 222, na área
de influência da Bacia Hidrográfica do Rio Pindaré, a cidade de Buriticupu vive
o drama de, aos olhos impotentes da população e a inércia do poder público, nos
seus três entes, ano a ano, ter seu território literalmente engolido por um
processo virulento e contínuo de erosão, já diagnosticado como do tipo voçoroca.
Pelo que a reportagem levantou esse tipo de erosão se caracteriza pela
formação de grandes buracos causados pela chuva em solos, geralmente, onde a
vegetação é escassa e não tem mais força para protegê-los.
Em um documentário disponibilizado nas redes sociais, com o objetivo de
chamar a atenção para o problema, o professor e escritor Isaias Neres conta que
Buriticupu hoje é sitiada por pelo menos 20 grandes erosões
que têm avançado, segundo ele, muito rápido vindo a causar um rastro de
destruição.
São falhas geológicas gigantescas. Isaias Neres conta que uma delas já chega a 500 metros de extensão, 80 de largura e 50 metros de profundidade.
O registro do professor revela que pelo menos 50 residências já foram engolidas, e outras estão sob ameaça.
Outro problema ambiental grave, ocasionado pelas erosões, é o
assoreamento dos riachos que cortam a cidade. Uma ameaça iminente para o
abastecimento d´água potável da cidade. Por enquanto o riacho mais
comprometido, segundo Isaias Neres, é o Cajazeira.
O professor Isaias informa que acidentes já são frequentes e que já foi
registrada pelo menos uma morte.
Além da destruição dos imóveis, o que inclui casas e terrenos,
Buriticupu corre o risco de ficar isolada. É que algumas dessas erosões avançam
na direção da BR-222, a famosa Açailândia/Santa Luzia.
Alguns moradores, com medo, não dormem mais. Outros, como o senhor João Batista, que mora na Vila Isaias, ameaçado de perder um patrimônio avaliado e mais de um milhão de reais, só conseguem dormir à custa de medicamentos, conforme relata no documentário produzido produzido pelo professor Isaias Neres.
Por telefone o advogado e corretor de seguros Francismar Bahia, que há
anos reside em Buriticupu, confirma as informações levantadas e
disponibilizadas pelo professor Izaias nas redes sociais. Ele conta que é
difícil mensurar os prejuízos causado até agora pelas erosões e que a situação
preocupa toda a cidade. O complicado, assinala Bahia, é que não possível
até o momento enxergar uma luz no fim do túnel.
“ Assistimos nossa cidade, o patrimônio e os sonhos de muita gente,
sendo engolidos e nada feito para conter esse fenômeno. Tenho um amigo
que tinha uma casa bem construída e que foi obrigado a abandoná-la Só tirou as
madeiras. Vive hoje de favor na casa da mãe dele. Nosso grito, é de socorro”, disse ele.
“Só a imprensa e as redes sociais para ecoar nosso grito de socorro. Sozinha,
sabemos que a prefeitura pode pouca coisa, mas se o Estado e o Governo Federal
nos ajudar, pode ser que surja pelo menos uma possibilidade para se resolver
essa situação” completou o técnico em eletricidade Adriano Freitas. Ele mora em
Imperatriz mas tem negócios em Buriticupu aonde vai pelo menos três vezes por
mês.
Não há um estudo conclusivo, mas esse drama vivido pela população de Buriticupu estaria conectado com o desmatamento predatório ocorrido ali, num passado não muito distante, quando a economia do lugar girava exclusivamente em torno da exploração da madeira. Além disso ainda tem o mau uso do solo.
Açailândia e Bom Jesus das Selvas, na mesma área de influência, também
acumulam, há décadas, prejuízos com o fenômeno das voçorocas, contudo a
situação mais grave é encontrada em Buriticupu.