Ao aguçarmos um pouco a atenção logo perceberemos que uma cidade é um organismo vivo. Tem “pulmão, artérias, veias, e coração; cabeça, tronco e membros. Também se emociona, se alegra e fica triste; chora e ri” e como todo organismo vivo, naturalmente precisa de cuidados, e esse cuidado tem de partir não só de quem a dirige, mas de quem dela faz uso, tira seu sustento, ganha seus dinheiros e nela vive.
O
jornalista Edimilson Sanches tem uma frase, que peço licença para usá-la, que é mais ou menos assim: “
Cidadão não é quem mora na cidade, mas quem deixa a cidade morar nele” .
Não
sei o que jornalista quis dizer na ocasião em que proferiu tão feliz frase, mas
ao nosso modo vamos tentar decifrar e ver no final no que vai dar.
Iniciemos
pelo verbo MORAR. Do latim, morar, significa
ficar, viver, viver habitualmente, residir habitar. Como se percebe, a palavra por si se explica,
se esclarece, se elucida. Feita essa inicial, passemos aos substantivos cidadão e cidade.
Existem
muitos conceitos sobre o que vem a ser cidade, mas na coluna de hoje, para uma
compreensão mais profunda preferimos pesquisar a origem etimológica da palavra
assim como já o fizemos com o verbo MORAR. Pois bem, encontramos que tal palavra vem do
latim CIVITA, que abriga vários significados entre eles: reunião de cidadãos,
nação, pátria, foro, direito de cidadão e povo da cidade.
O substantivo
CIDADÃO, de igual modo tem sua origem também em CIVITAS (cidade) porém, com um
significado mais abrangente, como por
exemplo, o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em
relação à sociedade em que vive. Forte, não é mesmo?
Historicamente
o conceito de CIDADÃO sempre esteve ligado à noção de direitos e foi enraizado
de tal maneira que muitos cidadãos esquecem que a mesma expressão abriga também
os deveres e obrigações com o ambiente em que vivem. Não basta morar, tem de
participar, cuidar, zelar.
Mais
voltemos à frase, origem dessas linhas. “Cidadão não é quem mora na cidade, mas,
quem deixa a cidade morar nele”. Embora não grafada, dela se extrai
mais um verbo que vem a se juntar ao MORAR e aos substantivos CIDADE E CIDADÃO:
trata-se do verbo CUIDAR que segundo se sabe vem do latim cogitare, que vem a
ser pensar, cogitar. Ter cuidados com uma situação ou pessoa, e que envolve
pensamento e planejamento.
Cuidar
lembra CUIDADO que segundo os clássicos da filologia deriva do latim cura o que
expressaria uma atitude de doação, preocupação e de inquietação por aquilo que
se ama. E é essa inquietação que nós
imperatrizenses precisamos ter e sentir. O cidadão não deve se encerrar apenas no
título mas numa posição permanente do amar, amar a cidade.
Compreendemos, portanto no
verbo CUIDAR, uma vez entronizado no ser social, um motivador, um indutor do cidadão,
e que deve ser conjugado durante toda nossa existência. Um verbo que se
confunde com a vida, com o viver.
Cuidar da saúde, do meio
ambiente, da família, das plantas; cuidar de quem e, do que se ama; da vida
espiritual, da empresa, das relações interpessoais, essas cada vez mais
difíceis, e cuidar da cidade onde moramos. Quem
ama de verdade, cuida de verdade. Que não ama, não cuida, só explora.
Imperatriz é esse organismo
vivo que ao longo dos anos tem sido muito explorada e pouco amada. Aqui e
acolá uma declaração de amor sem sabor, ou um gesto concreto isolado. Se navegar é preciso, como dizia o poeta, também
é preciso amar a cidade. Talvez tenha sido esse o sentido da frase do Sanches,
o do cidadão (CIVITA) amar a cidade (CIVITA) e, por conseguinte cuidar melhor
dela, amá-la.
Aliás, AMAR, outro
importante verbo, deve marchar sempre com o CUIDAR já que um completa o outro.