Ao fazer o convite para que assumisse o ministério
da Justiça, o presidente Jair Bolsonaro se comprometeu a indicar Sérgio Moro
para a primeira vaga que houver no Supremo Tribunal Federal. É o que revelou o
próprio Bolsonaro em entrevista, ontem pela manhã, ao jornalista Milton Neves,
da rádio Bandeirantes. “Fiz um compromisso com ele”, informou o presidente,
“porque abriu mão de 22 anos de magistratura.” Ouça. (Band)
O anúncio do acordo entre
presidente e ministro está diretamente relacionado à votação da medida
provisória da reforma administrativa. A MP tem prazo: se não tiver sido
aprovada pelas duas casas do Congresso até 3 de junho, cai — e toda estrutura
dos ministérios volta a ser como nos tempos de Michel Temer. Na quinta, a
comissão da Câmara que analisava o texto devolveu o Coaf ao
ministério da Economia, tirando-o de Moro. Sem o Coaf, que analisa transações
financeiras, os planos de combate à corrupção bancados pelo ex-juiz perde seus
dentes. (G1)
Ao colocar Moro no centro dos holofotes, Bolsonaro gerou preocupação entre
deputados do Centrão. Derrotar o ministro em transmissão ao vivo, tirando dele
o Coaf, pode se tornar um desgaste imenso. (Estadão)
Na sexta, o presidente
mencionou que espera um tsunami semana que
vem. Segundo a jornalista Délis Ortiz, é uma referência à votação da MP. Se não
for votada, a esplanada volta a ter 29 ministérios. (G1)
Carolina Brígido: “Ao anunciar o
nome de Sergio Moro para o Supremo um ano e seis meses antes da previsão da
próxima vaga na corte, Bolsonaro tenta fortalecer seu
ministro da Justiça em um momento difícil. Antes de aceitar a oferta de
comandar a pasta e deixar para trás 22 anos de magistratura, Moro e o então
presidente eleito negociaram dois pontos. Um deles seria o comando sobre o
Coaf. O outro, a possibilidade de tornar-se ministro do STF. Hoje, a escolha de
Moro para o STF pode ser um tiro no pé para o novo governo. Por lei, Moro
estaria impedido de atuar em processos sobre a Lava-Jato, já que julgou o caso
na primeira instância. Portanto, ele não votaria, por exemplo, no recurso de um
réu preso por ele mesmo.” (Globo)
Pois é… O pacote
anticorrupção patrocinado pela Lava Jato de Curitiba, que conta com o apoio de
Moro, não o permitiria ir
ao Supremo. Proíbe, lembra Bernardo Mello Branco, que o cargo seja ocupado por
quem tenha tido ‘mandato eletivo federal ou cargo de procurador-geral da
República, advogado-geral da União ou ministro de Estado’. (Globo)