7/24/2008

“O Bacuri vai ser curado”


Marta xavier, guarde bem esse nome, estudante de jornalismo do Campus II da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) desponta como um dos bons textos do Maranhão, e não é exagero, ela é boa mesmo. Na essência do que escreve a inquietação, o olhar crítico; o desejo eterno do universitário: mudar o mundo, torná-lo um pouquinho melhor. Abaixo um dos textos recente de Marta Xavier.

"O Bacuri vai ser curado"

É o anúncio de um panfleto produzido pela prefeitura, anunciando um projeto de transformação do Bacuri. É verdade que o Bacuri precisa de mudanças urgentes, assim como tantos outros bairros da cidade. É verdade que há um rio de doenças que corta a cidade, humilha, adoece e mata as crianças. É verdade que no verão, o Bacuri fede e no inverno inunda ruas e casas, e nesse período os hospitais transbordam de gente contaminada. E dizem: “O Bacuri precisa de cura”, mas isso não será possível sem a cura das mentes de políticos oportunistas.
Há um rio de promessas duvidosas, cujas águas fétidas levam um “projeto grandioso”, como posto de saúde, centro comunitário, posto policial, escola modelo e vida nova para os moradores do bairro.
Mas o projeto ainda é papel, e não podemos negar que os sonhos antes de se concretizarem passam pelos papéis, no entanto, os sonhos sonhados pela comunidade transformam-se em panfletos nas pré-campanhas eleitoreiras e nada mais além de panfletos.
Anúncio de obras, pedras fundamentais são lançadas e representam um fio de esperança para um futuro melhor na mente da população, mas isso só ocorre poucos meses antes do fim de mandatos. Contudo, não precisa ser um especialista em falcatruas políticas para saber do que se trata.
É claro que projetos de papéis, pedras que rolam, são meros trampolins para reeleição. No final de tudo, restam as pedras nos terrenos baldios ou sob construções inacabadas e meros papéis nas mãos da comunidade que tendem a continuar vivendo o drama da contaminação.
“O Bacuri é uma fábrica de doenças” e uma indústria de votos para a classe politiqueira. Por outro lado, infra-estrutura, direito à moradia, educação e saúde estão previstos no artigo 6º da Constituição. Mas como seriam as campanhas eleitorais, se estes poetas da política não pudessem fingir a dor do povo? Franzir a testa, falseando um olhar compungido e emocionadamente lançarem seus discursos ensaiados? Como seria se não pudessem culpar a gestão anterior pela miséria existente?
A quem prometeriam cessar a dor da fome, se não existissem crianças desnutridas? Saúde, se não existissem pacientes morrendo no Socorrão por conta de uma dor no joelho? Educação, se Imperatriz não fosse a segunda maior cidade do Maranhão com um índice altíssimo de analfabetos?
E quem precisa de cura, se a calamidade social é reflexo das atitudes dos representantes?

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