5/20/2011

Jovem de 16 anos desenvolve projeto contra o preconceito em Imperatriz

* Por Luana Barros

O foco da pesquisa são os portadores de Vitiligo

Ana Lourdes Pereira é uma jovem de 16 anos, que desenvolve um projeto científico em Imperatriz. Como estudante-pesquisadora, Ana tem contribuído para uma sociedade melhor, através da criação e desenvolvimento do Projeto "Vitiligo: preconceito e autoexclusão", ela divulga informações sobre a vida de portadores de vitiligo e diminui o preconceito da sociedade.

A idéia do projeto surgiu em março de 2010, em uma conversa informal com uma portadora da doença que trabalhava na escola onde Ana Lourdes estudava. Desde então, ela sentiu-se instigada a conhecer outros portadores, saber sua opinião sobre a doença e o preconceito que enfrentam.

A doença em questão, Vitiligo, se manifesta através de manchas na pele em decorrência da perda de produção das células responsáveis pela produção de melanina. Apesar de não oferecer nenhum perigo para a população, essas manchas causam um grande impacto visual, fato que torna o portador vítima do preconceito estético. Através do blog (www.projetovitilgo.com), a estudante divulga informações sobrea doença e as ações do projeto.

Sempre utilizando uma pulseira com as cores marrom, preto e bege; que ilustra a campanha "Eu uso a pulseira contra o preconceito!" criada por ela mesma, Ana Lourdes afirma que o objetivo é “conscientizar a população, inclusive os jovens, a usar a pulseira, simbolizando a luta do cidadão contra qualquer tipo de preconceito, principalmente aos portadores de vitiligo”.

Em março deste ano, o Projeto: "Vitiligo: preconceito e autoexclusão" participou da 9ª Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (FEBRACE - 2011) realizada pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e foi premiada com o certificado de reconhecimento pela relevância da pesquisa na área de psicologia pela empresa americana American Psycological Association.

Empolgada com o reconhecimento e os resultados do seu projeto, Ana Lourdes respondeu a algumas perguntas da nossa entrevista, em formato ping-pong:

1) (Luana Barros) Além dos objetivos citados, como diminuir o preconceito contra aos portadores de vitiligo e sua autoexclusão, qual outro objetivo da criação deste projeto?

(Ana Lourdes) Quero com os resultados do meu projeto, devolver ao portador de vitiligo, seu espaço na sociedade.

2) (Luana Barros) Como você vê a aceitação do seu projeto em Imperatriz?

(Ana Lourdes) A aceitação tem sido ampla. Tenho recebido muitos convites para apresentar o meu projeto em lugares diversificados. Entre eles, posso citar alguns programas de televisão; também fui convidada para dar palestras em escolas, públicas e particulares, e registrei meu trabalho em um jornal impresso da cidade, O Progresso.

3) (Luana) Para você, qual a importância da premiação recebida durante a 9º FEBRACE?

(Ana Lourdes) Essa premiação me encorajou a prosseguir com a pesquisa e me fez perceber que meu projeto é realmente importante não só para os portadores de vitiligo, mas também para toda a sociedade.

4) (Luana Barros) Quais suas expectativas para o futuro do projeto?

(Ana Lourdes) Continuar a pesquisar e transformar a nossa sociedade um lugar melhor de se viver e conviver.

5) (Luana Barros) Você tem percebido um aumento na valorização da pesquisa científica nas escolas?

(Ana Lourdes) Quando apresento o meu projeto, percebo que a aceitação da pesquisa científica é muito grande. Sinto a empolgação dos alunos vendo a minha pesquisa e sabendo que eles também podem ser estudantes pesquisadores. Em Imperatriz, falta incentivo das escolas. Muitas escolas, públicas e particulares, não dão à pesquisa científica a devida atenção. Não percebem que com a pesquisa científica, os alunos têm mais oportunidade de aprender e adquirir experiências maravilhosas.

6) (Luana Barros) De que maneira a profissão da sua mãe, professora, lhe influenciou?

(Ana Lourdes) Minha mãe sempre me achou capaz de realizar grandes coisas. Além de ser professora formadora do ensino fundamental menor, faz parte da Comissão de Ciências e Tecnologia de Imperatriz – COMCITEC, que é responsável pelos projetos científicos da rede municipal. A pesquisa científica foi só um de muitos investimentos educacionais que minha família me proporcionou.

7) (Luana Barros) Para você, qual o maior problema enfrentado por pessoas que tem vitiligo? E por quê?

(Ana Lourdes) A interação com pessoas que tem a doença me fez conhecer o seu lado da história. Sentir e pensar do seu jeito, para poder defendê-los e lutar por sua igualdade. O preconceito da sociedade é o maior problema enfrentado por eles. Porque as pessoas não sabem o que é realmente a doença e acabam discriminando os portadores.

8) (Luana Barros) O trabalho que desenvolve tem um viés social, além da perspectiva científica. De que forma, sua religião interferiu na escolha do tema do projeto?

(Ana Lourdes) Nasci em um lar cristão, faço parte da Igreja Batista Memorial em Imperatriz. Os evangélicos tem um papel solidário na sociedade, de ajudar ao próximo; por isso tenho em minha mente que meu projeto ajuda ao próximo, no caso, o portador de vitiligo a se sentir bem no espaço em que vive.

9) (Luana Barros) Com 16 anos, a maioria dos jovens estão preocupados com namoro, festas e às vezes envolvidos com drogas; o que você tem de diferente de todos eles? Quais seus sonhos como jovem?

(Ana Lourdes) O que me diferencia nesses interesses é Jesus Cristo, que me dá alegria suficiente sem precisar buscar em outros lugares. Sonhos? Tenho muitos. Apesar de meu projeto já ter sido reconhecido internacionalmente, pretendo abranger toda a nossa cidade, para que tenhamos realmente um lugar melhor para se viver. Esse ano prestarei vestibular mas ainda não decidi o que vou ser na vida.

10) (Luana Barros) Ser estudante e pesquisadora deve tomar muito tempo. Nas horas livres, o que gosta de fazer? Como costuma organizar seu tempo?

(Ana Lourdes) Amo ir à casa de Deus, ter comunhão com os irmãos. Nas horas vagas, gosto muito de sair com amigos, assistir filmes, ler e escrever. Sobre o tempo, não sou muito organizada, mas procuro cumprir o que prometo.

 Luana Barros é Estudante de Comunicação Social/Jornalismo na UFMA de Imperatri

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