Contrariando todos os prognósticos
fatalistas, apesar dos problemas de antes, durante e certamente depois, a Copa
do Mundo do Brasil já pode ser considerada sucesso de público, crítica e
faturamento. O multicolorido das bandeiras e uniformes, as caras e bocas, e o
entusiasmo dos torcedores das mais diversas nacionalidades resultaram numa espécie
de “efeito suspensivo” da avalanche de problemas brasileiros, efeito esse que
acabou por alcançar tanto os problemas já conhecidos, quanto os que, por conveniência
da hora, foram jogados para debaixo do tapete.
Bom para o País viver estes
momentos de alegria, euforia, e em alguns instantes até êxtase diante dos jogos da nossa seleção
que, infelizmente não tem conseguido encantar ninguém com o futebol
apresentado até agora, num demonstrativo de que o talento individual, me refiro
ao craque Neymar Jr, não se sobrepõe ao coletivo.
É fantástico perceber nesses
tempos o sentimento latente de brasilidade do nosso povo. Uma face da nossa
gente que só costuma aparecer nos grandes momentos do País. A Copa do Mundo é
apenas um deles, mas tem a eleição e ainda, o Carnaval onde também aparecem. O
contraponto a esse sentimento, que chamo de brasilidade, é o recolhimento deste
quando as festas acabam e o País volta ao seu estágio original com suas
múltiplas cruzes. No nosso País historicamente tem sido assim.
Ótimo é saber que cada
brasileiro tem guardado dentro de si o amor pelas coisas do nosso povo e
constatar que tal sentimento pode ser acessado em outras ocasiões que não seja
a copa, o carnaval ou a eleição. Os
protestos, tirando os excessos, que varreram o País em Junho do ano passado,
provam o que digo. O brasileiro foi para as ruas protestar e dizer que não estava
nada satisfeito com a situação do País.
O que tento dizer e defender
na coluna de hoje é a necessidade do cultivo dessa “brasilidade” e o uso desta
também em outras situações. É muita
força e sentimento guardados para serem utilizados apenas nos períodos
festivos. Temos a felicidade de vivermos
hoje numa república federal sob a égide do regime democrático, e isso nos
favorece o acesso livre a essa “energia latente” que bem poderia se converter numa “usina de transformação” da sociedade.
Seria o poder popular concentrado para mudar para melhor “as situações
do País”. Matéria prima, certamente nunca faltará.