Caema terá que adequar captação
de água com crise hídrica, recomenda ANA
A população de
Imperatriz pode ficar tranquila que pelos próximos dois meses não haverá
racionamento de água. O anúncio foi feito ontem pela manhã durante “mesa
redonda” sobre a crise hídrica e a situação de operação dos reservatórios do
rio Tocantins no Maranhão. O evento foi chancelado pela Comissão de Integração
Nacional, Desenvolvimento da Amazônia – CINDRA, da Câmara dos Deputados, e
contou com a participação da Agência Nacional de Águas – ANA, do Operador
Nacional do Sistema (ONS), Ministério Público Estadual e Federal, Prefeituras,
ONGs e membros da Assembleia Legislativa e câmaras municipais.
O presidente estadual da Caema Carlos Rogério, o regional Rafael Heringer e o deputado Marco Aurélio |
O requerimento para que essa reunião de crise fosse realizada em Imperatriz
partiu do deputado federal Deoclides Macedo. Membro da Comissão, o parlamentar
tem acompanhado de perto a situação da pior seca dos últimos 50 anos enfrentada
pelo rio Tocantins.
O acordo entre os órgãos não foi escrito, mas todos entenderam ser perfeitamente possível manter o atual nível da vazão da Hidrelétrica de Estreito e, dessa forma, manter o rio no nível que não prejudique o trabalho de captação de água da Companhia de Saneamento do Maranhão (CAEMA) pelo menos por um período de dois meses, que é quando se espera que comece a chover neste lado do Brasil.
O acordo entre os órgãos não foi escrito, mas todos entenderam ser perfeitamente possível manter o atual nível da vazão da Hidrelétrica de Estreito e, dessa forma, manter o rio no nível que não prejudique o trabalho de captação de água da Companhia de Saneamento do Maranhão (CAEMA) pelo menos por um período de dois meses, que é quando se espera que comece a chover neste lado do Brasil.
Até então, a
previsão para os próximos meses era “catastrófica”. Pelo que chegou a ser
divulgado, a falta de chuva conduziria a uma situação de um maior
contingenciamento de água nos reservatórios. Com isso, o rio baixaria mais
ainda, levando a um colapso no fornecimento de água potável para a população.
A solução acordada ontem é provisória; valerá por dois meses, por isso o
diretor presidente da ANA, Vicente Andreu, que também é presidente do Comitê de
Crise da Bacia do Tocantins, recomendou à Caema para que procure se adequar a
esses novos tempos, assim como já o fará a Suzano, que precisa de muita água
para a produção de celulose e já começou os estudos para implantar um sistema
de captação que se adeque a essa nova realidade, conforme informou um
representante da empresa que se encontrava na reunião.
Presente no
evento, o presidente da Caema estadual, Carlos Rogério Santos Araújo, garantiu
que tudo o que for possível será feito para assegurar o abastecimento de água
em Imperatriz. Na próxima terça-feira, 5, o presidente da Caema disse que
estará em Imperatriz novamente para, junto aos técnicos da Agência Nacional de
Águas, avaliar a situação e propor um plano que garanta o abastecimento futuro
caso a situação se agrave. Disse ainda que levará a situação ao próprio
governador.
Outra situação tratada com o pessoal da ANA, a pedido do deputado Deoclides
Macedo, e que foi também acordado é que, como já acontece em cidades do Estado
do Tocantins, no ano que vem o período de veraneio passará a ser monitorado
pelo órgão, que passará a informar aos municípios o movimento das águas. Dessa
forma, na avaliação da própria agência, os pequenos empreendedores que ocupam
as praias saberão o momento de montar e de retirar suas barracas.
ENCONTRO PARTICIPATIVO
ENCONTRO PARTICIPATIVO
A mesa dos trabalho e o empresário Pedro Iram |
O promotor do
meio ambiente da Comarca de Imperatriz, que foi um dos expositores do painel
“Visão Geral do Problema”, configurando a primeira parte da reunião, considerou
o evento produtivo do ponto de vista da situação apresentada e da solução
apresentada, mesmo sendo por apenas dois meses. Para o representante do
Ministério Público, o evento foi produtivo e representativo com os vários
setores da sociedade presente.
Na mesa dos trabalhos, a presença do deputado Deoclides Macedo, do próprio Jadilson Cirqueira, do representante do Ministério Público Federal, Armando Cezar Marques; do presidente da ANA, Vicente Andreu; do superintendente de operações e eventos críticos daquela agência, Joaquim Gondim; dos deputados Valéria Macedo e Marco Aurélio; representando a Câmara Municipal, os vereadores Carlos Hermes e Zesiel Ribeiro, e ainda os representantes do Operador Nacional do Sistema {elétrico} e do consórcio que controla a Hidrelétrica de Estreito. Da região apenas o prefeito Geraldo Braga participou do encontro. O prefeito de Imperatriz, Assis Ramos, foi representado pela secretária do Meio Ambiente, Rosa Arruda.
A reunião foi
dividida em dois painéis. No primeiro, uma rápida explanação dos componentes da
mesa sobre a Visão Geral do Problema com exposição do que, a olho nu, já se
sabe. Nesse primeiro momento, o promotor do meio ambiente exibiu um vídeo onde
foi retratada, na avaliação dele, “nossas angústias em relação à situação atual
do rio. No segundo painel, vieram as informações mais técnicas.
Na fala de cada um, revelações importantes sobre a crise hídrica do rio Tocantins. Joaquim Gondim, por exemplo, exibiu gráficos que mostraram os índices pluviométricos na Bacia do Tocantins nos últimos meses e que, segundo ele, este ano, à exceção do mês de janeiro, só vem diminuindo. Esse monitoramento, segundo ele, é feito a cada três meses. Uma situação que, previu, só tende a piorar, uma vez que a precipitação pluviométrica para os próximos meses deve ficar 40% abaixo da média.
No final do evento, a mesa, presidida pelo deputado Deoclides Macedo, abriu
para a participação da plateia. A juíza de Direito aposentada Maria das Graças
Souza cobrou uma ação mais contundente do Governo Federal, via Ministério do
Meio Ambiente, para conter o desmatamento do cerrado, apontado por ela como um
dos responsáveis pela crise hídrica. O jornalista e ambientalista Domingos
Cezar Ribeiro, que navega pela Bacia do Tocantins desde menino, também foi na
mesma direção, apontando ainda o desmatamento da vegetação ciliar como uma das
causas da situação em que o rio se encontra hoje.