Data objetiva
combater o desrespeito à diversidade
Luana Barros (Ascom)
A intolerância manifesta-se em diversas áreas. Com o intuito de combater
a falta de respeito e estimular a não violência, a Organização das Nações
Unidas, ONU, instituiu o Dia Internacional da Tolerância em 16 de novembro de
1995, em referência à Declaração de Paris, Resolução nº 51. Dados da
intolerância e do ódio são alarmantes.
Denúncias de intolerância religiosa, por exemplo, cresceram 3.706% nos
últimos cinco anos, segundo relatório da Secretaria de Direitos Humanos. De
acordo com a Secretaria de Políticas Públicas de Promoção da Igualdade Racial,
Seppir, o número de casos de racismo dobrou. A Pesquisa Mensal de Emprego, PME,
do IBGE, revela ainda que um trabalhador negro no Brasil ganha, em média, pouco
mais da metade, 57,4%, do rendimento recebido pelos trabalhadores de cor
branca. E, de acordo com o relatório do Grupo Gay da Bahia, GGB, 50% dos
assassinatos de transexuais e travestis registrados em todo o mundo foram no
Brasil.
O professor Luís Hernandes Matos Leite, especialista em Filosofia e
Teoria do Direito pela PUC Minas, enfatiza que a importância do dia
comemorativo. “A Constituição Federal de 1988 apregoa que nossa sociedade deve
ser pluralista, fraterna e sem preconceitos. O pluralismo de ideias, concepções
pedagógicas e políticas, o respeito às mais variadas manifestações, a
integração efetiva das minorias na vida pública e a garantia de seus direitos,
estão na pauta do dia. É incabível a onda de intolerância e desrespeito que
assola o país”.
Inês de Jesus Silva, presidente do Centro de Cultura Negra Negro Cosme,
revela sua opinião sobre a instituição da data, e a diferença entre tolerar ou
aceitar e respeitar a diferença. “Parabenizo quem comemora o dia da
Aceitação. Eu porém, não gosto dessa palavra, principalmente, no que se
relaciona à Diversidade. Algumas vezes quando se prega que se deve aceitar isto
ou aquilo, este ou aquele, para mim, minimiza-se a ideia principal de
convivência, o respeito. Algumas vezes até se aceita, porém no íntimo pode não
haver respeito. O diferente, a diversidade precisa ser respeitada e não apenas
aceitada”.
Para a professora adjunta da Universidade Federal do Maranhão/UFMA
Emilene Leite de Sousa, Doutora em Antropologia Social - PPGAS/UFSC, este é um
momento de maior tolerância, onde existe espaço para o debate e respeito ao
outro. "Por incrível que pareça, o mundo já foi mais cruel no passado, no
tempo das inquisições. Claro que não estamos livres da intolerância, nunca
estaremos, mas pelo menos, asseguramos o direito de expressar quem somos, o que
pensamos, o que defendemos, para o bem e para o mal. O fato é que a
superexposição destes sentimentos e de ideologias diversas revelou uma
intolerância quase generalizada. Verdade seja dita, nenhum de nós está
absolutamente livre da intolerância”.
Emilene explica que o lado bom é que o momento promove o debate e que
não há como aceitar o diferente sem conviver com ele. “Colocar diferentes em
contato é a melhor maneira de promover a aceitação do outro e a tolerância” -
acrescentou.
Na comemoração de 22 anos da data, percebe-se a necessidade de se
evoluir no trato do diferente, numa sociedade repleta de diversidade, o que
enriquece as relações sociais.