“Há verbo no silêncio!”
ElsonMAraujo
Há
verbo no silêncio! Quer uma prova disso? O apagão da última terça-feira,
15, que por umas seis horas consecutivas afetou, segundo o Operador Nacional do
Sistema (NOS) 29 milhões de domicílios em todas as regiões do País. É que com o
País, parcialmente silenciado pela falta de energia elétrica, o silêncio pôde se
mostrar, e demonstrar o quanto é poderoso, e com isso dizer muita
coisa. O silêncio, para mim é loquaz.
Esqueçamos,
por alguns instantes, os prejuízos e os desconfortos, principalmente a parte
que coube ao blecaute nas redes sociais. Foram as primeiras a caírem em
silêncio. Nesse particular, a queda no sistema elétrico, não me afetou muito.
Além do mais, achei foi bom, porque me rendeu o texto de hoje. Desacelerei,
e acabei foi ganhando! Mas, nem todo
mundo é igual e, sem rede, muita gente sofreu com a crise de abstinência. “Isso, a globo não mostrou”
Perceberam
como até as buzinas dos carros pararam de zoar? O motivo não é difícil de
explicar. Com atividades laborais, esmagadoramente, dependente da energia elétrica,
muitos obreiros ficaram em casa e outros retornaram para casa. Consequência
disso: economia de combustível e menos buzinas nos atormentando, mais silêncio.
Sem
os acústicos do WhatsApp, como já disse, o sistema de telefonia também foi
afetado e tirou as redes sociais do ar; sem o vibrar, audível das geladeiras, sem
o som, dos aparelhos de rádio e TV, das fábricas e indústrias, o silêncio
foi rei por algumas adoráveis, pelo menos para mim, horas. Com isso,
proporcionou momentos raríssimos entre
os sapiens das regiões afetadas pelo apagão, como mencionado, todas.
O
silêncio temporário proporcionou até o milagre do reencontro de pessoas que,
mesmo debaixo do mesmo teto, não se viam há muito tempo. Santo silêncio!
O
apagão da terça-feira demonstrou como o silêncio é importante para vida dos
humanos. A começar pelo fato de o fenômeno forçar uma desaceleração das coisas,
e também das pessoas. O período agudo da
pandemia do coronavírus já havia comprovado isso. O mundo, naqueles tempos,
mesmo com eletricidade, ficou mais silencioso com os homens e mulheres recolhidos
aos seus lares. O mundo desacelerou. O sussurro dos ventos ficou mais
perceptível, o respirar ficou melhor, e até as águas dos oceanos ficaram mais
leves e limpas.
É
bom viver o silêncio, mesmo em
situações forçadas, como foi o apagão da terça-feira.
Quando o silêncio reina é possível,
não só ouvir as batidas do coração da gente, mas perceber a abertura para aquela
adiada conversa conosco. Penso, vivo isso às vezes, que uma conversa com a
gente é saudável, e reforça nosso lado humano. Poderoso é o silêncio!
É de se concluir,
em um mundo cada vez mais barulhento, a
importância do silêncio para o equilíbrio das coisas. O silêncio nos permite,
entre muitas coisas, ouvir a nossa própria voz, pensar em nossos pensamentos,
sentir nossas emoções e nos conectar com nossa espiritualidade. O silêncio
também nos ajuda a relaxar, a reduzir o estresse e a melhorar a nossa saúde
mental. Silenciar é nos permitir uma conexão com o presente, e no mínimo, a
possibilidade para apreciar as pequenas coisas da vida. Sem
falar, que é do diálogo com o silêncio que se forma um ser humano mais criativo, e de
onde brotam novas ideias.
Até o próximo
apagão!