7/13/2024

O MARCO ZERO E O CENTRO HISTÓRICO DE IMPERATRIZ

 


 

ElsonMAraujo

 

Imperatriz, cidade pulsante entre os ecos do nordeste e os sussurros da Amazônia Legal, necessita urgentemente reconciliar-se com sua história. Não que haja guerra, mas uma negligência silenciosa, uma desídia que aos poucos vai apagando traços de um passado rico. A história dessa cidade vibra nas águas do Rio Tocantins, nos vestígios da cobertura florestal que ainda resiste, nos artefatos arqueológicos milenares diligentemente coletados pelo incansável professor Luís Pereira Santiago. Pulsa também no que resta do cerrado, nas corredeiras dos riachos quase mortos, nas nascentes sufocadas pelas construções.

Os caminhos de Imperatriz são sagrados, permeados pelas memórias de setentões, oitentões,  nonagenários e uns poucos centenários que aqui nasceram e permanecem para contar as histórias de uma cidade que viu crescer e se transformar.

É confortante saber que, ao longo das décadas, sempre houve aqueles que se empenharam em manter viva a memória de nossa gente e nossos feitos. A professora Carlota Carvalho, em seu brilhante "O Sertão, subsídio para a história e a geografia do Brasil", dedicou algumas linhas à então Vila Nova da Santa Teresa da Imperatriz. Sousa Lima, o primeiro filho da terra a escrever um livro, nos presenteou com o romance indigenista "O Tupinambá". Embora ficção, a obra nos permite viajar pela geografia da região do final do século XIX e início do século XX

Edelvira Marques, nossa historiadora mater, trouxe-nos "Eu, Imperatriz", o primeiro livro publicado na cidade, uma fonte primária que narra os primórdios de uma Imperatriz pujante, que no dia 17 de julho completará 172 anos de fundação.

Muitas outras obras de cunho histórico vieram depois, cada uma recolhendo fragmentos do nosso passado. Um salve a Adalberto Franklin, Edmilson Sanches, José Herênio, Domingos Cezar e Ribamar Silva, este último autor de um importante obra sobre a história política da cidade, tendo como fonte a Câmara Municipal de Imperatriz que será lançada antes do final do ano.

Ainda há muito a ser resgatado, catalogado e perpetuado para as futuras gerações. Percebo um enorme abismo histórico na alma da cidade, e, nesse aspecto, a Academia Imperatrizense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico desempenham papel crucial, ajudando a resgatar preciosas pílulas da nossa história perdida.

E ao mudar de assunto, e permanecer no mesmo. Nas médias e grandes cidades, é comum a população vivenciar um processo natural de imersão histórica diante de monumentos que remetem a fatos significativos. Em Imperatriz, temos um centro histórico inexistente, erroneamente chamado de "cidade velha". São ruas e construções como a Igreja Matriz de Santa Teresa, a Escola Santa Teresinha, o Colégio Governador Archer, o antigo convento onde hoje funciona a APAC, a Casa da Criança, a Academia Imperatrizense de Letras, o Mercado e a Igrejinha do Bom Jesus. Este conjunto urbano guarda a memória do pouco que ainda resta de nossa história.

Defendo que, dentro dos limites que a legislação permita, formalizemos o Centro Histórico de Imperatriz com o que ainda subsiste.

Na semana passada, o governador do Maranhão, Carlos Brandão, sugeriu a possibilidade de presentear a cidade com seu Marco Zero, uma bandeira levantada pelo acadêmico José Herênio e que chegou à Câmara Municipal por meio do vereador Ademar Freitas Júnior.

Herênio,  aos 97 anos, com uma lucidez extraordinária, é autor de "Imperatriz, uma vovozinha de cem anos", onde ele, entre outras revelações históricas vividas  faz alusão à data perdida da cidade, a da emancipação política, ocorrida em abril de 1994. Ele aponta a Praça da Meteorologia (UNIMED) como o Marco Zero da cidade, o ponto de partida da primeira rua e das primeiras casas.

O Marco Zero pode ser  a centelha  para que a cidade conceba o tão necessário Centro Histórico de Imperatriz, um marco para o resgate e a preservação de sua rica e vibrante história.

 

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