E pra não dizer que não falo de flores, a poetisa Lília Diniz, ora morando em Imperatriz, fecha mais uma coletânea de poemas para posterior publicação. Ela completou uma série sobre as coisas do cerrado.
Lília prova, com sua poesia que é posível ser profundo com simplicidade. Leve profunda, alegre, simples, fácil de entender, fácil de sentir/ assim, defino as belas coisas ou as coisas belas, que ela costuma escrever.
Espera-se que com essa série Lilia repita o sucesso de Miolo de Pote, sua obra mais proeminente, ja na quarta edição.
Abaixo o inédito "Bocaliandra"
Bocaliandra
Quando teus beicim apitombado
apareceram
nas linhas tortas do meu olhar
desandei léguas
cerrado dentro de mim
Era ver cobra
rastejando pelo gosto
dessa raspinha acre-doce
que juro ter o teu beijar.
Eu colibri baleado
pelo desejo de provar
a carnadura
da tua bocaliandra
e o cheiro jabuticaba
dos teus cabelos sarará.
Pele de jatobá marelim
cantiguinha de beija-flor
sucupira floridinha
ninho de fogo - pagou.
Mutambinha cheirosa
araçá bem madurim
araticum, cagaita
ingá, meu ingá docim.
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