4/01/2009

Lília Diniz prepara série de poemas sobre o cerrado

E pra não dizer que não falo de flores, a poetisa Lília Diniz, ora morando em Imperatriz, fecha mais uma coletânea de poemas para posterior publicação. Ela completou uma série sobre as coisas do cerrado.
Lília prova, com sua poesia que é posível ser profundo com simplicidade. Leve profunda, alegre, simples, fácil de entender, fácil de sentir/ assim, defino as belas coisas ou as coisas belas, que ela costuma escrever.
Espera-se que com essa série Lilia repita o sucesso de Miolo de Pote, sua obra mais proeminente, ja na quarta edição.




Abaixo o inédito "Bocaliandra"

Bocaliandra

Quando teus beicim apitombado

apareceram

nas linhas tortas do meu olhar

desandei léguas

cerrado dentro de mim



Era ver cobra

rastejando pelo gosto

dessa raspinha acre-doce

que juro ter o teu beijar.



Eu colibri baleado

pelo desejo de provar

a carnadura

da tua bocaliandra

e o cheiro jabuticaba

dos teus cabelos sarará.



Pele de jatobá marelim

cantiguinha de beija-flor

sucupira floridinha

ninho de fogo - pagou.



Mutambinha cheirosa

araçá bem madurim

araticum, cagaita

ingá, meu ingá docim.

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