*Marcos Fábio Belo Matos
A ideia começou timidazinha, mais ou menos um ano atrás. Eu e o Carlos Brandão, que é estudante de jornalismo, decidimos abrir um espaço para a exibição sistemática de filmes na UFMA. Um cineclube, vamos dizer assim. Procuramos um nome e o Brandão sugeriu “Muiraquitã”, que tinha sido o nome de um cinema bem famoso aqui na cidade, nos anos 1950-1960. Ficou. Fizemos umas duas ou três sessões, a coisa parou – um pouco por conta das minhas atividades e das do Carlos, um pouco por desestímulo, um pouco por não se sabe bem o quê...
De um mês pra cá, resolvemos retomar a iniciativa. O Carlos está em Belém, fazendo filmes. Aí, o C.A do curso de Jornalismo resolveu ‘dar uma força’. Estamos com o Muiraquitã de volta. Já fizemos seis exibições, sem nunca faltar uma quarta-feira (que é o dia em que ‘ficamos em cartaz’, no auditório da UFMA). Passamos, nessa ordem: “Durval discos”, “Cinema, aspirinas e urubus”, “Piaf”, “Fale com ela”, “Morango e chocolate” e “A liberdade é azul”. Engatilhados, os dois outros filmes irmãos deste último, que perfazem a “trilogia das cores”, obra prima do polonês Krzysztof Kieślowski em homenagem ao bicentenário da Revolução Francesa.
Os objetivos do cineclube são modestos. Em primeiro lugar, ser um local onde a comunidade (universitária ou não) possa assistir a um bom filme. Em segundo lugar, ampliar a ‘cultura cinematográfica’ de quem quer tê-la ampliada – alunos, professores, médicos, engenheiros, funcionários públicos, comerciantes, comerciários, desempregados etc e tal. E, em terceiro lugar, ser um espaço para debates e discussões que tenham o produto/obra de arte ‘filme’ como elemento motor – intento vai ser concretizado com o tempo, agora queremos implantar o ‘costume’ de ir ver os filmes por gostar, apenas.
No Muiraquitã não há patrulhamentos de nenhuma ordem. Não há chamadas nem listas de presenças na porta; não há debates em todas as sessões; não há o ‘regime monástico’ da assistência ao filme; não há ninguém pra ver se você sai com aquela cara de ‘gostei e entendi’, tão comum em universos intelectualizados ou cineclubísticos... Há, sim, pessoas que se reúnem, semanalmente, para ver um filme porque gostam do cinema – e não trocam, quando podem, a experiência da ‘sala escura’ e da tela grande pela de ficar em casa vendo dvd...
Que filmes passam lá? Quaisquer! Mas a preferência é por produções que estejam fora do ‘circuito hollywoodiano’, pois elas são mais difíceis de encontrar e, em geral, representam um ‘outro olhar’ sobre a arte de fazer cinema, outra cinematografia. E não temos a sofreguidão do filme novo, tão comum nos espaços que têm o cinema como negócio; lá os filmes valem pela obra de arte que são e não possuem data de validade...Também vamos fazer ciclos ou festivais: de diretores, de temas, de homenagens...aceitamos sugestões – se vierem acompanhadas do empréstimo do filme, não reclamamos, não.
Acreditamos que, com o Muiraquitã, abre-se mais uma porta para que a comunidade de Imperatriz tenha uma opção de entretenimento no que se refere a cinema. Já temos o ‘Cine Blue’, por enquanto nosso único cinema comercial, no shopping Timbira, e o projeto ‘Cinema no Teatro’, que funciona às segundas-feiras, no Ferreira Gullar. Que venham outras; cinema nunca é demais.
*Jornalista e professor doutor do Curso de Jornalismo da UFMA/Imperatriz
marcosfmatos@yahoo.com.br
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