9/21/2010

Imperatriz não é fantastica ( Considerações de Edmilson Sanches)

Do candidato a deputado Federal Edmilson Sanches (PSDB)  recebo e publico as seguintes considerações sobre o "Caso do professor Frazão" . Na verdade, um texto do jornalista e pesquisador,  já  publicado mas que se encaixa nesse momento de "orgulho ferido" por qual passa a cidade por conta da famigerada matéria veiculada em nível nacional  no Programa Fantástico, da Rede Globo.

Duas historinhas.

1) Um profissional de comunicação estava visitando sua cidade, uma das maiores do interior de São Paulo. Foi a um banco oficial, sacar dinheiro. O caixa perguntou-lhe de onde nosso profissional estava vindo. A resposta: “Imperatriz”. Querendo fazer graça, o caixa colocou-se em posição de “Mãos ao alto!”

2) Em janeiro de 1997, dois homens conversavam no restaurante do Posseidon Hotel, em Imperatriz. Estavam em uma mesa de canto à esquerda da entrada do salão do restaurante. Um, o mais velho, já de cabelos brancos, orientava o outro: “Você vai dirigir meus negócios aqui em Imperatriz mas deve continuar morando em Belém – você ficará despreocupado e será melhor para sua mulher e seus filhos, pois dizem que a cidade aqui é muito perigosa”.

Pois é: “dizem”. Esses são apenas alguns dos relatos testemunhais onde, acima da verdade, prospera uma mentira: a de que Imperatriz é uma cidade perigosa, violenta. Nada mais falso, nada mais falacioso, nada mais fantasioso, nada mais... “fantástico”. Sim, porque foi a partir de uma base no programa “Fantástico”, da Rede Globo de Televisão, que se lançaram nos últimos anos as notícias-mísseis com o maior poder de construção de imagem desfavorável de Imperatriz.

I

Não acredito, como se apressam alguns, que haja “uma campanha da Rede Globo contra Imperatriz”. Não; isso também é fantasia.

O que existe, por um lado, é o descumprimento da boa técnica/ética jornalística e, por outro, são as variáveis incontroláveis. No primeiro caso, a ausência de (melhor) apuração ou cotejo dos dados objetivos da matéria jornalística que vai ao ar. Foi o que aconteceu, por exemplo, com aquele episódio de invasão de uma rádio seguida de ameaça a uma radialista. A ocorrência deu-se na cidade de Açailândia, mas o “Fantástico” a fantasiou como sendo de Imperatriz –– na certa porque ainda não ficou sabendo que há muitos anos o ex-distrito se emancipou e virou município, um dos maiores do Maranhão, econômica e territorialmente.

II

Do lado das variáveis (ou vetores) que não se controlam estão, por exemplo, os que levaram à morte do padre Josimo Morais. Tanto a vítima quanto o assassino, tanto os mandantes quanto a causa, e até as tentativas de morte, as emboscadas, os disparos, tudo enfim, dizia respeito ao Estado do Tocantins. Mas quis o cão ou os céus que o tiro fatal fosse dado no centro da cidade imperatrizense e no mesmo dia em que se criava aqui a famigerada UDR (União Democrática Ruralista), dos fazendeiros.

Doutra feita ocorreu a morte gratuita do estimado médico Itamar Guará: passeatas e imagens no “Jornal da Globo”. E, no mesmo saco de antecedentes, correlatos e conseqüentes, a morte do prefeito Renato Moreira, a posterior invasão da prefeitura pelo povo e o “imbroglio” das supostas ameaças envolvendo candidatos concorrentes à mesma prefeitura, em 1996. Nas três situações, mais destaque, más notícias na tela global.

III

Mas ninguém fala que Imperatriz já foi a cidade que mais cresceu no País. Que, por ter muito de bom para oferecer, vêm para cá brasileiros de todos os brasis e estrangeiros de todos os continentes. Ao todo, mais de 230 mil viventes (se Imperatriz não prestasse ela seria um deserto ou tornaria a ser floresta; só não seria o que ela é hoje: uma São Paulo 3 x 4 na Pré-Amazônia maranhense).

Igualmente não têm freqüência na telinha o enorme potencial econômico que a cidade polariza. O linhão da Eletronorte. O potencial turístico do rio Tocantins. A infra-estrutura de serviços. As exportações via Norte-Sul. A BR Belém-Brasília. O comércio atacadista. Sua rede de comunicações, a fibra ótica, o monitoramento por satélite. O pólo guseiro e de distribuição de combustível de Açailândia. O pólo agrograneleiro, a soja de Balsas. O SIVAM.

IV

Imperatriz não é violenta -- pelo menos, não em relação ao que cotidianamente acontece por aí. Violenta é a exploração e o destaque gratuitos de ocorrências que, de resto, em quase nada diferem do que se registra Brasil adentro e afora. Repita-se: Imperatriz não é violenta. Aqui não há crimes de chacina. Não há “serial killers”. Não se mata um hoje e se salga outro para amanhã.

Comparem-se os números policiais com os de outras localidades. Imperatriz é uma grande cidade deste País, a décima-oitava maior do Nordeste e a nona, se excluídas as capitais. A de número 96 entre as cem maiores cidades brasileiras, incluindo-se as capitais, num universo de mais de 5.500 municípios. Imperatriz cresceu na raça, desacreditada, desprestigiada, quase só (basta lembrar que, das 50 maiores cidades brasileiras, 16 gravitam na periferia de capitais). O Poder Público nunca acompanhou o dinamismo das iniciativas pessoais e empresariais.

V

O maior patrimônio de uma pessoa é o seu nome. O maior bem de um produto ou serviço é a sua qualidade. A melhor referência de uma qualidade é a marca. O maior ativo de uma empresa ou organização é a sua imagem. A imagem que vale não é a que a gente constrói, mas aquela que constróem da gente. Uma cidade é uma organização; logo, uma cidade também tem imagem –– de preferência, positiva. Imagem é o pensar do outro, é a percepção do próximo, é a impressão do ausente. Imagem é a nuvem aprisionada por correntes: uma “coisa” sem muita definição, mas fortemente enraizada no cérebro do ser, no “share of mind”.

Construir e, como dizem os “experts”, posicionar uma (nova) imagem é penoso e custoso (isto é, sofrido, demorado e caro). Destruir uma imagem ou formá-la de maneira negativa é fácil e rápido –– às vezes, em míseros dois ou três minutos de televisão. No caso de Imperatriz, seus mais de vinte veículos de comunicação são relativamente impotentes, embora não incompetentes, para fazer frente aos fiascos jornalísticos da Globo em relação à cidade. Tampouco há, no momento, da parte das estruturas públicas e privadas da cidade, estratégias para o combate externo à praga global.

VI

O programa “Fantástico” (pelo menos ele, por ser reincidente) há muita deve desculpas à cidade. Se persistir em erros assim, poderá igualmente se perder pelo nome: “Fantástico” é palavra de origem grega e, seja como adjetivo ou substantivo, seus significados não são, jornalisticamente falando, nada recomendáveis: “falso”, “simulado”, “inventado”, “fictício”, “extravagante”, “que só existe na fantasia ou imaginação”.

Como bem se vê, Imperatriz não é fantástica. Embora seja um “show” de vida.

(Edmilson Sanches – Contatos: edmilsonsanches@uol.com.br - Caixa Postal 61 – 65900-970 – Imperatriz - MA)

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