Geralmente não costumo ler editorias, no entanto, ao manusear na manhã de hoje o Jornal Pequeno e ler a primeira a linha do “ Editorial de Domingo” não tive como não levar a leitura até o fim. Além de ser bem escrito, o editorial traduz de maneira cristalina o momento tumultuado e, de incerteza política por que passa o Brasil e, a forma como o presidente Lula e sua candidata participa do processo e o que o PT é capaz e fazer para permanecer no poder.
Uma leitura forte e lúcida que, inevitavelmente, nos leva a uma reflexão, digamos, mais crítica do processo eleitoral vigente.
Tenha um pouco de paciência e leia até o fim.
Anestesia
O fantasma de Celso Daniel, prefeito do PT em Santo André, assassinado na esteira do famoso “mensalão”, volta a assombrar a República. Gilberto Carvalho, ninguém menos que o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está formalmente incluído num processo em que ele e o PT são acusados de participar de uma quadrilha que cobrava propina de empresas de transportes na Prefeitura para desviar R$ 5,3 milhões dos cofres públicos.
O esquema, segundo o jornal O Estado de São Paulo, seria o precursor do “mensalão” petista no governo federal. A juíza Ana Lúcia Xavier Goldman negou recursos protelatórios e aceitou a denúncia do Ministério Público contra Gilberto Carvalho e o PT.
A constância com que o PT e o governo se enredam em denúncias de corrupção e as alianças eleitorais corruptas de Lula deixam o país boquiaberto.
O PT quebra sigilos, serve a lobbies contra o patrimônio público, paga e recebe propinas, defende candidaturas inimagináveis para um partido honesto no poder e deixa os brasileiros de queixo caído diante do volume de devassidão que incorpora antes e durante as eleições.
O poder popular de Lula realmente bloqueia a reação do país, pois nenhum sentimento que não seja o de indignação aflora a cada movimento no tabuleiro de xadrez da política governamental.
Lamentável é a presença física e psicológica do presidente em episódios tão drásticos como o do ataque de militantes do PT ao candidato José Serra. Neste caso, Lula entronizou a violência e partiu em defesa de seus militantes acusando a vítima de forjar um ataque para se beneficiar eleitoralmente. É tudo o que não se poderia esperar do governante de uma Nação.
Enquanto isso, a candidata do PT pula de galho em galho entre denúncias de corrupção, porque o momento eleitoral facilita a produção de escândalos e não porque seja ela o alvo preferencial da imprensa.
Tem-se a impressão de que todos os seus assessores mais próximos na Casa Civil, nestes anos todos, agiram na periferia da lei, coordenando esquemas de propina, nepotismo, lobbies, auxiliando quadrilhas dedicadas a se apropriar de recursos públicos.
Pode-se dizer que Dilma só não despenca nas pesquisas de intenção de votos porque Lula governa um povo anestesiado por programas sociais, incapaz de ver que a República brasileira descamba para um caminho sem volta.
Chegará o momento em que a supremacia das Erenices, dos Carvalhos e Cardeais, aliada à impunidade dos Sarneys, Costas, Gaguins, Barbalhos e Collors, personagens deletérios que gravitam em torno da República de Lula, comandará o país sem freios nem fiscalização.
A tendência autoritária do PT não é um artefato das esquerdas. Ela quer proteger os bandidos, precisa proteger os bandidos, estar com eles, ao lado deles, não importando o futuro da Nação.