Marco Aurélio Gonzaga Santos é professor da Universidade Federal do Maranhão em Imperatriz, atualmente licenciado, professor de Ciência Política e direito público e advogado constitucionalista. Advoga para o PDT desde 2002 quando Jackson Lago foi candidato e teve como vice-governador o cunhado de Marco Aurélio, Deoclides Macedo (PDT), atual prefeito de Porto Franco.
Holden: Recentemente o senhor escreveu post em seu blog sobre a política de Imperatriz denominado de O“fogo amigo contra Madeira em Imperatriz”, no qual o senhor faz análise política dos pré-candidatos de Imperatriz.
O senhor foi advogado do PT de Imperatriz, chegando mesmo a ser Procurador Geral do Município no governo Jomar Fernandes (PT) em 2001, é homem de confiança do prefeito de Porto Franco Deoclides Macedo, também tem ligações com o Deputado Federal Domingos Dutra (PT), foi filiado ao PCdoB de Imperatriz e tem ligações com o ex-juiz e deputado federal Flávio Dino.
Com o PSDB o senhor tem ligações com o ex-deputado federal Roberto Rocha e os atuais deputados federais Carlos Brandão e Hélio Santos com quem Valéria fez dobradinha em alguns municípios.
Por último, diz-se que o senhor é o responsável pela sua mulher ter se aproximado do governo Roseana Sarney, especialmente do Secretário de Estado da Saúde Ricardo Murad (PMDB) e do Chefe da Casa Civil ex-prefeito de São José de Ribamar Luis Fernando.
Agora nas festas juninas o senhor foi visto com o prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira (PSDB) em Imperatriz no encerramento do Salimp e no arraial da beira-rio. Em termos políticos, o senhor se sente alinhado a quem em Imperatriz?
Marco Aurélio Gonzaga: Minha posição política é a mesma e não me considero uma espécie de “animal político” como sua pergunta parece ensejar. No espectro político ideológico minha posição política é a mesma desde que iniciei minha atividade política ainda nos bancos acadêmicos: sou de centro-esquerda.
Afino-me muito com as idéias do filósofo John Rawls e do economista Amartya Sen. Essas idéias políticas buscam-se colocar entre a proposta socialista-comunista de negação absoluta do mercado e a liberal que se caracteriza por negar com veemência os direitos dos trabalhadores.
No Brasil não há mais espaço político e social para revolução socialista ou comunista, no sentido de instalação de nova ordem político-jurídica. A maximização ainda possível atualmente é promover a reforma do Estado e o aperfeiçoamento institucional, de modo a permitir que a sociedade tenha pleno controle do poder constituído. Não faz mais sentido político ver o mercado como uma instituição diabólica. O Estado, a sociedade e o mercado são elementos de uma mesma e conexa realidade política.
A sociedade precisa avançar nos mecanismos de controle dos detentores do poder político e econômico. O liberalismo social e o ambientalismo e outras políticas progressistas precisam ser aprofundadas.
Holden: Como o senhor explica essas suas múltiplas relações político-partidárias?
Marco Aurélio Gonzaga: O Caetano Veloso costuma dizer que “o Brasil não é para amadores”. Eu digo que o Maranhão é um estado complexo e as forças políticas são multifacetárias. Até a governadora Roseana Sarney (PMDB) que é beneficiária de um grupo detentor das“reais forças do poder”, para usar uma expressão de Ferdinand Lassalle, entendeu importante incluir o PT maranhense para sua conjuntura política.
Aliás, quem não se lembra da candidatura de Ricardo Murad a governador pelo PSB nas eleições de 2002, que inviabilizou o segundo turno com astuciosa estratégia jurídica e viabilizou a eleição de Roseana contra Jackson no primeiro turno?
Em outros termos, até quem tem a dominação política tradicional, institucional e econômica no Maranhão, como é o caso de Sarney, entende necessário reproduzir a aliança nacional PT-PMDB aqui no Maranhão. Diga-se logo que isso não é exclusivo da família Sarney. O próprio ex-governador Jackson Lago (PDT) fez alianças com forças as mais diversas e muitas conservadoras para poder chegar ao Palácio dos Leões.
O ex-presidente Lula, a partir da Carta aos Brasileiros, mudou o seu partido de revolucionário para reformista e socialdemocrata e fez um grande governo, apesar de ainda hoje existir muitos companheiros do PT que ainda compreendem o partido como revolucionário.
Não temos apenas um presidencialismo de coalização no Brasil. Esse fenômeno político se reproduz nos níveis de estados e municípios. Quem não entender isso não vai mudar nada no Brasil porque nem chegará ao poder.
No Brasil e no Maranhão as forças políticas se antagonizam entre a direita toda poderosa e conservadora e a esquerda com a cantilena da mudança, mas no final das contas o fiel da balança mesmo passa pelo centro do espectro político ideológico tanto do ponto de vista dos partidos políticos como da sociedade e dos agentes políticos.
Holden: Em sua opinião em Imperatriz qual o caminho ideológico a seguir?
Marco Aurélio Gonzaga: Risos. Penso que já tivemos à direita com Ildon Marques (PMDB), à esquerda com Jomar Fernandes (PT) e agora estamos caminhando para espectro centro-esquerda, mas especificamente para a social-democracia com o prefeito Madeira (PSDB).
Holden: Isso a seu ver é bom ou ruim?
Marco Aurélio Gonzaga: Não sei se é bom ou ruim. Sei que é a realidade política, social e econômica da sociedade imperatrizense. Na obra “O Príncipe” de Nicolau Maquiavel ele diz que “os homens são ingratos, volúveis, dissimulados, simuladores, invejosos, ambiciosos, maldosos”, dentre outras coisas nada alvissareiras. Por outro lado, Jean-Jacques Rousseau acredita que o homem é um bom selvagem e diz que “a falta de bondade não significa que haja maldade na natureza humana”. Com quem você acha que está à razão?
Holden: A Deputada Valéria Macedo tem tido forte atuação nas questões de interesse de Imperatriz, como por exemplo, a indicação formal do curso de medicina e a construção do Socorrão Regional, além de protagonizar na Assembléia a questão do Maranhão do Sul. Já o senhor há muito tempo participa da política de Imperatriz, mas Valéria tem domicílio eleitoral em Porto Franco. Duas pergunta numa só: É verdade que Valéria vai transferir seu domicílio eleitoral para Imperatriz? Nas eleições do ano que vem vocês terão participação aqui?
Marco Aurélio Gonzaga: A questão do domicílio está sendo avaliada com muito cuidado. O fato é que Valéria e eu desde o casamento moramos em Imperatriz e na mesma casa há mais 12 anos. Do ponto de vista jurídico ela estaria respaldada para mudar de domicílio. Quanto a sua segunda pergunta afirmo-lhe que vamos participar sim do processo político eleitoral.
Holden: O PDT terá candidatura própria ou vai se aliar com quem?
Marco Aurélio Gonzaga: Não sei e nem tenho o poder de dizer o que vai fazer o PDT nas eleições do ano que vem. Sou apenas advogado do partido, mas em Imperatriz penso que a melhor alternativa para o PDT é apoiar a reeleição do prefeito Madeira e manter a aliança com o PSDB.
Holden: Quer dizer que o senhor não se alinha ao vice-prefeito Jean Carlo e ao deputado Carlos Amorim na questão de Imperatriz?
Marco Aurélio Gonzaga: Tenho as melhores relações pessoais com Jean e com o deputado Carlinhos Amorim. No PDT há muita gente que defende isso eles não estão sozinhos... Pessoalmente, vejo essa questão sob dois enfoques: O primeiro é o enfoque partidário. Para o partido não resta dúvida que seria muito bom poder ter um candidato competitivo em Imperatriz nas eleições de 2012 e o nome do Deputado Carlos Amorim é um grande nome, não resta dúvidas. Respeitadas às opiniões de colegas em sentido contrário, porém, a realidade política é outra. Não vislumbro as condições político-partidária suficientes para candidatura própria do PDT em 2012 em Imperatriz e, neste sentido, uma aliança fundamentada em metas e num planejamento do qual o partido participe e tenha voz, a mim me parece à melhor alternativa. Só colocaria esta condição, pois o PDT não pode ser apenas um coadjuvante sem forma e sem conteúdo do PSDB como parece ser hoje no governo Madeira.
Finalmente a “união poética” timbrada por Roberto Rocha entre “o tucano e a rosa” precisa ser uma união de conteúdos programáticos, com metas claras, participação mais condizente com o tamanho que o PDT tem hoje com dois deputados na região e em Imperatriz.
Holden - Então o senhor defende a continuidade, acha que o prefeito Madeira merece mais quatro anos para conseguir fazer a grande mudança que se propôs em Imperatriz?
Marco Aurélio Gonzaga - Claro, esse é outro aspecto que merece realce é o que diz respeito à ânsia por mudança em Imperatriz. A administração pública no Brasil sofre da doença crônica da falta de continuidade das políticas públicas. Provavelmente se no âmbito nacional não tivéssemos tido uma estabilidade política nos governos FHC e Lula e desejável agora no governo Dilma não teríamos avançado como país tanto. Os países desenvolvidos caracterizam-se por várias coisas juntas, dentre as quais estabilidade política e econômica.
A estabilidade política, quando a administração do prefeito é razoável, é um caminho seguro para a população diante da incerteza do que poderá vir pela frente. A administração do prefeito Madeira tem problemas, mas não pode se dizer que é ruim. Imperatriz é uma cidade grande, com desafios diversos que não podem ser vencidos em apenas quatro anos e não acho que o experimentalismo político seja o melhor caminho para resolução de nossos problemas.