Votar é escolher. E
escolher é comparar desiguais. Qual a formação política de cada um destes
candidatos à presidência da república?
Ambos Eduardo e
Aécio tiveram os respectivos avós. Miguel Arraes e Tancredo Neves, como
mentores e professores de política. Aprenderam com um saber de experiência
feito. Em casa, nas ruas, e nos gabinetes. Educação privada e individualizada.
Únicas. Aprenderam vendo o exemplo, participando ainda muito jovens, e
praticando.
Tancredo era seguramente um homem
acostumado ao poder. Ministro desde o tempo de Getulio. Primeiro Ministro de
João Goulart. Sentia-se a vontade no palácio. Era político de alianças,
costuras, convergências, um homem muito mais de bastidores do que das praças.
Embora nelas estivesse também quando preciso.
Encantava-se ao tecer alianças não somente partidárias mas de segmentos, grupos e classe sociais.
Encantava-se ao tecer alianças não somente partidárias mas de segmentos, grupos e classe sociais.
Discretamente se
possível. Trans-partidárias e trans-sociais. Elegeu-se presidente por esta
qualidade. Um político de seduções segmentadas. Talvez a qualidade mais eficaz
em um ambiente sem ampla liberdade de pregação política como no autoritarismo.
Foi assim candidato e presidente eleito. Sem o voto direto popular. Mas em nome
dele.
Era um político
muito mais da prudência do que da ousadia. De como quem não quer, querendo.
Pragmático muito mais do que ideológico.
Arraes, não. Ao
contrário. Sem deixar de ser um político atento e hábil nos bastidores, era
mais um político das praças. De falar para o povo, com o povo e através do
povo. Um político de mensagens. De mobilizações populares. De contato direto
com o povo.
Tinha claros
limites ideológicos em seus discursos e nas suas alianças, se não táticas, pelo
menos de longo prazo. Um político mais de divergências do que de convergências.
Mais casmurro do que sedutor, embora sabendo sê-lo. Um político habituado ao
confronto e a desassombros, e neles crescia. E por esta qualidade, no
autoritarismo, foi cassado da vida pública.
Era um político
muito mais de ousadias do que de prudências. De como quem quer, querendo. Mais
ideológico do que pragmático.
E os netos?
Joaquim Falcão,