Nos últimos sete dias tive o privilégio de participar de dois importantes
eventos relacionados ao idoso. O primeiro, na Praça de Fátima, chamava a
atenção para os casos de violência contra a pessoa idosa; o segundo, festivo,
deu-se na Casa do Idoso Feliz, na escolha da rainha caipira da casa.
Impressionante os depoimentos dos seus membros quantos aos efeitos físicos,
psicológicos e sociais nas suas vidas desde que ali se integraram. Não é
exagero dizer que muitos foram completamente curados de males que o afligiam e
estão lá para contar e recontar suas histórias do antes, e do depois, da Casa
do Idoso.
Nos minutos que antecederam o desfile das candidatas à rainha caipira, cada
uma mais bonita e mais alegre do que a outra, pelo menos três frequentadores da
casa fizeram questão de dar seu testemunho. Chegaram doentes, com
baixa estima, e ali encontraram uma nova razão de viver.
Muitos como o senhor Antônio Teixeira
de Sousa, nem lê, sabiam. A casa já alfabetizou,
segundo a coordenadora Maura Barros, mais de 200 idosos. Um outro exemplo
é da dona Maria do Carmo, a dona
Carmitinha, que depois de alfabetizada
já fez até a faculdade da terceira idade.
Presente no evento, ao lado da
esposa, da sogra e da secretária de Desenvolvimento Social Mirian
Reis, o Pastor Porto, vice-prefeito de Imperatriz, que
representava o prefeito Madeira, diante dos relatos daquelas
personagens, ao fazer uso da palavra, em
tom emocionado, acabou por
intitular aquela instituição como “ a casa dos milagres”, qualificativo que acabou dando título à coluna
desta semana.
E o que tem de miraculoso na Casa do
Idoso Feliz? A ou, as
respostas a essa pergunta só se torna possível, e mais exata, a pessoa indo lá, observando as reações de cada um às atividades
propostas ou realizadas. Nesta
quarta-feira foi a escolha da rainha caipira, mas tem o dia das mães, o dia dos
pais, o Carnaval, o Natal, os
aniversários etc. Tristeza anda é longe dali
o bom humor é abundante. Sente-se a vitalidade no ar.
Na gestão do prefeito Madeira os serviços
da Casa do idoso Feliz foram ampliados. Os
quase mil e quinhentos idosos têm ali, gratuitamente, médico, psicólogo,
assistente social, enfermeiro, técnico em enfermagem, assistente social, nutricionista, pedagogo, instrutor de
artesanato, instrutor de música, e um
ingrediente facilmente detectado: uma dose cavalar de amor emanada dos
profissionais envolvidos nas atividades do lugar.
Arrisco um diagnóstico diante do que
ouvi e observei: a Casa do Idoso Feliz,
ou a Casa dos Milagres, como definiu o
Pastor Porto, é “a fonte da juventude” para aqueles meninos e meninas, sem a qual muitos já teriam morrido, ou estariam prostrados no fundo de uma rede
ou num leito hospitalar. O corpo, e é o curso natural da vida, pode é não
responder mais a determinados comandos,
mas a mente e a alma continuam mais jovens do que nunca.
Essa semana perto da Prefeitura tive
o prazer de reencontrar uma personagem da cidade que deu mais uma pista muito
grande para “a ocorrência dos milagres”
na Casa do Idoso Feliz. Aos 86 anos ela
não frequenta a casa
mas
tem tanta vitalidade e bom humor como os de lá.
Angélica Rodrigues, ex-vereadora, funcionária pública aposentada, não exerce
hoje nenhum cargo de livre nomeação, mas todos os dias “bate ponto” numa
repartição pública estadual e ali, atende com carinho, e segundo ela, muito amor,
a quem chega em busca de algum tipo de apoio ou informação. “O segredo de ter saúde e viver muito, meu
filho, é amar as pessoas, é servir ao próximo” me ensinou ela.
Impregnado na minha mente, com as experiências dos últimos dias, ficou que o idoso não
pode ser visto e mencionado como “uma coisa” que já passou; como
alguém sentado numa “montanha de
lembranças”, mas como um sujeito permanente do processo, com um passado de boas
ou, talvez, más memórias, mas construtor do presente e do futuro.