Sempre gostei de assistir
palestras, sobretudo quando o palestrante consegue envolver a plateia, não só
com o conteúdo, mas com aquilo que sabemos ser técnica para não deixar ninguém
com sono, ou desatento, e que agrada o público.
Há sempre uma piada, um trocadilho, uma dinâmica que ajuda a passar o
tempo, e a deixar a prosa mais
palatável.
Recentemente , o professor doutor Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira,
palestrante internacional, numa palestra em Imperatriz não precisou
de nenhuma dessas técnicas de envolvimento de público para chamar a atenção
para o tema ao qual fora convidado a discorrer na VII Jornada Jurídica da Unisulma: Desenvolvimento e consumo sustentável: a
estratégica para a sobrevivência humana.
Foi a primeira vez que me
deparei com o tema do desenvolvimento sustentável sob a perspectiva do consumo.
Nunca tinha parado um instante sequer
para pensar sobre o assunto.
Sabe aquela frase clichê
dita em palestras shows, ou mesmo nas
pregações e encontros
motivacionais de que “depois desse encontro vocês não conseguirão ser mais os
mesmos”? O palestrante não precisou
utiliza-la, e nem precisava. Com o que
foi dito ali dificilmente quem ouviu atentamente saiu a
mesma pessoa do local do evento.
“A humanidade estará extinta
em 400 anos se não houver uma regulação do consumo” alertou o professor induzindo a plateia a
refletir, a partir do agora, sobre o
futuro do planeta caso não haja um processo global de positivação de
mecanismos legais que venham a regular o
consumo de bens e serviços. É
nesse ponto que o professor Edson, que é economista e engenheiro, disse que “só o
Direito para regular o consumismo”.
Se esse ritmo de consumo, estimulado de forma intermitente por uma mídia
cada vez mais competente, e baseada em altos estudos psicológicos, vai determinar o fim da humanidade daqui a 400 anos, eu nem você, sabemos; o certo é que o experiente professor conseguiu
a proeza de chamar a atenção para um tema que não faz parte das nossas
preocupações diárias: o desenvolvimento
sustentável (sob as primas do consumo) ao qual Edson apontou como pilares a Justiça Social,
Sustentabilidade Ambiental e a eficiência econômica.
De fato, preocupamo-nos com
quase tudo nessa vida, menos com a situação em que deixaremos o nosso já tão
sofrido Planeta para as futuras gerações ambientalmente falando.
Diante da dita sociedade de
consumo surge, na opinião do professor Edson Aparecida, além do processo regulatório
para que não se extinga os recursos naturais do Planeta, a necessidade de
um cidadão com consciência o bastante
para saber consumir o que se tem, e que
aprenda a reduzir, reutilizar e reciclar.
O cientista falou ainda sobre
a questão da energia elétrica e da água, este último ele chamou de “o petróleo
do futuro”. Agora, haja espaço para
resenhar a palestra do professor Edson, por isso, vou parar de falar sobre a
palestra que ele fez, bem aqui. Creio que foi possível dividir um pouco com o
leitor a fala dele.
Para completar o ciclo das
inquietações ambientais da Jornada Jurídica da Unisulma, na sexta-feira, pela
manhã, sob a orientação do professor Artur Alexandre Barros da Costa, na série
o Direito e a Sétima Arte, foi
apresentado o filme Alimentos S/A, um bem elaborado documentário que versa sobre a relação do
homem com o que ele come; os impactos da produção em massa de alimentos, os alimentos transgênicos, a fome no mundo, a
força e a influencia das grande indústrias de alimentos cujo principal compromisso é com o lucro e não
matar a fome no mundo.
Diante desses dois
compromissos acadêmicos, dos debates realizados, um da noite de quinta e o outro na manhã de
sexta-feira, não tem como não nascer uma
inquietação permanente sobre essa
questão da sustentabilidade, tema recorrente na sociedade, mas pouco vivido.
Sobre o chamado consumo
doentio, para encerrar a coluna de hoje,
fica aqui algumas questionamentos
para nós “consumidores conscientes e inconscientes” fazermos sempre que houver possibilidade: o que
consumimos? Como são produzidos, e qual a origem dos alimentos que consumimos? O
que se produz? Consumimos demais ou
menos? Como baratear os alimentos e
evitar o desperdício? Há alimentos para
todos?
São questões primárias que
certamente nos levarão a um pensamento inicial
sobre nosso comportamento diante da
cada vez mais ávida sociedade de
consumo.