Por Domingos
Cezar
Jornalista/ambientalista
Meu caro governador. Há mais de uma semana que desejo me
dirigir a Vossa Excelência para demonstrar a minha preocupação, insatisfação,
indignação e até decepção com uma atitude de seu governo. Entretanto, as festividades
da abertura das Olimpíadas no Rio, me inspiraram e motivaram a tornar pública
essa minha inquietação, transformada agora em denúncia.
Milhões de pessoas que assistiram a abertura das Olimpíadas
em todo mundo, observaram a preocupação da coordenação dos Jogos, com relação à
necessidade de se preservar o meio ambiente. Porém, não é assim que pensa e age
o seu governo, o qual vem demonstrando não estar nem um pouco preocupado em
preservar os poucos ecossistemas que nos restam no sul do Maranhão.
Governador Flávio Dino, o rio Tocantins está secando numa
velocidade que vem surpreendendo todos nós que cuidamos e extraímos dele nossa
sobrevivência, a exemplo de ribeirinhos, pescadores, vazanteiros, barqueiros e
barraqueiros, no período de veraneio nas praias das diversas cidades banhadas
pelo majestoso rio, nos estados do Goiás, Tocantins, Maranhão e Pará.
Os grandes riachos e igarapés que alimentavam o rio Tocantins
com suas águas estão morrendo, alguns já morreram pela ação nefasta do homem.
Prova maior é que riachos que cortam Imperatriz, os quais conheci quando
menino, caudaloso e piscoso estão todos mortos. Refiro-me aos riachos Bacuri,
do Meio e Capivara, e o riacho do Cacau que está agonizando. Eles não mais
alimentam o Tocantins.
A derrubada indiscriminada das matas ciliares do rio
Tocantins, dos riachos, restingas, lagos e lagoas, têm colaborado
significativamente, com esse processo de destruição. Se não temos restingas,
lagos e lagoas, não têm como os peixes procriarem, daí porque a maioria das espécies
como pacus, piabanha, jaraquis, filhote, dourada, piaus, ladina, entre outras, desapareceu
ou foi extinta.
Mais ao sul do estado, na divisa do Maranhão com o Piauí não
é diferente. Ambientalistas e lavradores estão denunciando que a ação dos grandes
produtores colabora com a seca verificada nos rios e riachos da região. O rio
Itapecuru, que nasce na região Sul e que corta todo o Maranhão na direção Norte
também está morrendo deixando claro que esse problema não é apenas nosso, mas
de todo o Estado.
Governador Flávio
Dino, há poucos anos atrás, a então governadora Roseana Sarney e o então
secretário de Estado do Meio Ambiente, Washington Rio Branco, acertadamente
instalaram em Imperatriz, uma Diretoria Regional da SEMA, tendo como titular, o
advogado Daniel Macedo. É certo que o órgão não teve a atuação que desejávamos,
mas considero como se fosse um bom começo.
Agora, quando se acreditava que o Governo do Estado fosse
ampliar e estruturar ainda mais essa Diretoria Regional, o senhor Flávio Dino
fez o contrário. Reduziu o órgão ambiental em um “quiosque” e o instalou dentro
de um shopping de Imperatriz. Gostaria que o senhor governador recebesse essa
minha Carta Aberta como uma crítica construtiva, no desejo de que ele reveja
sua atitude e atenda meu apelo, estruturando e ampliando a Diretoria Regional
da SEMA e que o órgão atue, não apenas concedendo licenças ambientais, mas na
salvação de nossos ecossistemas.
*Domingos Cezar, Ambientalista, Diretor
da Fundação Rio Tocantins, ex-Conselheiro Municipal de Meio Ambiente, de
Açailândia e de Imperatriz, ex-conselheiro Estadual de Meio Ambiente.