8/09/2016

CARTA ABERTA AO GOVERNADOR FLÁVIO DINO


Por Domingos Cezar
Jornalista/ambientalista

Meu caro governador. Há mais de uma semana que desejo me dirigir a Vossa Excelência para demonstrar a minha preocupação, insatisfação, indignação e até decepção com uma atitude de seu governo. Entretanto, as festividades da abertura das Olimpíadas no Rio, me inspiraram e motivaram a tornar pública essa minha inquietação, transformada agora em denúncia.

Milhões de pessoas que assistiram a abertura das Olimpíadas em todo mundo, observaram a preocupação da coordenação dos Jogos, com relação à necessidade de se preservar o meio ambiente. Porém, não é assim que pensa e age o seu governo, o qual vem demonstrando não estar nem um pouco preocupado em preservar os poucos ecossistemas que nos restam no sul do Maranhão.

Governador Flávio Dino, o rio Tocantins está secando numa velocidade que vem surpreendendo todos nós que cuidamos e extraímos dele nossa sobrevivência, a exemplo de ribeirinhos, pescadores, vazanteiros, barqueiros e barraqueiros, no período de veraneio nas praias das diversas cidades banhadas pelo majestoso rio, nos estados do Goiás, Tocantins, Maranhão e Pará.

Os grandes riachos e igarapés que alimentavam o rio Tocantins com suas águas estão morrendo, alguns já morreram pela ação nefasta do homem. Prova maior é que riachos que cortam Imperatriz, os quais conheci quando menino, caudaloso e piscoso estão todos mortos. Refiro-me aos riachos Bacuri, do Meio e Capivara, e o riacho do Cacau que está agonizando. Eles não mais alimentam o Tocantins.

A derrubada indiscriminada das matas ciliares do rio Tocantins, dos riachos, restingas, lagos e lagoas, têm colaborado significativamente, com esse processo de destruição. Se não temos restingas, lagos e lagoas, não têm como os peixes procriarem, daí porque a maioria das espécies como pacus, piabanha, jaraquis, filhote, dourada, piaus, ladina, entre outras, desapareceu ou foi extinta.

Mais ao sul do estado, na divisa do Maranhão com o Piauí não é diferente. Ambientalistas e lavradores estão denunciando que a ação dos grandes produtores colabora com a seca verificada nos rios e riachos da região. O rio Itapecuru, que nasce na região Sul e que corta todo o Maranhão na direção Norte também está morrendo deixando claro que esse problema não é apenas nosso, mas de todo o Estado.

 Governador Flávio Dino, há poucos anos atrás, a então governadora Roseana Sarney e o então secretário de Estado do Meio Ambiente, Washington Rio Branco, acertadamente instalaram em Imperatriz, uma Diretoria Regional da SEMA, tendo como titular, o advogado Daniel Macedo. É certo que o órgão não teve a atuação que desejávamos, mas considero como se fosse um bom começo.

Agora, quando se acreditava que o Governo do Estado fosse ampliar e estruturar ainda mais essa Diretoria Regional, o senhor Flávio Dino fez o contrário. Reduziu o órgão ambiental em um “quiosque” e o instalou dentro de um shopping de Imperatriz. Gostaria que o senhor governador recebesse essa minha Carta Aberta como uma crítica construtiva, no desejo de que ele reveja sua atitude e atenda meu apelo, estruturando e ampliando a Diretoria Regional da SEMA e que o órgão atue, não apenas concedendo licenças ambientais, mas na salvação de nossos ecossistemas.


*Domingos Cezar, Ambientalista, Diretor da Fundação Rio Tocantins, ex-Conselheiro Municipal de Meio Ambiente, de Açailândia e de Imperatriz, ex-conselheiro Estadual de Meio Ambiente.  

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