O Rio Tocantins, que voltou
a ficar abaixo do seu nível normal para essa
época do ano, foi disparado o tema
dominante ontem nas “redes sociais” em
Imperatriz, principalmente nos grupos de
WhatsApp.
Ainda pela manhã o superintendente da Defesa
Civil do município Chico do Planalto anunciava que o rio estava há dois metros e 52 centímetros abaixo do normal e que começava a
prejudicar a navegação. Depois disso vieram a publicação de dezenas de fotografias que confirmaram a informação da Defesa Civil. As fotografias mais chocantes vieram do
município de Tocantinópolis, onde seria possível em alguns trechos chegar a pé
até o meio do rio.
A situação do rio revelada ontem é igual à do mesmo período do ano passado quando o Maranhão se assustou
a baixa repentina do nível do rio, algo que segundo um pescador aposentado, ele
não via desde a década de 1970. O rio
baixou tanto ano passado que um ribeirinho conseguiu chegar a cavalo até a
“Prainha do Meio”
No grupo “Amigos Políticos”
onde estão dezenas de formadores de opinião, como políticos ( com e sem mandato), secretários,
municipais e estaduais, jornalistas, blogueiros, estudantes e profissionais
liberais foi onde os debates mais se
prologaram com a exposição das “teses e
antíteses” sobre as causas da seca do rio.
Grande parte dos debatedores
apontaram as hidrelétricas como as causadoras dessa que é considerada “uma tragédia
ambiental”. “Em nome de Jesus essa
hidrelétrica, com apoio da população e do Ministério Público Federal vai sair
da região” disparou o secretário
municipal de Planejamento Urbano Fidelis Uchôa. “ Essa hidrelétrica {
Estreito} causou um grande impacto
ambiental. Só trouxe prejuizos” reforçou o blogueiro Jhivago Sales.
O superintendente da Defesa
Civil discordou na hora dos dois. Para ele
a seca é provocada pela falta de chuva na cabeceira do rio fato que, segundo
ele, obrigou a hidrelétrica de Serra da
Mesa a operar com uma vazão de 400
metros cúbicos por segundo. Lajeado que
normalmente opera com 16 mil metros, está com cinco mil, enquanto Estreito não
alcança os 3, 5 mil metros por segundo, diferente dos usuais 12 mil.
“Com a falta de chuva o rio
sempre se entendeu. A verdade é que a
hidrelétrica está matando o rio” replicou o blogueiro Jhivago Sales.
“Não creio que isso seja um
fenômeno da natureza. O rio estava cheio até pouco tempo. Para secar desse
jeito seria necessária todos os dias uma temperatura de 40 graus” teorizou o debatedor
Willamy Figueira.
“Acredito que a maior causa
dessa fenômeno é o assoreamento e o mau uso das cabeceiras opinou o empresário
Alair Chaves de Miranda, que defendeu a aplicação da legislação protetiva que já existe sobre o tema.
Já a juíza aposentada Maria
das Graças Sousa, acredita que a seca é
provocada , além da morte dos afluentes, pela destruição do bioma cerrado que abriga grande parte das nascentes dos
afluentes do Rio Tocantins.
Outras opiniões se
sucederam. “Pode não ser um fator determinante, mas contribui assim como a morte
dos afluentes pela poluição ou represamento criminoso, o assoreamento, a
devastação da vegetação ciliar, tudo soma” disse
um debatedor.
Outro arrematou: “Estão esquecendo do esgoto in natura , fora os riachos
que também foram transformados em canais
de esgoto” ressaltou um outro.
Há poucos dias o grupo Força
Tarefa Rio Tocantins realizou junto com a Comissão de Meio Ambiente da Câmara
Municipal, uma audiência pública na qual
foi mostrado um estudo sobre a atual
situação dos riachos que cortam a cidade e desagua no Tocantins. Apresentado
pelo químico e professor da UEMASUL Jorge Diniz, o estudo mostra que dois ( Santa Tereza e do Meio) já
estão praticamente mortos e os outros no mesmo caminho. No estudo o professor aponta possíveis
soluções que necessitariam de uma
intervenção forte do poder público na três esferas.
Num ponto todos convergiram:
a necessidade de todos se unirem para evitar a morte o rio seja com ações
preventivas ou repressivas. Nesse sentido os empresários Ivanildo Tavares
(Start Mídia) e Richardson Lima ( Gráfica Center) se colocaram a disposição com
suas estruturas para apoiar as iniciativas para a preservação do rio.