Elson Araújo
Relatórios produzidos pela Companhia do Desenvolvimento do Vale do Parnaíba e do São Francisco (Codevasf) e pela Superintendência da Defesa Civil do Município serviram de âncora para a reunião promovida durante toda a manhã de ontem (quarta-feira, 4) no auditório das Promotorias de Justiça de Imperatriz para tratar de ações preventivas contra uma possível nova enchente no Riacho Cacau. O encontro foi chamado pelo promotor titular da Promotoria do Meio Ambiente, Jadilson Sirqueira de Souza. 

No início deste ano, pela primeira vez, em décadas, o Cacau transbordou a ponto de desalojar pelo menos 500 famílias só em Imperatriz, principalmente na região do Parque Alvorada. Ruas praticamente desapareceram, postes de energia elétrica foram arrancados, casas destruídas e dezenas de animais mortos. O Alvorada, conforme o chacareiro Remi Lopes, até hoje conta prejuízos.

Em Davinópolis, além de desalojar dezenas de famílias, houve o registro de um óbito. Estragos também foram registrados em João Lisboa, Senador La Rocque e Buritirana. O Riacho Cacau tem sua nascente localizada na divisa desses dois últimos municípios.
Ambos os relatórios relatam o problema, que pode se repetir caso não haja nenhuma intervenção antes da chegada da chuva, e sugere soluções. A principal e imediata é a desobstrução de toda a calha do Riacho, da nascente até sua foz.
No caso de Imperatriz, o documento da Defesa Civil aponta pelo menos oito pontos críticos do Cacau que precisam ser atacados. O secretário municipal da Infraestrutura, Zigomar Filho, garante que a partir da próxima segunda-feira o primeiro ponto já sofrerá uma intervenção.
Os outros municípios presentes na reunião, alegando falta de uma orientação técnica e até mesmo de recursos, não apresentaram ainda nenhum plano de ação, mas se postaram dispostos a se consorciarem aos demais municípios para enfrentar a situação.
Para essa primeira reunião de trabalho, como denominou o promotor Jadilson, foram convidados representantes de todos os municípios banhados pelo Riacho Cacau.  Imperatriz compareceu com a Defesa Civil, e as secretarias do Meio Ambiente, Planejamento Urbano e  Infraestrutura.  Davinópolis enviou dois representantes. Senador La Rocque, o próprio prefeito Dário Silva fez questão de acompanhar e de participar. De todos, apenas João Lisboa e Buritirana não enviaram ninguém.
Além das autoridades municipais, o encontro contou ainda com a presença de representantes da população atingida, da chefia da representação local  da Secretaria de Estado do Meio Ambiente,   da OAB e ambientalistas, como a juíza aposentada Maria das Graças, e Aluísio Melo, que tiveram a oportunidade de dentro do contexto da reunião apresentar sugestões de ações a curto, médio e longo prazos. Todas as sugestões foram anotadas e, segundo o promotor Jadilson Sirqueira,  vão para um relatório que  também servirá para instruir um Inquérito Civil Público que ele abriu para apurar as responsabilidades das consequências da enchente, que  se sabe foram provocadas pela ação humana.
O promotor Jadilson Sirqueira  informou que vai se reunir com os colegas  do Ministério Público  que atuam em João Lisboa e no município de Buritirana para que também chamem à responsabilidade o poder público local para que também realizem ações preventivas, uma vez que há uma compreensão que ações isoladas ajudam mas não resolverá o problema se todos {os municípios} não fizerem cada um sua parte.

CODEVASF 

O diagnóstico da situação do Riacho Cacau foi realizado depois de um encontro dos moradores do Parque Alvorada com ex-prefeito e hoje assessor do Senado Roberto Rocha, Sebastião Madeira. Os dois, o ex-prefeito e o senador, foram pessoalmente até a direção da Codevasf, que providenciou a imediata vinda do engenheiro Igor Soriano.  
A Codevasf é uma empresa pública que inicialmente se destinava ao fomento do progresso das regiões ribeirinhas  do rios São Francisco e Parnaíba e seus afluentes, contudo, em 2017 uma Lei de autoria do Senador Roberto Rocha  também estendeu seu raio de ação para a bacia do Rio Tocantins e  de outros rios maranhense. Hoje a empresa pode operar em todo o Maranhão.,

Depois da relatório feito pelo engenheiro Igor Soriano, a direção da Codevasf garantiu ao senador e ao ex-prefeito Madeira que faria uma intervenção preventiva no leito Riacho Cacau. Cobrada, a empresa tem alegado questões orçamentarias e por isso ainda não deu início ao serviço, mas que a ação se encontra programada