ElsonMAraujo
Os
filhos de Imperatriz são aqueles cujo natalício ocorreu aqui. Mas a cidade
também tem seus filhos adotivos. Aqueles de outras regiões do Brasil e do
exterior que escolheram a cidade para fazer morada, constituir família, empreender
e progredir na vida. A cidade, ao longo dos anos, tem sido uma grande e
acolhedora mãe que hoje abriga filhos naturais ou adotivos, de toda natureza.
A
regra é que um filho, ou um pai, ou uma mãe, se amem mutuamente, numa relação
de reciprocidade, com cada um zelando um do outro, e juntos, cidade e cidadão, a
contribuir com o crescimento e o desenvolvimento de cada um. É lamentável que
hoje sinta-se em Imperatriz a prevalência de uma acentuada escassez de
reciprocidade com reflexos negativos em todo organismo citadino.
O
que conhecemos como infraestrutura é o mais sentido, mas outros setores também
são atingidos. Podemos, por exemplo, num futuro não muito distante, sofrer
falta de água potável se não houver uma intervenção no cuidado com a fonte que
nos abastece. Já são anos de maus tratos. Falo do Rio Tocantins. Os riachos
(afluentes) que ali desaguam, se transformaram em valas de esgoto e já estão
praticamente mortos. Para lá também acorrem os eflúvios humanos e não humanos,
sem qualquer tratamento. Ruim para a saúde do rio e da população, trágico para
as gerações futuras.
Sempre
faço essa pergunta: será que ainda tem jeito?
Será que não daria para diminuir os impactos disso tudo, e pelo menos
retardar o que pode ser considerado, pelo quadro de hoje, uma tragédia
anunciada, que será a falta de água potável? Acredito que já haja tecnologia
para isso, mas nenhum setor se manifesta. Na questão ambiental também estamos à
deriva.
Aí
vem a coleta deficitária do lixo, que se agrava com a falta de consciência
ambiental de quem gera os resíduos, acondicionado de qualquer maneira; e muitas
vezes nem isso. Veja como amanhece todas as manhãs nosso principal cartão
postal, a Beira Rio! E como nosso rio, a
cada dia, se transforma num depósito de lixo. É de fazer dó.
Até
hoje o aterro sanitário da cidade não foi concluído. O lixo hoje é fonte de
energia e de riqueza, quando seletivamente recolhido, mas pode se tornar um
caso de saúde pública se não for adequadamente recolhido e acondicionado, de
igual modo.
É
patente que essa escassez de reciprocidade não é só em relação cidade e
cidadão, mas também entre o poder público e a cidade. Certo é que o cidadão
precisa fazer sua parte, e nesse aspecto todos sabem o que não deve ser feito,
mas a parcela maior da responsabilidade é do executor do contrato social,
no caso o ente público, que recebe nossos impostos para devolvê-los na forma de
serviços públicos e não o faz, como deveria. A via, não tem sido de mão
dupla.
É
de se questionar! O que adianta uma cidade com uma geografia privilegiada,
construída por brasileiros de várias partes do Brasil e do mundo, com um rio
maravilhoso, o segundo maior rio genuinamente brasileiro, uma cidade que obedece
a direitinho o regime de chuvas, que abriga a maior fábrica de celulose do
mundo, com inúmeros cursos de graduação, incluindo três de medicina, sendo dois
públicos, e um comércio forte, se a mesma não recebe os cuidados necessários
para se desenvolver?
Sou
até muito otimista, mas pelos problemas não enfrentados e que só se acumulam, a
cidade corre o risco de sofrer um processo continuo de involução e ferir de
morte as gerações futuras. Tal qual uma empresa, uma cidade mal conduzida por
sua gente pode falir.
Avalio
que o quadro é de natureza grave, e que é necessário que a cidade reaja sob
pena do comprometimento do futuro da cidade. É preciso que se pense, se projete
e se articule um futuro menos sombrio para Imperatriz com o objetivo de, pelo
menos, a gente se aproximar da cidade, na qual verdadeiramente queremos morar e
deixar de herança para os outros que virão.