ElsonMAraujo
Pelas saudáveis provocações da
Academia Imperatrizense de Letras (AIL) e do Instituto Histórico e Geográfico
de Imperatriz (IHGI), pela primeira vez na história não passou em brancas
nuvens o aniversário da elevação de Imperatriz, de vila para cidade.
As provocações ganharam ainda
mais força pelo fato dos idos cem anos da lei, assinada pelo presidente do
Estado Godofredo Mendes Vianna, que em 22 de abril de 1924, transformou a
pequena vila na hoje pujante Imperatriz.
Foram poucos os eventos e
raríssimas manifestações. No saguão da Prefeitura houve um pequeno encontro,
com pouquíssimos espectadores. A Assembleia de Deus promoveu uma celebração
especial no Templo Central, e a Câmara Municipal, por iniciativa do vereador e
historiador Carlos Hermes, e convocação do presidente da casa vereador Alberto
Sousa, uma reunião solene com diversas autoridades. Menos da metade dos 21
vereadores atendeu ao chamamento, mas valeu a inciativa, que acabou sendo a
mais importante das citadas. Tratou-se de um rico reencontro da cidade com uma
parte esquecida da nossa história.
A data da elevação faz parte do capital
histórico do município, mas, nunca comemorado. É que com o passar dos anos ganhou
força mesmo, a não menos importante data da fundação, 16 de julho de 1852.
Tenho uma teoria passa esse fato. O fundador Frei Manoel Procópio, segundo os
registros históricos, não se limitou a fundar a povoação. Por aqui ele passou
20 anos cumprindo o papel religioso, sem, no entanto, deixar de lado a
militância política. Esse ativismo do padre, deve ter ajudado a consolidar o 16
de Julho, como a “data da cidade” .
Se o 24 de abril não fora definitivamente
esquecido e acabou celebrado, ainda no modo acanhado, pela primeira vez,
justiça seja feita; deve-se à insistência de acadêmicos como Edmilson Sanches,
membro da AIL e também do IHGMA e do IHGI de Imperatriz, que sempre que a
ocasião permitia lembrava desse até então relegado fragmento histórico da nossa
cidade.
Neste 2024 do centenário,
tanto a AIL, quanto o IHGI, as duas casas de cultura histórica literária mais
importantes desta banda do Maranhão têm gerado debates, textos e palestras
sobre o tema.
Destaco aqui, mais uma vez, o
acadêmico Ribamar Silva, que nas suas pesquisas encontrou até copia da lei
que nos elevou à categoria de cidade, e
hoje é um especialista no assunto. Tanto, que lançou uma espécie de desafio
para os historiadores que se interessam pelo tema, que é levantar, encontrar
documentos sobre algum movimento levado a efeito pela elite política/econômica
daquele tempo para convencer o então governador Godofredo Vianna da elevação de
Imperatriz de Vila, para cidade.
Tarefa difícil, pois não há,
porque segundo Ribamar Silva, não
existiu. A cidade só foi saber da boa
nova muito depois. Tendo sido apanhada de surpresa.
Como
não há documentos que demonstrem algum movimento em torno da luta pela elevação
de Imperatriz à categoria de cidade, seguindo o curso dos acontecimentos que
marcaram a povoação desde sua fundação cabe especulações ou teorias.
O
próprio Ribamar Silva tem a sua. Ele
acredita que possivelmente a presidência do Estado tinha alguns critérios para
tal iniciativa.
“Possivelmente
quando determinada povoação atingia um certo número de habitantes ganhava esse
direito” especula o pesquisador, que recorda que no mesmo ano também foram
elevadas à categoria de cidade as vilas de Carutapera, São Francisco e Icatu.
Naquele
tempo estimava-se que a população total de Imperatriz era 9.331 habitantes, dos
quais residiam na área urbana cerca de mil pessoas.
Eu
também tenho a minha teoria. A vila já tinha uma determinada movimentação
econômica tendo as águas do Rio Tocantins como indutoras da economia local,
inclusive com a exportação de mão de obra para os castanhais do Pará. Na nossa
beira do rio já havia uma grande movimentação comercial e certamente, apesar
das dificuldades de comunicação, o governo da época tinha conhecimento disso.
Sendo assim, pelo número de habitantes e pelo que a cidade já movimentava
economicamente não havia outro caminho a não ser a elevação.
A apatia politica de 2024 é
muito distinta dos anos de 1852 até por volta de 1872, anos marcados pelo forte
ativismo político do religioso Manoel Procópio, cujos registros históricos
comprovam que permaneceu por aqui por 20 anos. E não ficou quieto; tanto que, a
militância junto a outras lideranças políticas que aqui surgiram, como Amaro
Bandeira, resultou em 1856 na Lei Provincial 398, que elevou a povoação à
categoria de vila com a denominação de Vila Nova da Imperatriz, desmembrado do
município de Chapada, atual Grajaú.
Na época dele havia uma
disputa política entre A Vila Nova da Imperatriz e Porto Franco, e pela Lei
Provincial 524/ 1859, a sede da Vila foi transferida para a sede daquela.
Procópio e os de sua época,
continuaram com o ativismo político e conseguiram, por meio da Lei Provincial
631/1862, a transferência da sede da Vila de Porto Franco para Imperatriz até
que 62 anos depois, a nossa Imperatriz foi elevada á condição de cidade com a
denominação de Imperatriz, pela pela Lei Estadual n.º 1.179, de
22-04-1924
Manoel
Procópio, evidentemente não estava mais entre nós, pois faleceu na Bahia em
1886, com mais de 70 anos mas, deve
teria ficado orgulho com a semente que plantou, gerou frutos e se tornou a
grande árvore, que hoje é nossa querida Imperatriz.