1/01/2011

Em entrevista a O Progresso Madeira faz balanço dos dois anos de governo

Por Denis Oliveira

Sábado, 1º de janeiro de 2011. Há dois anos Sebastião Madeira assumia a Prefeitura de Imperatriz. Em três oportunidades anteriores (1992, 1992 e 2000) o hoje prefeito concorreu, sem sucesso, ao cargo. Por fim, em 2008, o então candidato saiu vencedor do pleito, assumindo o cargo dois meses depois, no início de 2009.

Em entrevista exclusiva, concedida a O PROGRESSO, Madeira faz um balanço dos seus dois anos como prefeito, fala sobre a expectativa para os próximos dois anos e sobre o momento econômico por que passa a cidade.

O PROGRESSO - Prefeito Madeira, nestes dois primeiros anos de governo, quais foram as suas prioridades?

Madeira - Quando você assume um governo você vem com muitas expectativas, vem com toda uma vontade e, ao assumir, você é impactado pela realidade.

Pela realidade das contas municipais, pela realidade da cidade. Nestes dois anos nós procuramos enfrentar os problemas da cidade em todas as áreas. Entre eles, o problema de organizar a administração; promover reformas; corrigir distorções na parte funcional do município; assumir passivos financeiros na Previdência; assumir passivos financeiros em dívidas, como a Petrobras, que os dois governos anteriores acumularam dívidas na Petrobras, e todas estas dívidas eu tive que assumir sob pena de o município ficar inadimplente.

Por outro lado, na área de infraestrutura nós recuperamos e enfrentamos muitos problemas pontuais, como um trecho no Centro da cidade, na rua Piauí; na rua Floriano Peixoto; na Euclides da Cunha, na Vila Nova; na General Gurjão, no Bacuri; na rua Amazonas, no Centro. Trechos que eram como gargalos no trânsito da cidade. Fizemos a mudança no [sentido do] trânsito da Bernardo Sayão e, para isso, precisamos revitalizar a rua Santa Teresa e transformá-la em avenida.

Nós tínhamos também várias obstruções na cidade por pontes que já não davam passagem, então, construímos vinte e uma pontes, sendo vinte de madeira e uma de concreto. Pontes de madeira, principalmente, no [rio] Capivara, no grande Santa Rita e no Bacuri, na região da grande Vila Nova. Fizemos uma ponte de concreto no Bacuri. Estamos fazendo uma outra ponte de concreto na Coronel Manoel Bandeira, próximo ao Central Park. Estamos recuperando as estradas do interior, as estradas vicinais. Enfim, fizemos um amplo trabalho na área de infraestrutura.

O PROGRESSO - Em relação às demandas da cidade: como o senhor avalia as realizações destes primeiros  dois anos? E o que mais será feito nos próximos dois?

Madeira - Claro que esse trabalho não é suficiente para toda a cidade mas, nos próximos dois anos, nós temos, já contratados, muitos convênios com o Governo Federal, onde nós vamos ter uma ação muito forte, também, nos bairros, principalmente, na região da grande Vila Nova, do Maranhão Novo, no grande Bacuri, incluindo aí o bairro da Caema, o Parque do Buriti e o Parque Anhanguera.

Estamos na grande Cafeteira realizando as obras do PAC I, que tem causado enorme sofrimento para a população. Mas esse sofrimento vai passar e a população vai receber um conjunto de bairros totalmente saneado. E temos, também, para o grande Santa Rita, muitas obras pontuais, como a rua Raimundo de Moraes; a rua Santa Rita; a rua Padre Cícero; a rua Bom Jesus; a Petrônio Portela; a rua H, no Novo Horizonte; as ruas do bairro Santa Inês. Eu acho que o saldo foi muito positivo nestes dois anos e, nos próximos dois, já partindo dessa base, nós temos a certeza que o trabalho será muito maior e com muito mais resultado.

O PROGRESSO - Qual era a situação da Prefeitura quando o senhor a assumiu?

Madeira - Estava com o funcionalismo em dia. A dívida que nós tínhamos era de 106 milhões de INSS, o município devia; tínhamos próximo de 20 milhões de FGTS; e uns 7 milhões de uma dívida com a Petrobras.

O FGTS e o INSS foram pagamentos que deixaram de ser feitos ao longo das administrações anteriores, e o Governo Federal editou uma Medida Provisória exigindo que os municípios financiassem essa dívida em 240 meses, e nós fizemos a adesão e estamos pagando cada mês uma parcela desses 106 milhões.

Do mesmo modo o FGTS. Tivemos que fazer um parcelamento da dívida para pagar em muitos anos, e cada mês temos que depositar a parcela. E tivemos, também, que fazer um parcelamento de uma parte ainda do ex-prefeito Jomar [Fernandes], que dá uma parcela superior a 100 mil reais por mês.

Há uma dívida, também, do governo Ildon [Marques], que dá uma parcela em torno de 170 mil reais. Juntando as duas parcelas, fica próximo de 300 mil reais por mês financiado durante toda a minha administração.

O PROGRESSO - Se os prefeitos anteriores deixaram dívidas, por que o senhor resolveu pagá-las antes de dar início aos seus projetos de governo?

Madeira - Eu tive que fazer isso porque, se não fizesse, o município ficaria sem receber nenhum recurso. O município ficaria inadimplente. O INSS, se não fizer [o pagamento], não só fica inadimplente como ficam bloqueados os recursos do município, de FPM, de Fundeb... essa organização foi o primeiro ano todo para fazer. Um dos maiores problemas de Imperatriz é a dimensão da cidade, é a dimensão dos seus problemas e a receita, que é insuficiente para enfrentar esses problemas e enfrentar o dia a dia da administração.

O PROGRESSO - Ser prefeito de Imperatriz é aquilo que o senhor imaginava quando ainda era apenas candidato?

Madeira - Quando você assume você tem um projeto. Você tem uma ideia. Quando você assume tem que encarar a realidade. Depois de conhecer os problemas, você tem que fazer a adaptação do seu projeto para a realidade do município.

Quando você está fora pensa uma coisa, quando chega é outra. Muita coisa do que eu pensava eu não pude fazer. Em compensação, outras que eu não achava que fosse possível, acabei fazendo. Por exemplo, nós conseguimos um novo PAC para a região da Vila Nova no valor de 56 milhões, só com os recursos do Governo Federal. Mais a contrapartida [do município], vai para 58 [milhões].

Quando eu era só candidato não sabia, não tinha essa perspectiva de que pudesse acontecer isso. Com o Governo do Estado eu tinha uma expectativa, porque o governador, quando eu era candidato e quando eu assumi, era o dr. Jackson Lago. Logo depois que eu assumi ele foi cassado e eu tive que me adaptar a uma nova realidade e, com essa nova realidade, eu consegui uma parceria com a nova governadora, Roseana [Sarney]. Ela fez convênios em torno de quase 6 milhões, dos quais já pagou a metade, a outra metade ainda está pendente.

O primeiro convênio, de 3 milhões, o Estado pagou a metade e, com essa metade, nós fizemos 12 Km de asfalto. Estamos aguardando a liberação da outra metade para poder continuar a obra.

Convênios com emendas [parlamentares]. Emendas do deputado João Batista, emenda do senador Edison Lobão. O do deputado João Batista foi para a avenida Jacob, além de um recurso que ele colocou no Socorrão, no valor de 600 mil, dos quais o Estado já pagou a metade. E a emenda do Lobão para o Jardim São Luís, para as ruas Carajás e José Bonifácio, que a metade já está depositada na conta do município, está licitada, aguardando a empresa começar a obra. Então, a perspectiva é diferente. Quando eu assumi com uma perspectiva, com o governador Jackson Lago, tive que me adaptar à realidade, com a governadora Roseana [Sarney].

O importante é que, mesmo num quadro diferente, nós conseguimos fazer a parceria com o Governo do Estado e, agora, no início de seu novo governo, há a sinalização de que essa parceria com o município vai continuar e que vamos continuar conseguindo recursos para enfrentar os problemas de Imperatriz.

O PROGRESSO - E em âmbito federal, qual a situação da administração municipal?

Madeira - Em relação ao Governo Federal, tive a parceria de muitos parlamentares, como o deputado Davi, o deputado Flávio Dino, o deputado Cleber Verde, o deputado Brandão, o deputado Dutra, o deputado Ribamar Alves, a deputada Nice Lobão, o senador Edison Lobão.

Todos colocaram emendas em Imperatriz. Emendas essas que, agora, estão em licitação e que nestes próximos dois anos serão deslanchadas e colocadas em obras que beneficiarão Imperatriz, além do esforço que nós fazemos com recursos próprios fazendo as pequenas obras. Agora mesmo, estamos fazendo uma drenagem lá em Lagoa das Cobras, em parceria com a população. A população comprou 200 manilhas de 600 milímetros e o município está fazendo a obra. Temos sempre outras parcerias. Fizemos uma parceria com os médicos da Clínica de Radiologia, fizemos 600 metros de asfalto, fizemos uma parceria com a Honda, com seu Osmar da Chaparral. Fizemos também uma parte da rua Hermes da Fonseca, que dá acesso à Vila Lobão. Então, estamos procurando todos os caminhos para maximizar os recursos.

O PROGRESSO - E quanto aos recursos do município, como estão sendo aplicados?

Madeira - Com recurso próprio nós fizemos a avenida Santa Teresa, com recurso próprio, fizemos a rua Tamandaré, e com recurso próprio vamos resolvendo estes outros problemas pontuais, além da manutenção da cidade. Quando você entra em uma rua que não tem buraco, é como doença, quando você está sadio você não valoriza, porque não está sentindo dor. Você só valoriza a saúde quando está doente. Você só valoriza o trabalho que está feito quando a cidade está esburacada. Quando está sem buraco você nem olha, passa e é como se fosse natural. Só que, para manter a cidade neste estágio, há um gasto mensal muito grande.

Nós gastamos, por dia, em torno de 50 toneladas de asfalto para manter a cidade do jeito que está, tapando os buracos que o dia a dia vai produzindo na cidade. O somatório disso é um gasto razoável. Quando chega o fim do ano, foram gastos milhões de reais só para manter a cidade no seu funcionamento normal.

O PROGRESSO - Que nota o senhor dá à sua administração?

Madeira - Sobre a minha administração, é difícil eu próprio dar uma nota. Eu prefiro que a população me dê uma nota. Agora, para [a cidade de] Imperatriz eu dou 10. Para Imperatriz, para o seu povo, para a vontade de fazer. Tanto que eu tive uma reunião com o diretor da Coca-Cola, estava lá junto com o [Ilson] Mateus, e eles elogiaram muito a mão-de-obra de Imperatriz. Disseram que os funcionários contratados em Imperatriz estão acima da média pelo esforço, pela vontade e pela dedicação.


O PROGRESSO - O senhor já tem definido o seu futuro  político após encerrar os quatros anos à frente da Prefeitura?

Madeira - Tinha um ministro da Justiça, durante o regime Militar, que, para cada pergunta de um jornalista, ele dizia: "O futuro a Deus pertence". É muito difícil você dizer isso [sobre o futuro político], porque em uma administração dessas você está no olho do furacão. A cada dia você tem que enfrentar todos os tigres e todos os dragões. Naturalmente, o meu futuro político depende do desempenho à frente da administração de Imperatriz, não dá para prever hoje. Pertence a Deus esse futuro.

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