Um sentimento de insegurança, em relação ao futuro do País, toma conta de todo brasileiro que hoje para um pouco para pensar. Diante da conjuntura atual ninguém sabe mais com exatidão o que há de vir. O cenário nacional é de uma incerteza cortante.
O Governo Federal apresenta sinais de fragilidade facilmente detectável ao se observar as tomada de decisões açodadas e débeis recentemente adotadas, e em seguida "desadotadas", ao sabor dos acontecimentos, comportando-se como quem quisesse simplesmente estancar uma hemorragia, ou aplicar um analgésico tópico. Não soube, até agora, e não apresenta sinais de quem saiba, lidar com o imponderável, como por exemplo, a inesperada onda de protestos que tomou conta recentemente do País.
Como já dizia Goeth é na limitação que se revela o mestre, e infelizmente hoje quem conduz a nação ainda não se apresentou como tal.
Enquanto metade do " gigante" permanece em estado letárgico, a outra metade, a que realmente banca a estrutura do poder governamental estabelecida com seus impostos e tributos mil, inquieta-se e vai às ruas reclamar o que lhe cabe nesse imenso e vazio latifúndio: a sua parte no chamado contrato social e que não é lhe servida como direito.
No Brasil, nos últimos anos, não tem valido a pena abrir mão de direitos a favor desse monstro chamado Estado já que não se tem quase nada em troca. O que temos é uma máquina de poder corrompida e corrupta que não consegue satisfazer o cidadão nas suas condições básicas de saúde, educação, segurança, e até no singular direito de ir e vir.
É fato: evoluímos muito em termos de carga tributária, uma das maiores do mundo, e involuímos em termos de respostas do Estado ante aos anseios da sociedade.
O Estado, adverte André Mauro Lacerda, não pode perder de vista o cidadão. É isso que observamos hoje: esse cidadão cada dia mais distante dos benefícios a que tem legitimidade e direito.
Nesse turbilhão de problemas nacionais detecta-se uma guerra dentro do próprio poder: Executivo, Judiciário e Legislativo travam barulhentas batalhas para saber quem tem o maior controle dentro da estrutura de poder estabelecida. É um interferindo no outro. A tão propalada independência e harmonia entre si há muito deixou de existir, e pouca gente se apercebe disso.
O Executivo não cumpre com fidelidade sua nobre missão; o Judiciário, como assinala o jurista Walber de Moura Agra, tornou-se um poder absoluto, e precisa de freios; e o Legislativo, para o mesmo jurista se tornou uma oligarquia.
Num momento de antevisão, em meados de Maio, portanto antes dos protestos, a eminente ministra do Supremo Tribunal Federal- STF Eliana Calmon, numa brilhante palestra num congresso de estudantes de Direito, em Natal-RN, defendia em alto e bom tom a necessidade de se proteger , à luz da Constituição, os direitos do cidadão. Dizia que: " não temos segurança pública, não temos segurança jurídica e que para se viver bem era preciso que quem nos rodeia também viva bem". A ministra defendia naquela ocasião o que chamou de empoderamento do cidadão a partir de uma mobilização nacional para a tomada dessa consciência.
E é essa tomada de consciência defendida profeticamente pela ministra naquele congresso que se vislumbra agora diante desse conjunto de conflito de interesses, e mesmo de egos, entre os entes do Poder estabelecido. O povo foi pra rua.
Essa guerra das variáveis de poder por hegemonia termina por fragilizar o poder central, e é nessa condição que se ver emergir o mais poderoso dos poderes: o poder do povo, o poder popular.
Por fim, diante do que se ouve e vê, independente da crise que grassa diversas nações , não se pode perder a esperança. O Brasil pode sim, ser uma grande nação principalmente se o poder estabelecido começar a combater os males que a corroem, entre eles um dos mais letais: a corrupção.
O povo brasileiro tem nas mãos a oportunidade e o poder de provocar de modo real uma profunda mudança de rumos no País.
Já temos as bases de uma grande nação, precisamos, apenas, de fato e de direito, sê-la.