O poema Canção do Tamoio, do maranhense Gonçalves Dias, pelos dias de hoje bem poderia
traduzir a figura do empresário Ribamar Cunha, um homem, que na avaliação do prefeito
Sebastião Madeira, era um forte que sempre acreditou no futuro de Imperatriz.
Seu Ribamar chegou nesse
lado do Maranhão numa época muito difícil.
Enfrentou inúmeras dificuldades, contudo, nunca desistiu de Imperatriz. Veio, viu, gostou e ficou.
Foi mecânico e relojoeiro, constituiu uma família numerosa, e graça a muito trabalho e dedicação tornou-se, anos depois, no capitão de um dos grupos empresariais mais importantes do Maranhão.
Foi mecânico e relojoeiro, constituiu uma família numerosa, e graça a muito trabalho e dedicação tornou-se, anos depois, no capitão de um dos grupos empresariais mais importantes do Maranhão.
Se pudesse voltar agora e
dizer algo aos seus filhos certamente seu Ribamar lançaria mão das palavras do caxiense Gonçalves Dias e diria:
Não chores, meu (s) filho (s);
Não chores, que a vida
É
luta renhida:
Viver é lutar.
A
vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.
II
Um dia vivemos!
O
homem que é forte
Não
teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.
Seu Ribamar, a quem tive o prazer de
conversar, e entrevistar certa vez na
sua terra natal, Pastos Bons, foi antes de tudo, um bravo, um desbravador
desse lado do Maranhão. Não fugiu, aqui ficou, e aqui foi um vencedor até a morte.
Fica aqui nosso lamento pela morte de
tão importante figura do cenário político e empresarial maranhense.
PERFIL
Parte do perfil do empresário Ribamar
Cunha, que tinha 83, anos, pode de ser extraída de uma matéria especial feita pelo jornalista João Rodrigues ( O
Estado do Maranhão) no ano em que este completara 77 anos. Antes
de virar empresário o pai do deputado estadual Leo Cunha foi mecânico e
relojoeiro.
“Para
progredir na vida, é preciso planejamento”,
ensinava o experiente empresário.
Abaixo a
reprodução do texto
IMPERATRIZ- A comemoração das bodas
de ouro da união com dona Maria Odília de Sousa Cunha, há uma semana, é o
prêmio mais recente recebido pelo empresário José de Ribamar Cunha, de 77 anos,
que tem no planejamento uma filosofia de vida.
Conhecido por comandar, ao lado dos
filhos, uma das maiores indústrias de café do estado, o Café Viana, ele mantém
investimentos em outras áreas e revela que tem vários projetos a serem
executados nos próximos anos.
Natural de Pastos Bons (MA), José de
Ribamar Cunha é um homem tranqüilo, de poucas palavras, mas obstinado. Foi esse
espírito desbravador e a necessidade de encontrar um local melhor para viver
que o trouxeram a Imperatriz, no dia 26 de junho de 1960. Na época, ele era
mecânico de automóveis – um de seus muitos ofícios antes de se tornar
empresário – e as perspectivas de novos negócios em Imperatriz foram tantas
que, dois meses depois, ele voltou para buscar a família.
“Já era casado e, se eu ficasse ali,
não teria campo para me desenvolver, e eu precisava procurar uma terra que me
desse meios para progredir. E aqui você podia ter 10 negócios para desses
escolher um. Em todos você tinha a possibilidade de crescer”, frisou.
As boas perspectivas eram resultado
da abertura da rodovia Belém-Brasília, que tornou Imperatriz conhecida em
várias partes do país como uma espécie de novo eldorado dos negócios, condição
reconhecida por ele que a define como “a terra prometida”.
“Eu considero (Imperatriz) a terra
prometida, porque eu sonhava e não sabia onde ela existia. Eu sempre dizia para
minha esposa que, se eu chegasse num lugar onde tivesse progresso, eu seria
capaz de ganhar, de lutar para fazer tudo o que eu pensasse. E aqui foi a terra
onde eu encontrei e não foi uma terra tão longe”, ressaltou.
Como previa Ribamar Cunha, alcançar a
situação atual foi resultado de muito trabalho e algumas privações. A própria
viagem de vinda da família foi um sacrifício que terminou oito dias depois e
precisou de três caminhões para ser realizada. É que, dadas as péssimas
condições das estradas, os carros quebraram pelo caminho várias vezes.
“Viajei em três transportes para
poder chegar aqui. Lembro que na estrada só existia areia, poeira e buracos.
Passei oito dias, mas cheguei aqui para ficar e não pretendo sair”, destacou.
Antes de se tornar empresário do ramo
de café, José de Ribamar da Cunha desempenhou diversas atividades. De mecânico
passou a relojoeiro, atividade desenvolvida por quase 20 anos, mas, depois, o
empreendedorismo falou mais alto.
“Viajei em três transportes
para poder chegar aqui. Lembro que na estrada só existia areia, poeira e
buracos. Passei oito dias, mas cheguei aqui para ficar e não pretendo sair”
“Comprei porque naquela época
indústria de café era uma concessão do IBC (Instituto Brasileiro do Café). você
não podia montar por conta própria. teria que comprar de alguém. E assim eu
fiz”
Primeira empresa foi adquirida há 40
anos, em Imperatriz
Com algumas economias, Ribamar Cunha
passou a comprar mercadorias (secos e molhados) em armazéns de Anápolis (GO) e
revendê-las em toda a região. Foi assim por vários anos, até que ele pudesse
adquirir a primeira empresa, o Café Viana, atualmente a maior indústria da
região e uma das maiores do estado.
Na época, devido à grande burocracia
imposta pelo governo para abertura de empresas desse ramo, ele acabou por
comprar a indústria de dois empresários goianos que mantinham monopólio na
venda de gás de cozinha para toda a região e, por isso, não tinham a indústria
como prioridade.
“Comprei porque naquela época
indústria de café era uma concessão do IBC (Instituto Brasileiro do Café). Você
não podia montar por conta própria. Teria que comprar de alguém. E assim eu
fiz”, assinalou, acrescentando que a indústria era sediada no povoado Bela
Vista, que hoje pertence ao município tocantinense de São Miguel. A
transferência da empresa para Imperatriz foi automática.
Com a aquisição, ele passou a
priorizar a indústria, mas, em pouco tempo, começou a investir na pecuária,
ramo que orgulha-se em dizer ter começado com poucas cabeças de gado.
“Eu comecei com 12 vacas e dessas 12
vacas hoje eu não sei quantas tenho, mas tirei leite, criava e recriava e
engordava e hoje, de uns 10 a 15 dias para cá, me dediquei só mesmo à recria e
engorda”, pontuou.
Para ele, o clima da região é
propício para a criação de gado o ano inteiro e nem mesmo em meses de estiagem,
como setembro e outubro, é possível ter prejuízos, quadro que torna essa
atividade bem atrativa.
O crescimento da região possibilitou
a expansão dos negócios e a incursão do empresário por outras áreas. Ribamar
Cunha anunciou estar plantando eucalipto, cuja produção de madeira será para
alimentar uma cerâmica que ele está inaugurando, ao mesmo tempo em que também
passou a plantar seringa, de olho no mercado externo.
“Ainda hoje eu continuo dando
expansão a uma plantação de seringueira, de eucalipto para necessidades
próprias das minhas indústrias do café e da cerâmica. Eu planto seringueira,
mas não é para mim. É porque vejo o Brasil necessitando”, justificou. Pelas
contas dele, em 2007 o país precisou de 330 mil toneladas de borracha e a
produção nacional foi apenas de 108 mil toneladas.
Família foi a base para a
prosperidade
A máxima popular “o bom filho é um
bom pai” aplica-se bem a Ribamar Cunha, que tem na família seu recanto seguro,
a base da qual não abre mão de viver. Isso se explica desde a vinda para
Imperatriz, quando trouxe seus pais para morar com ele e com o nascimento dos
filhos passou a delegar responsabilidades a cada um deles nos negócios.
Periodicamente, ele cobra relatórios de resultados das empresas e é quem dá a
ultima palavra quando é preciso aumentar ou reduzir os investimentos em
determinada empresa e um detalhe: ele dá expediente e cumpre agenda rigorosa.
“Todos os dias eu tenho compromisso.
O pior dia para mim é o domingo, porque não tenho que fazer agenda para esse
dia”, comentou, acrescentando que “o planejamento para mim sempre foi uma meta,
da qual ninguém pode fugir se quiser progredir na vida”.
“Eduquei meus filhos para todos
ficarem aqui e todos estão aqui comigo. Só tem uma que mora no Rio de Janeiro”,
revelou o empresário, que adotou uma estratégia bem particular na formação dos
filhos, conforme as áreas que pretendia explorar. “Não tive como estudar.
Naquele tempo, tudo era muito difícil. Os estudos eram em São Luís e só quem
estudava mesmo eram filhos de coronéis”, frisou. Mesmo assim, ele deixou claro
que não tem ressentimentos de seus pais.
ATUAÇÃO: O sucesso
empresarial não subiu à cabeça de Ribamar Cunha. Pelo contrário. Ele fez
questão de participar de várias momentos importantes na vida de Imperatriz,
onde orgulha-se de ter colaborado com vários segmentos da sociedade.
O reconhecimento pelo serviços
prestados à cidade que escolheu para viver veio em 2002, quando recebeu a
Comenda Frei Manoel Procópio, conferida pela Prefeitura de Imperatriz.
Na cidade, ele mantém, há mais de 10
anos, patrocínio para a Escolinha de Futebol Janduí e, recentemente, comandou
os destinos do time do Imperatriz. Sobre o clube, ele lembrou que estava no Rio
de Janeiro quando tomou conhecimento, pela imprensa, de notícias ruins sobre a
cidade, como a incidência de crimes, e acabou por adotar o time pelo período de
dois anos. O objetivo dele com essa iniciativa foi elevar o nome de Imperatriz
em nível nacional de forma positiva, o que acabou acontecendo por ocasião da
participação do time na Copa do Brasil contra o Sport Clube de Recife.
Ribamar Cunha acabou deixando o clube
dois anos depois, mas tranqüilo pela missão comprida e só se ressente da falta
de apoio à equipe por parte do empresariado. Atualmente, o filho dele, Léo
Cunha, é o presidente do Imperatriz, mas, se dependesse de Ribamar Cunha,
também já estava na hora de entregar o cargo pelo mesmo motivo.
Do alto dos seus 77 anos de idade, o
empresário Ribamar Cunha demonstra preocupação com os jovens, a quem sempre
aconselha o estudo como meio de alcançar os objetivos e consumo consciente,
visando sempre a economia para o futuro. “Comprar em cheque pré-datado, usar o
crédito que lhe dão e comprar o que não necessita só lhe deixará escravizado,
mas quem tiver a consciência, a força e o talento para economizar as coisas e
só comprar o necessário, mesmo ganhando pouco, poderá amanhã ter um patrimônio
também”, aconselhou.
NOME: José de Ribamar Cunha
PROFISSÃO: Empresário
NATURALIDADE: Pastos Bons (MA)
DATA DE NASCIMENTO: 12/06/1931
PAIS: Leovegildo Cunha e Maria
Vegilda Cunha
ESPOSA: Maria Odenilda de Sousa Cunha
FILHOS: Alzira, Ribamar Filho, Leo,
Neilame, Edson, Wdson e Odenice
RELIGIÃO: Católica
ALEGRIA: Ouvir música
TRISTEZA: Saber que não sou imortal
QUALIDADE: Gostar de trabalhar
DEFEITO: Ser muito sentimental
HOBBY: Trabalho