De O Globo.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG),
pré-candidato à Presidência da República, montou um time de estrelas jurídicas
— que inclui três ex-ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e
especialistas em Direito na área digital — para a guerra política que vai ser
travada durante a campanha eleitoral. Cada um terá uma área específica de
atuação. O núcleo digital da defesa do senador descobriu que parte dos ataques
virtuais à imagem do tucano partiu de dentro de órgãos públicos, como a
Eletrobras e a prefeitura de Guarulhos, comandada há 14 anos pelo PT.
— Identificamos uma atuação
simultânea contra o senador Aécio Neves em diversos pontos do país. Muitos
partindo de computadores situados em órgãos públicos. Inclusive já temos
comprovação de que um dos ataques partiu de dentro da Eletrobras — afirmou a advogada
Juliana Abrusio, do escritório Opice Brum.
De acordo com Juliana Abrusio, a
utilização de computadores da estatal para ataques ao senador não é o primeiro
identificado num órgão público. Ontem, a “Folha de S. Paulo” publicou que Aécio
foi vítima de ações que partiram de computadores da prefeitura de Guarulhos, na
Região Metropolitana de São Paulo.
Procurada pelo GLOBO, a assessoria de
imprensa da prefeitura de Guarulhos informou que foi aberta uma investigação
para apurar a denúncia. Ainda de acordo com a assessoria, a prefeitura
desconhecia o uso das instalações municipais para ataques a políticos. — Há uma
atuação simultânea, em locais diferentes, utilizando perfis compartilhados ou
seja, o mesmo perfil é acessado por pessoas em diferentes cidades, o que
representa uma organização. Há evidências de que esses grupos agem como
quadrilhas virtuais — acrescentou a advogada.
A descoberta aconteceu depois que
Aécio conseguiu, na Justiça, quebrar o sigilo contratual de clientes de 27
empresas que prestam serviços relacionados à internet, com o objetivo de
descobrir quem estava por trás de páginas com o nome “Aécio Boladasso”.
Segundo Juliana, já é possível dizer
que há uma rede coordenada para fazer ataques virtuais ao pré-candidato tucano
em diversos estados. — Contratamos peritos para avaliar e investigar as contas
criadas para denegrir a imagem do senador. Estamos assustados com o número de
ofensas virtuais que já estão acontecendo — disse a advogada. Além de Juliana,
o advogado Renato Opice Blum também estará atento ao uso de técnicas como robôs
virtuais para viralizar boatos contra o tucano.
Eleição judicializada
Há outros cinco juristas sob a
coordenação do deputado Carlos Sampaio (SP). Os ex-ministros do TSE Carlos
Eduardo Caputo Bastos e Marcelo Henriques Ribeiro de Oliveira serão
responsáveis por cuidar dos assuntos relacionados ao tribunal em Brasília. O
advogado José Eduardo Rangel de Alckmin, que também foi ministro do TSE e é
primo do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), vai cuidar dos
recursos nos estados e acompanhar os candidatos a governador. Já o
ex-subprocurador-geral da República José Roberto Figueiredo Santoro, que tem
bom trânsito no Ministério Público Federal, vai atuar na área criminal e nos
casos de improbidade administrativa.
— A eleição será muito judicializada,
trabalhar com o PT em uma disputa nacional é muito difícil, eles tangenciam a
legalidade sem nenhum receio. Por isso, optei por organizar uma forma
metodológica de trabalho em equipe. Um não vai interferir no trabalho do outro,
mas todos vão trabalhar de forma conjunta e complementar. Apesar das
competências específicas, todos serão ouvidos, e faremos conferência quando
tivermos um debate maior — explica o deputado Carlos Sampaio, que também é
advogado.
Auxiliando o parlamentar na
coordenação jurídica da campanha estão os advogados Flávio Henrique Pereira da
Costa — da liderança do PSDB na Câmara — e o advogado Gustavo Kanffer, que
defende o partido.