5/19/2014

“PINGO NO I” : ENTREVISTA DO PREFEITO MADEIRA AO JORNAL PEQUENO. Saiu no Domingo e causou grande repercussão


 "É preciso que o próximo governante tenha a disposição de integrar o Maranhão. Romper com situações de acomodação onde uns tem muito e outros, migalhas",diz Madeira.

Em entrevista ao Jornal Pequeno, o prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB), fala francamente de sua decisão de não apoiar a candidatura de Edinho Lobão (PMDB) ao governo do Estado e afirma enfaticamente que está convencido de que Flávio Dino (PCdoB) “é o melhor para o Maranhão”.

Madeira lembra que tinha o compromisso de apoiar Luís Fernando e acredita que agora, mesmo com a decisão de apoiar o candidato de oposição ao grupo Sarney, não sofrerá retaliação da governadora Roseana.

“Roseana tem dito que ama Imperatriz e retaliar a cidade, porque o prefeito e a maioria ampla da população rejeitam seu candidato, não será uma decisão de amor”, afirma Madeira, nesta entrevista:

Jornal Pequeno – O senhor apoiava o pré-candidato Luís Fernando ao governo do Estado e agora recusa apoio a Lobão Filho. O que mudou?

Sebastião Madeira – Mudou tudo. Tudo! Mudaram as personalidades e as perspectivas. As pessoais enquanto motivação política e principalmente as perspectivas para o Maranhão e seu povo.

JP – De fato, o que mudou?

Madeira – Luís Fernando era o candidato, uma escolha pessoal da governadora Roseana Sarney. Um nome e um quadro extremamente bem avaliado no Maranhão, e por isso respeitado, inclusive, entre os adversários. Foi a partir desse conceito que nos aproximamos a ponto de incorporar sua candidatura como minha. Conheci suas ideias e seus projetos para fazer no Maranhão uma administração que fizesse a diferença. Que trouxesse para nossa gente as soluções que todos nós ansiamos. Em nome deste projeto, cheguei a ir de Imperatriz a Presidente Dutra, uma viagem, entre tantas, de mais de 1.200 quilômetros, percorridos de carro para junto com ele, fazer encontros em busca de apoio político. Infelizmente, trabalharam contra a candidatura de Luís Fernando e deu no que deu.

JP – Por conta desta mudança, chegaram a lhe chamar de traidor?

Madeira – Eu? Não é verdade! Isso é coisa daqueles que, sem argumento, querem enfiar goela abaixo suas verdades. Isso acabou desde a vitória de Jackson Lago, a quem apoiei na vitória e na derrota. Minha posição sempre foi conhecida, na decisão de apoiar um candidato do governo, Luís Fernando e no enfrentamento, de não apoiar um candidato do governo, como agora no caso do Edinho Lobão. Traidor? Um homem que teve a coragem de dizer desde a primeira hora: – Meu compromisso é com Luís Fernando. O Maranhão inteiro ouviu ou leu isso. Só não ouviu ou não leu quem não quer entender, quem tem outros interesses. Aí é outra história. A resposta virá nas ruas. Mas, traidor mesmo é quem trabalhou contra a candidatura de Luís Fernando, que era uma escolha pessoal da governadora Roseana Sarney. Ao derrotarem essa candidatura, esses sim, traíram Roseana.

JP – O senhor diz que não apoia o pré-candidato do governo, mas continua a apoiar candidatos a deputados que estão ao lado do governo, como Chiquinho Escórcio, Leo Cunha e o deputado Pádua. Não é uma contradição?

Madeira – Não é uma contradição, é uma questão de respeito a compromissos anteriormente assumidos. Esse compromisso eu assumi e vou respeitar.

JP – Dizem que a governadora teria lhe cobrado outra posição, por conta dos convênios liberados para sua administração em Imperatriz. É verdade?

Madeira – É mentira! A governadora é uma mulher decidida. Governadora por três oportunidades e melhor que ninguém, conhece uma decisão embasada no acreditar de objetivos. Ela só chegou onde está, porque lutou por suas crenças. Quando estive com ela, expliquei minha posição, minhas discordâncias, ponderamos, e é natural que algum questionamento surja. É parte da conversa, mesmo até, para tentar convencer a outra parte a mudar, tomar outra decisão. Na segunda oportunidade, fui recebido pelo presidente Sarney e nossos pontos de vista foram colocados, ouvidos, debatidos e ficamos onde estamos. O presidente, de uma educação ímpar, ouviu. Naturalmente, não foi o resultado que ele gostaria, mas saí do Palácio dos Leões, como sempre entrei, pela porta da frente. E assim vou voltar, quantas vezes for preciso.

JP – Sua escolha, então, está tomada: é Flávio Dino?

Madeira – Flávio Dino, além de ser minha escolha, é a escolha do povo de Imperatriz. Escolha essa que não difere na população de outras cidades. Então, como a eleição é estadual, Flávio Dino é quem melhor representa os interesses do Maranhão.

JP – Como o senhor analisa a hipótese da candidatura de João Castelo ao Senado, sendo que já existe uma decisão em torno do nome de Roberto Rocha?

Madeira – João Castelo tem uma ampla folha de serviços prestados ao Maranhão. Só não foi vereador e deputado estadual. É natural, mesmo até, porque faz parte da natureza do político em exercer mandato faz parte da natureza humana, ter objetivos, e Castelo é assim, inquieto. Mas minha posição é a de quem nesse momento não pode e nem deve interferir. Por quê? Porque eu apoiava outra candidatura, estava em outro campo de luta e o meu partido (PSDB) através do seu presidente estadual, deputado Carlos Brandão, já conversava com os partidos que formam a coalizão de partidos que apoiava Flávio Dino. Ficou esse entendimento em torno do Roberto.

JP – Mas essa decisão do Castelo não interfere nesse entendimento?

Madeira – Eu disse em Imperatriz na quinta-feira, durante um evento com Flávio que o PSDB de Imperatriz é só solução. Só entendimento. A questão é mais ampla. Na Região Tocantina, por exemplo, o ex-prefeito de Açailândia, Ildemar Gonçalves é meu amigo. Somos aliados desde antes, estimulei-o para ser candidato a senador e dessa candidatura saiu para ser eleito e reeleito prefeito. Em todas essas lutas estive em seu palanque, em suas caminhadas, seus discursos. É um grande nome para ser vice nessa composição que faz a oposição, mas nem por isso, tive as condições de defender o seu nome, em respeito a todos os acertos políticos que já haviam sido efetuados. A minha expectativa é de entendimento, sempre. Não há dedos sem mão. Não há vitória pessoal sem aliados. Por isso, a minha confiança que possamos deixar de lado o interesse pessoal, seja quem for, A ou B, de qualquer partido, para em nome de todos consolidar através de Flávio Dino, a vitória do Maranhão.

JP – Apoiar Flávio Dino, que aparece como favorito, não é oportunismo?

Madeira – Que é isso? Eu apoiava um candidato que a maior parte da mídia massacrava todos os dias. Não crescia, mas eu apoiava. Onde estava o oportunismo? Eu tenho é coragem. Apoio o Flávio Dino por uma questão de entendimento. Como deputado ele deu demonstrações efetivas de um político que sabe o que é direito difuso, capaz de trazer ao povo do Maranhão os benefícios de uma administração capaz de resolver problemas. É desse entendimento que eu afirmei não acreditar que o outro candidato, Edinho Lobão possa fazer um bom governo. É desse entendimento que eu acredito ser Flávio Dino o melhor candidato.

JP – O senhor é o único prefeito até o momento que teve coragem de sair do grupo do governo para apoiar um candidato de oposição. O senhor não teme ser retaliado?

Madeira – Não penso nisso. A governadora em mais de uma oportunidade, quando da inauguração da UPA e em suas confraternizações de final de ano, tem declarado e cantado seu amor por Imperatriz. Nesse momento em que ela está finalizando sua administração e tomando inclusive, uma decisão dura, que é a de ficar sem mandato, retaliar a cidade, porque o prefeito e a maioria ampla da população rejeitam seu candidato, não será uma decisão de amor. Não tenho medo de ser retaliado, mesmo até porque a vida de prefeito, aliado ou não, é de muitas dificuldades. Pergunte a qualquer prefeito. É grande a falta de recursos. Vamos, se for o caso, embora, repito, não acredito em retaliação e se ela vier, não somente eu, mas toda a cidade de Imperatriz vai ficar profundamente decepcionada. Agora, o que eu espero é que eu não fique sozinho, que outros colegas, ouçam as vozes das ruas e busquem nessa eleição, a vitória, que de todos, será a vitória do Maranhão.

JP – Por fim, o que o senhor espera de Flávio Dino?

Madeira – Eu espero muito. É preciso que o próximo governante tenha a disposição de integrar o Maranhão. Romper com situações de acomodação onde uns tem muito e outros, migalhas. Um exemplo? Imperatriz! Faça um levantamento de quais recursos foram efetivamente aplicados na cidade e você verá que nem de longe, se compara proporcionalmente ao que foi liberado para São Luís. Se você pegar a soma dos recursos recebidos pelos municípios da região tocantina e do sul do Maranhão que somados tem a mesma população de São Luís você verá a desproporção. Equilíbrio na aplicação de recursos e nas prioridades é um passo.

JP – E na educação?

Madeira – Na educação, para se ter uma ideia, do total de quarenta vagas abertas em Imperatriz para o curso de Medicina, apenas cinco são ocupadas por filhos da cidade. E quantos tentaram entram? Centenas. Não entraram por quê? Porque a qualidade de nosso ensino é baixa. É lamentável. Sou formado na escola pública, sou de família humilde e sabemos da importância que a educação tem para mudar a vida das pessoas. Mas, isso começa pela política de governo. Se ela não é capaz de integrar o Maranhão, de diminuir as desigualdades, vamos ficar eternamente como um Estado de grande potencial que não se realiza nunca. Uma distribuição mais igual de recursos entre as cidades, uma política eficaz de inserção via educação, representa apenas um começo.

JP – Mas há carências enormes em outras áreas…


Madeira – Claro. Há outras necessidades. Mas o que espero de Flávio Dino é que ele tenha olhos e ouvidos para ver e entender o anseio da nossa gente e compreensão para ser dinâmico. Espero um governo que não veja o Maranhão como uma ilha, e sim, como um estado inteiro, sem rupturas proporcionando ao cidadão mais comum, o acesso às coisas mais básicas. É para isso que existe governo. É para isso que existe governante. E só pleno funcionamento das políticas públicas justifica a existência de ambos. É isso que espero de Flávio Dino. Que ele faça um governo, que ele seja o governador com a estatura que o Maranhão e nosso povo tanto anseiam.

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