Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
(Guilherme Arantes)
Por Elson Araújo
Em tempos de protestos, bem que os
rios, riachos, lagos e lagoas que ainda restam limpos, e livres da poluição, poderiam
se juntar num “mar só” e inundar a consciência dos homens e mulheres da
Terra e assim, para o bem das gerações futuras, desperta-los
verdadeiramente para a necessidade de se cuidar e preservar os 3%
de água doce, de acordo com os cientistas, que cobrem o mundo onde vivemos.
Parece um absurdo que num planeta onde
75% da sua superfície seja coberta por água apenas 3% seja própria
para o consumo humano e a produção de alimentos, mas essa é uma realidade que
nos rodeia. Apenas um terço da água dos rios, lagos, lençóis freáticos
superficiais e atmosfera, é acessível. O resto se concentra em
geleiras, calotas polares e lençóis freáticos profundos, portanto, temos
razões de sobra para nos preocuparmos.
Sinto um frio na barriga quando olho para o nosso Rio Tocantins, fonte de vidas e riquezas, e de inspiração para tantos poetas, tantos escritores e fico a imaginar que tudo aquilo ali na minha frente um dia pode desaparecer uma vez que hoje se sabe que água potável é um recurso finito, quando não se cuida, quando não se preserva.
O que nos assusta mais ainda é que o Tocantins, principalmente em terras maranhenses, não é mais o mesmo. É cristalino o desaparecimento de espécies (peixe) nativos, da devastação da vegetação ciliar, do processo contínuo de assoreamento e do despejo diário de esgoto sem tratamento.
O “ velho Tocantins” que nasce em Goiás e serpenteia por terras maranhenses, tocantinas e paraenses até sua foz no Golfo Amazônico, próximo a Belém, ainda resiste, só não sabemos até quando.
No Maranhão não é apenas o Tocantins a enfrentar “esses ataques ambientais diários”. Outros rios, outras águas também. O Rio Itapecuru, que abastece 75% da Capital São Luís, é outro exemplo. Coincidência ou não, a ilha já começa a sofrer com o problema do desabastecimento d´água. Um problema, não se enganem, que só tende a piorar, uma vez que não há a preocupação, nem uma discussão em andamento sobre o cuidado com nossas águas, as águas do Maranhão.