(Em memória de
Ulisses Braga)
Élson Araújo
Historicamente a
Costa sempre esteve “de costas” para o interior. O sentimento de abandono da
parte interna do Maranhão "é sentido" há mais de cinco séculos. Ao
longo dos anos o sul e sudoeste do Estado têm sido uma voz ativa desse
sentimento tanto, que tal inquietação, há duzentos anos, fez com que se
pensasse na criação da “República dos Pastos Bons” que conforme a história
dessa região, chegou a ter até manifesto.
Foi, a partir desse movimento, que houve a semeadura de uma divisão do Maranhão com o surgimento de um novo Estado, sonhado e anos depois batizado de Maranhão do Sul.
A palavra chave para esse sentimento latente de
rebeldia desse lado do Estado em relação ao poder central, em São Luís, é
abandono/ desprezo.
Imperatriz e a região sempre tiveram
menos do que mereciam. Se não fosse o trabalho pioneiro dos bravos de várias
partes do Brasil e do mundo que acreditaram na força dessa terra, a região não
seria o que é hoje: um grande centro de prestação de serviço, polo guseiro,
educacional e agropecuário e que hoje atrai investidores dos mais diversos
ramos de negócios que enchem de esperança o povo da nossa terra.
O mais importante em torno desse conceito secular de abandono, sendo para alguns uma utopia é a esperança de um dia esse quadro seja
posto a termo com a criação de um novo ente federativo: O Estado do Maranhão do Sul.
O tema volta à lume com o debate
em torno da criação da Associação Pelo Desenvolvimento da Região
Tocantina e do Maranhão do Sul, entidade integrada por jornalistas, professores,
profissionais liberais e líderes
classistas motivados pelo ideal de
emancipação dessa banda desprezada do Estado, luta que , conforme assinala o
jornalista Josué Moura, doravante será sem trégua..
O movimento ressurge
não por acaso, mas no ano em que se
comemora os 23 anos da “Revolução de Janeiro”
como ficou conhecido um dos mais importantes e relevantes momentos históricos da cidade
quando a sociedade civil, partidos,
lideranças políticas diante do caos que
se estabeleceu na administração municipal logo após o assassinato do então
prefeito Renato Moreira ocuparam as
ruas, órgãos públicos, incluindo a sede da Prefeitura e ali permaneceram até a formalização do processo de
intervenção fundamental naquele momento
para restabelecer os rumos da cidade.
O movimento
recebeu do advogado e escritor Ulisses
Braga, o epiteto de Revolução de Janeiro, a Revolta Cidadã. Idealista, o experiente advogado, sonhava que
a partir daquele instante os mesmo atores do “levante” reerguessem a bandeira
da criação do Maranhão do Sul. Tal desejo ele deixou explicito numa de suas
principais obras: Carta Urgente- “Da
revolta cidadã” à utopia Brasil, escrita cinco anos depois do movimento, ao
conclamar:
- Esperamos
que principalmente com eles venha a ser emancipado o Maranhão do Sul, que todos
queremos que seja um Estado cidadão-
O sonho de
Ulisses, o sonho da “Republica de Pastos Bons” vive, e como vive.