9/10/2024

No primeiro turno da eleição em Imperatriz, ataques são terceirizados

 

                                    Dr Delvan Tavares de Olivceira, juiz eleitoral 


 

Elson Araújo

 

Eleição e "esculhambação" são termos que costumam andar de mãos dadas. Em muitas campanhas, as equipes dos candidatos recorrem a métodos questionáveis para atingir seus concorrentes. No Brasil, práticas fora da lei sempre marcaram as disputas eleitorais, mas essas ações ganharam força com a revolução da comunicação impulsionada pelas mídias sociais. A cada pleito, a Justiça Eleitoral se equipa com ferramentas mais rigorosas para coibir e punir tais condutas.

A legislação eleitoral é extremamente dinâmica, passando por mudanças constantes que visam aperfeiçoar o processo e torná-lo mais justo. Fake news, por exemplo, tornaram-se uma verdadeira praga durante as eleições, mesmo com o combate ativo da Justiça Eleitoral. Em resposta, o legislador agiu e, em junho de 2019, a Lei 13.834 alterou o antigo Código Eleitoral de 1965. Com base no princípio da anuidade eleitoral, essa nova lei entrou em vigor em 2020, tipificando como crime a denunciação caluniosa com finalidade eleitoral.

A pena para tal crime varia de dois a oito anos de prisão, além de multa. A legislação prevê punição tanto para quem cria quanto para quem dissemina "informações" sabidamente falsas contra um adversário.

 

O Art. 326-A determina: "Dar causa à instauração de investigação policial, processo judicial, investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa, atribuindo a alguém a prática de crime ou ato infracional de que sabe ser inocente, com finalidade eleitoral.

[...] § 3º Incorrerá nas mesmas penas deste artigo quem, comprovadamente ciente da inocência do denunciado e com finalidade eleitoral, divulga ou propala, por qualquer meio ou forma, o ato ou fato que lhe foi falsamente atribuído."

 

As regras são muitas, e frequentemente se tornam conhecidas apenas quando surgem casos concretos. Desde 2020, é proibido o uso de efeitos especiais, truques visuais, desenhos animados e computação gráfica para enganar o eleitor, práticas comuns em eleições anteriores e que agora podem ser penalizadas. Da mesma forma, a utilização ou manipulação de pessoas consideradas incapazes ou relativamente incapazes (como pessoas com deficiências físicas ou mentais) para cometer crimes com fins eleitorais é uma atitude abjeta que pode resultar na intervenção do Ministério Público Eleitoral.

Imperatriz* – No processo eleitoral de 2024 em Imperatriz, salvo pequenas e inofensivas alfinetadas que esquentaram um pouco os debates, os candidatos a prefeito têm evitado ataques diretos uns contra os outros no primeiro turno. A lógica é simples: ninguém sabe o que o futuro reserva, e adversários ferrenhos de hoje podem ser aliados no segundo turno. O que o eleitor ainda não vê no horário eleitoral, sobra nas redes sociais.

As ações propostas até agora no Juízo Eleitoral, responsável pela propaganda, têm sido nesse sentido: coibir a propaganda irregular, seja a favor ou contra qualquer candidato.

Segundo o juiz eleitoral Delvan Tavares Oliveira, pelo menos 20 ações já foram ajuizadas desde o início do pleito. Por telefone, o magistrado, que analisava um caso de propaganda irregular em um grupo de WhatsApp, afirmou que o papel da Justiça Eleitoral é garantir um pleito equitativo, onde nenhuma candidatura se beneficie de estratégias que contrariem a legislação.

 "As redes sociais, como se sabe, não são territórios sem lei. Seus administradores/gestores precisam seguir o que preconizam as regras legais das eleições", declarou o juiz. Ele acrescentou que, em Imperatriz, a Justiça Eleitoral continuará desempenhando seu papel para garantir eleições limpas.

O uso das redes sociais como armas de ataque e contra-ataque no processo eleitoral é evidente. Em Imperatriz, uma rápida análise revela que grupos de WhatsApp e páginas de Instagram são os meios mais utilizados por candidatos e assessorias para disseminar mensagens a favor de si e contra os adversários, incluindo fake News, mas nenhum desses instrumentos de disseminação das informações estão imunes do alcance da lei.

Diante de tantas regras, que às vezes só se tornam conhecidas na prática, fica evidente que o eleitor deseja eleições limpas e propositivas, cada vez mais consciente e inclinado a rejeitar aqueles que, em vez de apresentar propostas, optam pelo jogo político sujo.

9/03/2024

A psicologia das cores na campanha eleitoral

 

ElsonMAraujo

 

Este ano a campanha eleitoral transformou-se, desde as convenções, numa verdadeira explosão de cores. Cada partido político, quando não adota uma cor única, costuma combiná-la com outras, mas sempre há uma tonalidade predominante. As cores dos partidos ganharam tanta força que, em alguns municípios, os eleitores já identificam sua escolha de voto pela cor da roupa, que não precisa ser necessariamente uma camisa ou adereço relacionado ao pleito. Este fenômeno pode ser atribuído à última campanha presidencial, quando vestir-se de amarelo ou verde era associado a Bolsonaro, e vermelho, a Lula.

Em Imperatriz (MA) todas as campanhas, com exceção da de Justino Filho (PMB), optaram pela predominância de uma cor. Justino, no entanto, adotou um estilo casual, sem se preocupar em seguir o azul que identifica visualmente o Partido da Mulher Brasileira (PMB). Rildo Amaral (PP) escolheu o azul, Josivaldo JP (PSD) foi com o verde, enquanto Mariana Carvalho (10) decidiu usar o amarelo, embora a cor predominante de seu partido seja o verde,  estratégia de se conectar ao bolsonarismo raiz. O Professor Marco Aurélio, representante da federação PT, PV e PCdoB, entrou nas caminhadas com o vermelho, cor historicamente ligada aos partidos de esquerda. Na TV, preferiu um azul claro. O candidato Gabriel Araújo (PCB), de esquerda, optou também pelo vermelho.

O Partido Novo, de Nilson Takashi, tem o laranja como cor oficial, mas o candidato resolveu mesclar a identidade visual da campanha com o verde. Como Justino Filho, Takashi também parece não se importar com a cor da camisa, ao contrário de Rildo Amaral, JP e Mariana, que só participam dos eventos de campanha com camisetas nas cores de suas campanhas.

INFLUÊNCIA DAS CORES

Há muito tempo a psicologia e, depois, os especialistas em marketing e publicidade perceberam que as cores podem influenciar o comportamento das pessoas. Não é por acaso que o verde predomina em hospitais, assim como a escolha das paletas de cores de grandes corporações, como o azul do Facebook, o amarelo da Skol, ou o laranja do Itaú. Por trás dessas escolhas há estudos psicológicos profundos, todos com o objetivo de influenciar o comportamento das pessoas. Essa lógica da publicidade acabou migrando para o marketing político.

Existem cores que acalmam e relaxam, assim como há outras que despertam desejo e excitação. A psicologia das cores tornou-se uma linha de estudo séria, analisando os efeitos emocionais que cada cor pode gerar nas pessoas, influenciando sentimentos e criando desejos. Talvez seja por isso que o “amarelão sol” da Skol remete a calor, e o calor, por sua vez, provoca sede.

Um dos estudiosos do tema, Neil Patel, destaca que, no consumo, “a cor representa 85% da razão pela qual você comprou um produto específico”. Ele aconselha que qualquer empreendedor não negligencie a psicologia das cores em seus projetos, já que uma escolha ruim pode culminar em resultados insatisfatórios.

Com base nesses conhecimentos, é possível inferir que a escolha das cores nas campanhas eleitorais não é aleatória. Há, consciente ou inconscientemente, a intenção de influenciar o comportamento do eleitor.

Em tempos de política polarizada, as cores, que antes apenas compunham a estética de uma campanha, assumem o papel de símbolos ideológicos e emocionais, capazes de atrair ou afastar eleitores, reforçando que, nas urnas, a guerra das cores também é uma batalha de percepções.

Considerando-se as cores das candidaturas postas no cenário político local, eis o que diz alguns estudos;

Vermelho- É frequentemente ligado a sentimentos de paixão, energia e urgência. É uma cor que estimula o apetite, motivo pelo qual é amplamente usada em marcas de alimentos e restaurantes. Ao mesmo tempo, o vermelho pode evocar sensações de perigo ou alerta, refletindo sua ambivalência.

Azul-   Cor que transmite tranquilidade, confiança e serenidade. Não por acaso, é uma das cores preferidas no mundo corporativo, frequentemente associada a marcas que buscam transmitir estabilidade e segurança.

Amarelo- É relacionado à alegria, otimismo e energia. É uma cor que capta a atenção e traz uma sensação de luminosidade e calor. Porém, em excesso, pode provocar irritação ou ansiedade, destacando a importância de seu uso equilibrado.

Verde- É a cor da natureza, representando crescimento, esperança, harmonia e renovação. Está associado a sentimentos de frescor e saúde, sendo amplamente utilizado em produtos naturais ou ecológicos. O verde tem um efeito calmante e equilibrador, o que o torna ideal para espaços que visam promover relaxamento e bem-estar.

Laranja- Cor laranja é associada a alegria e diversão, a sentimentos positivos e otimistas, criatividade. Estimulante da atividade mental. Pode simbolizar confiança.

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