Uma causa para ser boa, para ser
autêntica precisa ser relativamente despida de qualquer interesse pessoal.
Relativa porque a única satisfação tem de ser a do dever cumprido e do, ou dos
resultados coletivos apresentados.
Criança e adolescente, idoso, meio
ambiente, animais; pescadores, negros, índios, reforma agrária, educação,
câncer; pena de morte, aborto, menor idade penal; causas nobres, e não tão
nobres assim, e outras no aguardo de alguém que as empunhem.
Para defender uma causa é preciso
acreditar e gostar realmente dela e estar disposto a usufruir dos bônus e dos
ônus. Vide a ativista brasileira
Ana Paula Maciel, do GreenPeace, presa por
autoridades russas durante um protesto naquele País. No caso dela o ônus foi a prisão, o bônus, o
prazer de ter seu grito ouvido no mundo
inteiro, e depois como efeito colateral,
faturar alguns milhares de reais sendo
capa da Playboy em abril pretérito.
E o que dizer do reacionário
deputado federal carioca Jair Bolsonaro com sua pena de morte? Sete mandatos de
deputado federal conquistados com essa nefanda bandeira. Os mandatos são
os bônus, o ônus, a ira da maioria dos brasileiros que não concorda com a
esdrúxula tese da implantação da pena de morte no País. Diferente da ativista
Ana Paula Maciel, em que pese o beneficio de ter faturado uma grana da capa da revista, a causa do deputado
carioca só beneficia uma pessoa: ele mesmo.
Possuir uma bandeira com olhos para o coletivo é algo, diria
revolucionário, prazeroso e motivador; todo mundo deveria ter uma, duas, três
ou mais. Umazinha só, já seria importante.
Já passei dos 40 e desde que me dei
conta de que havia nascido no Maranhão comecei a ouvir coisas horríveis do
nosso bonito estado que assim ostentaria os piores indicadores sociais do País com reflexos
extremamente desfavoráveis nos índices de desenvolvimento humano da nossa
gente. Certo que, graças a Deus, não somos mais os
piores dos piores, mas precisamos avançar
mais, uma vez que mudamos quase nada. Continuamos na rabeira do desenvolvimento.
Nesse período em que me entendo por
gente a “bandeira” da mudança só tem sido
hasteada em períodos eleitorais, depois
cai no esquecimento para só reaparecer
na eleição seguinte.
Minha tese é de que a bandeira da
mudança, da transformação, tem de ser assumida pelo povo e não apenas, por uns
poucos, em períodos de eleição. Assumida, seja numa atitude responsável e
diária de quem deseja uma sociedade justa, livre e fraterna.
Nós, maranhenses, deveríamos, entre
tantas outras, empunhar essa causa e a ela soltar apenas quando de fato o
Maranhão começar a se transformar, mas uma transformação de verdade. O bom é que não é difícil se apaixonar pela
boa causa do Maranhão e dele nos orgulharmos; defende-lo, sempre que for
preciso.
Nosso Estado tem presa para sair do
atraso, e queiramos ou não, um dos caminhos ainda é o eleitoral. 4. 558.855 de eleitores,
na contagem de 2012, terão a oportunidade de exercer este ano o poder, de num
único dia, após analisar os projetos apresentados, julgá-los, de acordo com
suas consciências e escolher, por meio do pétreo exercício do voto, quais
destes de fato será capaz de comandar as transformações que tanto nós
maranhenses aguardamos.
É hora de hastear e empunhar a
bandeira do Maranhão e dela só largar quando a transformação real começar
a acontecer.