*”Em muito pouco tempo Alcântara terá a maior renda
per capita do Brasil e da América Latina, a exemplo do que aconteceu em Kourou,
na Guiana Francesa, que tem a mesma população de Alcântara, e uma renda per
capita de 15.857 euros”*
*Por Roberto Rocha, senador da República*
Baixada a poeira ideológica, desde o anúncio da celebração do acordo de
salvaguardas tecnológicas entre o Brasil e os EUA, têm ficado mais claro para
os maranhenses a necessidade de nos unirmos em torno da Base de Alcântara, como
uma oportunidade única para mudarmos o destino de nossa terra.
Importante dizer também que os EUA aplicam 0,21% do PIB na indústria
aeroespacial, ou seja, 40 bilhões de dólares. A Rússia, 3 bilhões, China 3
bilhões, Índia 1,2 bilhão, Argentina 1,2 bilhão e Brasil 0,1 bilhão (0,006% do
PIB)
É um acordo usual nesse empreendimento, uma vez que a defesa norte
americana teme que sua tecnologia seja utilizada para fabricação de mísseis.
É preciso que se diga que o texto final do acordo foi fechado antes da
eleição do presidente Bolsonaro. O maior mérito do atual governo foi ter dado
prioridade máxima ao projeto e ainda tê-lo entregue às mãos da pessoa certa, o
ministro Marcos Pontes, cuja biografia já é, por si só, uma garantia de
equilíbrio e determinação na condução da operação. A maneira como o ministro
vem tocando os preparativos, de modo límpido e em franco diálogo com todas as correntes
políticas, tem sido fundamental e inspiradora.
No entanto, três pontos desafiam ainda aqueles que se opõem ao projeto:
a restrição de circulação de brasileiros em áreas especiais, sob controle
norte-americano; o veto ao uso dos recursos do centro de lançamento para
o desenvolvimento do veículo lançador nacional; e a realocação de dezenas de
famílias de quilombolas que vivem na região.
Sobre o primeiro, já ficou claro que essas áreas especiais são para uso
temporário, enquanto a base abrigar tecnologia de ponta, com segredos
industriais. Ainda assim, brasileiros, em comum acordo com americanos, terão
acesso a essas áreas, que são não mais que uma sala para instalação, montagem,
teste e finalização dos componentes de alta tecnologia que serão embarcados.
Uma vez feito o lançamento, desfaz-se essa área especial. Nada mais natural
aliás, nesses tempos de feroz competição espacial.
Quanto ao veto do uso dos recursos para o lançamento do veículo
nacional, é apenas uma desvinculação direta, o que não impede que o Brasil use
os recursos que quiser, do seu orçamento, para desenvolver seu lançador.
A terceira questão não diz respeito ao acordo. *É questão de política interna e
sensibilidade humanitária criar possibilidades para dar às comunidades
quilombolas condições dignas de vida e trabalho.* Nada mais fácil,
aliás, dado o volume de recursos que estará sendo injetado na economia graças
ao uso da base. Eu mesmo fui o primeiro a colocar emenda parlamentar para
comunidades quilombolas de Alcântara e buscar garantir que uma parte dos
recursos da exploração econômica seja destinado a um fundo social para uso
exclusivo das comunidades vulneráveis do Maranhão: quilombolas, quebradeiras de
coco, indígenas, assentados, etc.
E mais, a atual área do CLA já é suficiente para a operação, pelo menos
nos primeiros anos. Ora, se e quando houver necessidade de ampliar será um bom
problema. Significa que a Base estará a todo vapor e as pessoas receberão casas
e equipamentos públicos muito melhores que os atuais.
É sempre bom lembrar que Alcântara tem 1.470 km2, maior que a Ilha de
São Luís, que abriga quatro municípios.
Pacificados esses três pontos, *o
importante é que os maranhenses saibam o que ganharão com a ativação da base.
Não é apenas uma renda a mais, ou uma economia de enclave em que o Maranhão
sirva de hospedeiro para a riqueza alheia.* O melhor exemplo do que pode acontecer pode
ser visto com o desenvolvimento de São José dos Campos, a partir da inauguração
da fábrica da Embraer. Em poucos anos a cidade tornou-se um polo de tecnologias
que hoje abriga centenas de indústrias inovadoras, startups, incubadora de empresas,
universidades e muito mais. É esse o sonho que queremos para o Maranhão.
Em muito pouco tempo Alcântara terá a maior renda per capita do Brasil e
da América Latina, a exemplo do que aconteceu em Kourou, na Guiana Francesa,
que tem a mesma população de Alcântara, e uma renda per capita de 15.857
euros.
À propósito, sabem quanto o Brasil pagou para a Guiana Francesa lançar
seu único satélite, o SGDC? Foram 125 milhões de dólares.
Hoje no nosso planeta tem 2 mil satélites. Daqui a 10 anos serão 10 mil,
a maioria lançado de Alcântara. Então, imaginem...
Claro, para que isso seja possível, o primeiro passo é haver o
entendimento da classe política, para que possamos atuar como uma frente unida
e uníssona em defesa de Alcântara. Essa união assinalaria que todos os partidos
que compõem o espectro político no Estado desejam e apoiam a Base. Desse modo
mandamos o sinal para as representações partidárias na Câmara e no Senado que
esse é um projeto que une todas as forças políticas, empresariais e acadêmicas
do Maranhão.
Deus nos brindou com uma extensa costa cuja proximidade com a linha do
Equador oferece a melhor capacidade orbital do planeta para o lançamento de
satélites. Temos, um de frente para o outro, o lugar mais alto (Alcântara) e o
mais fundo (Porto do Itaqui). Portanto, a melhor janela para os ares e a melhor
porta para os mares. É um presente de Deus que nunca foi desembrulhado. É hora
de mirar o céu e o mar, ajustando o destino de nossa gente.