DO MEIO
A crise da semana começou já sábado. Apareceu publicado no canal do presidente Jair Bolsonaro, no YouTube, um vídeo de seis minutos e tanto no qual o escritor Olavo de Carvalho desce o malho tanto nos militares quanto nos políticos que ascenderam com a onda de direita.
“Esses novos políticos eram caras que estavam liderando as massas na rua”, ele diz. “Tão logo Bolsonaro subiu, eles todos se candidataram a deputado, a senador, e largaram o povão. Todos querem entrar na elite, não querem derrubar a elite. Querem fazer parte do estamento burocrático, como dizia o Raymundo Faoro. É a mesma coisa que o PT fez: na primeira chance, ele virou o estamento burocrático. Tudo o que eles querem é ficar em Brasília e embolsar o dinheiro do governo.”
Durante a curta entrevista que dá no vídeo, Carvalho chama Bolsonaro de mártir. “Dentro do governo é só intriga, só sacanagem, só egoísmo, é só vaidade, é só isso que tem.”
O escritor repetiu também sua tese de que a ação contra o governo Jango, em 1964, foi em verdade dos líderes civis. “Esse pessoal”, disse se referindo aos militares, “subiu ao poder em 1964, destruindo os líderes civis de direita, e sobrou o quê? Os comunistas. Aí eles vêm dizer: nós livramos o país dos comunistas. Não. Eles entregaram o país aos comunistas.”
De acordo com as contas do Painel, o vídeo ficou no ar pelo menos 20 horas até ser apagado, 100 mil visualizações depois. Na manhã de domingo, o vereador Carlos Bolsonaro o compartilhou. Um dos militares ouvidos por Daniela Lima limitou-se a comentar sobre o presidente: “não sabe onde ele quer chegar com esse tipo de coisa.” (Folha)
Há uma briga interna. Sem se expor, o próprio Bolsonaro vem incentivando aliados que ataquem seu vice, Hamilton Mourão. O jornalista Gabriel Mascarenhas ouviu áudios de WhatsApp do presidente vibrando com ataques. Em um deles, fala sobre Mourão: “Em 2022, ele vai ter uma surpresinha.” (Globo) |
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