ElsonMAraujo
A rodovia Belém Brasília foi inaugurada no início da década de
1960 e essa obra mudou para sempre uma ainda acanhada Imperatriz, até então
desconhecida e isolada. A rodovia, saída dos sonhos do visionário mestre maçom
e presidente da República, Juscelino Kubitschek, libertou a terra fundada pelo frei
Manoel Procópio e despertou um grande processo imigratório com a chegada de
gente de todas as regiões do País em busca de uma vida melhor. De carro, a pé,
ou no lombo de animais famílias inteiras na cidade se estabeleceram. E de uma
ora para outra, a população da cidade explodiu.
Naqueles anos, Imperatriz já abrigava uma
incipiente elite, formada por comerciantes, produtores rurais e funcionários
públicos. O caldeirão político era fervente. O jovem contabilista João
Menezes de Santana, que havia trabalhado como contador na construção da Belém/Brasília,
depois de uma ferrenha campanha venceu a eleição, para o quadriênio 1961-1964,
mas teve o mandato cassado pela Câmara Municipal, num tumultuado processo, e
acabou sendo substituído pelo vice-prefeito Pedro Ribeiro Gonçalves. (Pedro
Guarda)
No âmbito nacional, os anos 1960 foram marcados por grandes mudanças. O país
ainda se ressentia, e se recuperava da crise de 1961, que havia levado à
renúncia do presidente Jânio Quadros e à adoção de um breve sistema
parlamentarista. Em 1963, o Brasil voltou ao sistema presidencialista, e o
presidente João Goulart assumiu plenos poderes. Numa nova crise política, João
Goulart é deposto e o País passa a ser governado pelos militares.
Foi em meio a esse a esse processo de ebulição
política/econômica que no dia cinco de novembro de 1963, solenemente em Marabá
(PA) era fundada a Loja Maçônica Firmeza e Humanidade de Imperatriz. O nome
homenageia a “Loja Mãe”, a Firmeza e Humanidade Marabaense número 06.
Iniciado na década de
1970, o mestre maçom Carlos Bandeira confirma a informação, e acrescenta que o
início da ordem maçônica em Imperatriz aconteceu dessa forma por conta das
dificuldades de acesso, naquela época, com a maçonaria de São Luís. Além dos
mais, revela ele, as ligações de comércio e negócios de Imperatriz, aconteciam
era com a cidade de Marabá. A afinidade
era maior, segundo ele. Outro mestre maçom nascido na Firmeza Imperatrizense
Nelson Bandeira, confirma a informação.
A caminhada- A reportagem apurou que naquela época alguns jovens senhores da cidade já integravam a ordem, mas as reuniões aconteciam, uma vez por mês, na Loja Maçônica Firmeza e Humanidade Marabaense número 06, na cidade de Marabá (PA).
Hoje, para vencer de
carro os 234 quilômetros até Marabá, demora-se 3 horas e 46 minutos. Naquele
tempo, a maneira mais fácil de se chegar àquela cidade, ou era pelas águas do
Rio Tocantins, ou nos pequenos aviões. Mesmo com dificuldade de acesso, os
iniciados de Imperatriz conseguiam se deslocar até a cidade paraense, e assim
participar das reuniões.
O que se depreende do que já foi publicado a respeito, é que a
atitude dos jovens maçons da cidade, pelo que se informa, iniciados em 1962,
entre eles Renato Cortez Moreira, José de Ribamar Cunha, Moacir
Campos Milhomem, Coriolano Milhomem, Aderson Baiano da Silva, Josino Gomes
Bandeira e Enéas Fontinele Bastos, sensibilizou a Grande Loja do Estado do Pará, que assim outorgou-lhes a autorização para
fundar a ordem maçônica em Imperatriz.
Foi assim, que os motivados senhores em 5
de novembro de 1963 fundaram a Loja Maçônica Firmeza e Humanidade
Imperatrizense, a primeira Loja Maçônica em solo imperatrizense, com reflexos em toda a região.
Um fato curioso revelado pelos mestres maçons
Carlos e Nelson Bandeira, e confirmado em uma peça histórica apresentada em
loja em 2010, pelo mestre maçom Anderson, é que para que a fundação da ordem
pudesse se tornar uma realidade em Imperatriz, os jovens Renato Cortez Moreira,
José de Ribamar Cunha, Moaci Campos Milhomem, Coriolano Milhomem, Aderson
Baiano da Silva, Josino Gomes Bandeira e Enéas Fontinele Bastos, num único dia, foram
iniciados, elevados e exaltados. Um fato histórico, até hoje considerado raro,
e que só teria ocorrido, até então com o imperador do Brasil, Dom Pedro I.
Conhecedor da história da
loja, Carlos Bandeira revela que inicialmente os obreiros da recém criada loja
maçônica se reunião numa casa alugada ali na hoje Rua XV de Novembro (Avenida
Frei Manoel Procópio) e ali permaneceu até deixar os auspícios da Grande Loja
Paraense e se incorporar ao Grande Oriente do Maranhão. Dessa forma, do dia 13
de maio de 1966 em diante, já como Grande Oriente, a Loja muda de endereço
próprio, passando a funcionar na Rua Godofredo Viana, próximo ao antigo Clube
Tocantins.
“Posteriormente o imóvel foi
vendida para fazer caixa para que fosse construída a sede definitiva” revela
Carlos Bandeira
Pedra fundamental –
Fora a fundação, em cinco de novembro de 1963,
e a mudança de potência em 13 de maio de 1966, outro ano importante para a
Firmeza dos 60 anos, foi 1969. Naquele ano, sob o veneralato de Pedro Ramos
Rocha, foi lançada a pedra fundamental para a construção do templo. Cinco anos depois,
e em 15 de dezembro de 1974, sob a liderança do Venerável Mestre Ubirajara
Parreira, o templo foi consagrado em seu terceiro e atual endereço na Rua
Coriolano Milhomem, nº 1345 – Praça Tiradentes.
A FIRMEZA HOJE
Atualmente a Loja Maçônica
Firmeza e Humanidade, que se reúne às quintas-feiras, conta com mais de 40
obreiros. Em seus quadros estão pequenos e grandes comerciantes, empresários,
industriais, representantes comerciais, vendedores, profissionais liberais, e
professores.
O atual venerável mestre José
de Ribamar Cunha Filho, (Ribinha Cunha) que é filho de um dos fundadores, ressalta que
ao longo de todos esses anos, a Firmeza, com a discrição que a ordem exige, tem
contribuído, em todas as áreas, para o crescimento e o desenvolvimento de
Imperatriz e região, e até do Maranhão.
Segundo ele, a maçonaria tem o
condão de gerar líderes, cada um nas suas áreas de atuação. Dessa forma, da
loja já saíram vários vereadores, secretários municipais, prefeitos,
vice-prefeitos, deputados; além da formação de diversas lideranças classistas e
empresariais.
“Nossos irmãos estão em todos os lugares
sempre influindo para a formação de uma sociedade mais justa, fraterna e
igualitária” destacou o venerável mestre.
Em um artigo alusivo aos 60 anos da Firmeza, Ribinha Cunha ressalta a satisfação de comandar a loja nesta data, para ele histórica, simbólica e sentimental.
“Eu, como tantos
outros, somos frutos dessa Mãe que aqui foi acolhida há exatos 60 anos. Impossível
disso não se orgulhar, já que meu pai José de Ribamar Cunha, foi um dos
primeiros filhos gerados nessa jornada inacabada. Somos sabedores que muito
ainda temos que caminhar na busca pela tão almejada Perfeição”. destacou.
Para o venerável mestre
naqueles tumultuados anos, de grandes transformações no País, não deixa de ter
sido um ato de coragem e desprendimento, aqueles jovens senhores, diante de
todas as dificuldades, terem fundado a ordem maçônica em Imperatriz e dessa
forma, mudado os rumos da cidade e da região.
“Quando olho a
fotografia de tantos momentos históricos, fico a imaginar o impacto daquele
acontecimento na distante Imperatriz dos anos 1960, desde aquela época, uma
Cidade com muitas dificuldades e carências. Fundar a ordem maçônica em
Imperatriz naquele tempo, foi realmente um ato de muita coragem”, completou
Ribamar Cunha Filho.
Sobre as comemorações aos 60
anos de fundação da firmeza, o venerável informou que nos próximos dias será
realizada uma reunião conjunta, dia 30 de novembro, com todas do macropolo, o
lançamento de um livro sobre a Firmeza e maçonaria da região tocantina e ainda
um documentário.
“Temos muito o que comemorar,
temos muita obra pela frente”, concluiu o venerável.