3/25/2023

As facções chegaram, e a próxima vítima pode ser você ou alguém da sua família


ElsonMAraujo

No início desta semana ao rever arquivos antigos de áudio, vídeo e textos, hábito que alimento há muitos anos, porque além de me ajudar na formatação de ideias para novos temas textuais, não permite que eu esqueça daquilo que faço questão de não esquecer, me deparei com um documentário sobre a evolução do crime organizado na cidade do Rio de Janeiro, nos tempos do lendário delegado Hélio Luz. Fenômeno que começou, nunca mais parou, e nem tem expectativa de ser posto a termo.

O documentário mostra como aos poucos, na maciota, debaixo da leniência das autoridades da época, o crime tomou conta dos morros carioca e estabeleceu ali, a olhos e ouvidos moucos, o que os estudiosos passaram a chamar de um modelo de "estado paralelo" no instante em que, esse “estado paralelo”, passou a assistir as comunidades com pequenas benesses, e ao mesmo tempo ganhar dinheiro com a exploração  clandestina dos serviços de telefonia, gás de cozinha, transporte de passageiros e, a atividade principal, o tráfico de drogas.

O documento audiovisual mostra que mesmo sabendo de tudo, as autoridades nada fizeram porque até aquele momento a coisa estava circunscrita aos morros. As ações efetivas de combate só começaram quando os morros começaram a interagir com o asfalto, aí o "caldo” já estava derramado.  O resumo disso é que até hoje o Rio de Janeiro tenta desorganizar o crime no seu território, mas não consegue. Para as autoridades, ONGs, serviços religiosos subirem os morros, passam por um rígido protocolo ditado pelos facões, e às vezes nem conseguem o acesso.

A cidade maravilhosa acabou por se tornar um modelo, ou seja, um caso de sucesso para o avanço do crime organizado no resto do país.  A reprodução do que passou a se chamar de facções e comandos passou a ser uma prática comum no Brasil.

O caso do Rio, como já disse, virou modelo para o resto do País. Veja, por exemplo, o que a mídia tem mostrado no Rio Grande do Norte, onde as facções há mais de duas semanas “vêm tocando o terror”.

Agora, vamos tratar da nossa Imperatriz!  Recentemente a cidade começou a ser abalada por uma série de assassinatos, principalmente de jovens, recém chegados à adolescência. Crimes supostamente conectados com as chamadas facções. Supostamente, porque apesar de já ser uma verdade contada em Verso e Prosa, pela comunidade local, ainda não houve nenhum pronunciamento oficial por parte das autoridades.

 Confesso que a princípio imaginei que essa história de facção, na maior e mais importante cidade do Maranhão, era uma cruzeta de alguns delinquentes querendo aparecer. Ou seja, uma ficção. Mas, como diria aquele famoso meme da internet “não é não, não é cruzeta, não”.  Embora ainda não tenha havido uma manifestação oficial, o crime organizado, por meio das operações das facções, é uma realidade nas barrancas do Rio Tocantins.  Diversos jovens, alguns quase crianças, estão sendo recrutados e postos em ação sendo, e muitas vezes fazendo vítimas.   Uma preocupação a mais, fora a buraqueira do período chuvoso, que hoje é o assunto que mais domina a cidade.

É bom frisar que minha dúvida quanto à existência, ou não, dessas facções em solo imperatrizense foi dissipada quando, preocupado com a situação, alcancei por telefone uma autoridade local.  

- Doutor,  a  cidade precisa fazer alguma coisa! Estão matando nossos jovens. Qualquer um pode ser a próxima vítima. É preciso que se faça algo, enquanto há tempo. Outra coisa, esse negócio de facção é verdade, mesmo?

Do outro lado, a autoridade também demonstrou preocupação. Concordou que uma ação pública precisa ser feita e confirmou que de fato, as facções já dominam alguns bairros de Imperatriz. Disse ainda que da sua parte, além de uma eventual provocação, nada poderia ser feito já que qualquer ação nesse sentido deve ser formatada coletivamente pelas instituições da cidade afetas a esse tipo de situação.

Por último, a autoridade sugeriu que houvesse uma provocação geral por parte da imprensa com o objetivo de chamar atenção, não só para as sucessivas ocorrências, mas para uma tomada de providências, enquanto ainda resta tempo.

-Você também milita na imprensa, provoque um debate- encerrou a autoridade. Agradeci a gentileza da atenção e me recolhi mais preocupado ainda, porque pela primeira vez, mesmo informalmente, ouvi de uma autoridade local que realmente as facções dominaram, ou estão dominando, a princípio, os bairros de Imperatriz.

Grosso modo, os bairros da cidade poderiam ser equiparados aos morros do Rio de Janeiro.  A coisa ainda é incipiente, mas imagine a grande quantidade de crianças e adolescentes da cidade  que hoje estão sem fazer nada. Muitos, não tenho número, fora da escola. Pior, não se tem notícia da efetividade de nenhuma política pública, partindo dos três entes federativos, para recepcioná-los. O que ainda existe é desenvolvido pelas igrejas, algumas poucas ONGs, e em menor número pela iniciativa privada.

Na ociosidade, nossos garotos se tornam alvos fáceis para o recrutamento das facções. Alvos, que como já demostrado, em algumas ocasiões, transformam outros jovens (pessoas) em outros alvos.

E agora, Imperatriz?

 


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